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Terça-feira,
17/4/2007
Vida de aspirante a escritor
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Todo dia ele faz tudo sempre igual: é acordado às onze e meia da manhã, pelo despertador do celular que mal funciona, já tá velho e só faz vibrar. Todo dia ele desce para almoçar, mas se pudesse dormia um tanto mais. Ainda tem que dar bom-dia pra todo mundo, mesmo sabendo que nada de bom o dia terá.
A comida é sem sal, a conversa a mesma. Come a sobremesa e volta para o quarto. Olha o monte de livros empoeirados e um monte de papel amontoado. Nada dali que possa aproveitar, textos que nunca na vida vai usar; ele senta no pufe, olha para o teto e se contorce na posição de feto.
Todo dia a tia faz cara feia pr'o horário em que ele acordou. Se soubesse que ele só se levanta por causa do despertador... Se deixassem ele dormia o resto da vida. "Menino, isso não é jeito de viver", essas coisas que diz toda tia-avó, que não teve filho pra cuidar. Ela sempre descontou nos filhos dos outros. E ainda pergunta o que ele vai querer jantar, mesmo sendo ainda meio-dia. "Como posso saber o que vou querer comer?"
Todo dia ele só pensa em poder parar, com essa vida sem trabalho e sem dinheiro. Sente falta do jornal toda manhã e abre uma revista como se ela fosse um pauteiro. Todo dia ele lê umas três publicações, quando enche o saco abre um livro e depois, então, liga a TV, se não tem telejornal assiste um DVD.
Seis da tarde, como era de se esperar, ele já se cansou da sua vida. Mas em vez de dormir liga o computador e fica na Internet até o outro dia. Nessas madrugadas ele vê o quanto não rendeu e se arrepende de não ter feito um pouco mais. Então se entristece, que depressão, quando acordar será mais um dia igual.
Todo dia ele faz tudo sempre igual: é acordado às onze e meia da manhã, pelo despertador do celular que mal funciona, já tá velho e só faz vibrar. Todo dia ele desce para almoçar, mas se pudesse dormia um tanto mais. Ainda tem que dar bom-dia pra todo mundo, mesmo sabendo que nada de bom o dia terá.
André Julião, no seu blog, Um baiano em Campinas (porque ele Comenta o Podcast #0.1...)
Postado por Julio Daio Borges
Em
17/4/2007 à 00h16
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