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Terça-feira,
22/10/2013
O Valhalla em São Paulo
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Na mitologia nórdica, o Valhalla era o paraíso para onde a alma dos guerreiros mortos em combate eram levadas, conduzidas pelas Valkyrias. Nesse fim de semana, tal paraíso desceu aos palcos da Sala São Paulo para aqueles que foram ouvir a Orquestra Sinfônica Finlandesa de Lahti, em sua primeira apresentação no Brasil, e sua solista, a violinista Elina Vähälä.
Na noite de sábado, o programa iniciou com a abertura Manfredo, de Robert Schumann (1810-1856), música incidental sobre obra homônima de Lord Byron (1788-1824). De acordo com o programa, Schumann - filho de um livreiro que traduziu Byron para o alemão - chorou e passou noites em claro depois de ler Manfredo, peça escrita por Byron após a crise de seu casamento com Annabelle Milbanke, sob acusações de incesto com sua meio-irmã, Augusta Leigh. No texto byroniano, Manfredo, por coincidência, arde de amores por sua meio-irmã... Mad, bad and dangerous to know (Louco, mau e perigoso de conhecer), como a pessoa de Byron foi sintetizada por uma de suas amantes, Lady Caroline Lamb. A sonoridade da orquestra mostrou-se à altura do romantismo exasperado que inspirou a partitura.
Dando continuidade ao programa, o concerto para violino nº 1 em sol menor, op. 26, do compositor alemão Max Bruch (1838-1920). Só a poesia de Lord Byron é que estaria à altura para descrever a solista, Elina Vähälä, no palco da Sala São Paulo:She walks in beauty, like the night/Of cloudless climes and starry skies (Ela caminha em beleza, como a noite/De clima sem nuvens e céu estrelado). Linda e elegante, Vähälä trouxe consigo o paraíso - o nórdico Valhalla -, com sua interpretação magistral, carregada de expressão. Cada compasso com seus músculos, nervos e tendões. E a beleza edênica da música, da grande sala de concerto e da bela solista que se encarregou da interpretação.
Após o intervalo, a Sinfonia nº 5 em mi bemol maior, op. 82, de Jean Sibelius (1865-1957), o mais festejado compositor da Finlândia. Porém, por mais correta que estivesse a orquestra, em alguns ouvidos ainda ecoavam as notas do concerto de Bruch, com seus solos enérgicos de violino e o som da orquestra em tutti.
Fundada em 1910, apenas na década de 1990 a Orquestra Sinfônica Finlandesa de Lahti (cidadezinha a menos de uma hora de Helsinque) começou a excursionar de forma sistemática nos palcos internacionais. Atualmente, com mais de 60 CDs gravados, além de premiada, é um sucesso de crítica.
Por sua vez, a carreira de Elina Vähälä - nascida nos Estados Unidos, mas criada na Finlândia - está intimamente ligada à trajetória da orquestra. Tendo iniciado seus estudos aos três anos, aos 12 com ela tocou pela primeira vez. Pouco depois, foi chamada para ser sua jovem solista, dando início a uma parceria que dura até o presente.
A Orquestra Sinfônica Finlandesa de Lahti apresentou-se duas vezes na Sala São Paulo (sábado e domingo passados), como penúltima atração da série de concertos da Sociedade de Cultura Artística, temporada de 2013. Os concertos de encerramento, nos dias 2 e 6 de novembro, irão contar com a apresentação do grupo Combattimento Consort Amsterdam. No programa, obras do período clássico e barroco (Mozart, Rameau e Haydn).
A seguir, a gravação de trecho do concerto para violino nº 1 de Max Bruch (opus 26), na interpretação da Orquestra Sinfônica Finlandesa de Lahti, sob a regência de Okko Kamu, tendo como solista a mais que talentosa Elina Vähälä, que levou platéia paulistana às alturas. A gravação do trecho, disponibilizada pela própria orquestra, infelizmente é cortada de modo abrupto antes do final.
Postado por Eugenia Zerbini
Em
22/10/2013 à 00h03
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