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Quinta-feira,
29/10/2015
Impacto no escuro
Cassionei Niches Petry
+ de 1200 Acessos

(Resenha originalmente publicada em janeiro de 2010.)
A escolha do ponto de vista é muito importante para o desenvolvimento de qualquer narrativa, seja um filme ou uma história em quadrinhos, por exemplo. Nas narrativas literárias muito mais ainda, pois pode revelar ou esconder fatos, instigando o leitor e, principalmente, prendendo-o até a última página. Em Dom Casmurro, um dos mais importantes romances da literatura brasileira, Machado de Assis opta pelo narrador em 1ª pessoa, pois quem conta a história é Bentinho, o protagonista. Devido a isso, ficamos sabendo dos fatos só pelo ponto de vista dele e, consequentemente, não sabemos se Capitu realmente o traiu ou não com seu amigo Escobar, apesar de ele afirmar isso o tempo todo, inclusive achando seu filho idêntico ao outro. Não poderia estar imaginando coisas? É o conhecido "enigma de Capitu", que até hoje provoca debates nos meios literários.
Altair Martins escreveu A parede no escuro (Record, 253 páginas) para tentar entender os mecanismos do narrador, servindo até como base para sua dissertação de mestrado na UFRGS sobre o tema. Para tanto, utiliza vários pontos de vista ao contar a história de Adorno, padeiro que mora em uma cidade próxima de Porto Alegre, que é atropelado em uma manhã chuvosa. O acidente é só o ponto de encontro entre as vidas que vão se cruzar. Logo vem à mente do leitor com mais bagagem literária romances como Caminhos cruzados, de Érico Veríssimo. Mas a história do consagrado escritor é toda em 3ª pessoa, focando diferentes personagens e se espraiando em capítulos longos. O mais próximo do romance de Altair seria Enquanto agonizo, de Willian Faulkner, em que cada capítulo é narrado por uma personagem diferente. No romance de estreia de Altair Martins, os personagens contam os fatos na 1ª pessoa, porém as mudanças de narrativa ocorrem na mesma página de forma abrupta, requerendo um leitor atento às vozes de cada personagem, cada uma com características peculiares, tiques de falas ou repetições de determinadas expressões, relatando uma mesma cena em perspectivas diferentes.
Além da fatalidade ocorrida com o padeiro, outras questões humanas são abordadas na história. Sentimos as angústias religiosas de sua mulher, Onilda, sempre invocando a Jesus Cristo. A tentativa da filha, Maria do Céu, de se acostumar a viver fora de casa e encarar sua escolha sexual. Outros personagens acabam se cruzando, mas o mais importante é Emanuel, um típico professor de Ensino Médio em uma escola particular, vivendo os problemas da profissão, as relações conflituosas com seus alunos e os pais deles. Acompanhamos sua angústia por um ato grave que cometeu. Ele, que era tão preocupado pela ordem das coisas (tinha mania de arrumar tudo que estava fora de lugar), acaba tendo que se deparar com a culpa dostoievskiana pelo ato ilícito.
Não é um romance que facilita a leitura. Aliás, Altair Martins nunca quis ser um escritor fácil, como já demonstravam seus livros de contos Como se moesse ferro e Se choverem pássaros. Não fossem essas reflexões existenciais dos personagens, o romance se perderia no emaranhado das técnicas narrativas propostas pelo autor, pois a boa literatura não é apenas o trabalho elaborado da palavra, mas também uma reflexão sobre os dramas humanos. A sensação ao terminar a leitura? Parece que fui atropelado ou dei de cara em uma parede no escuro.
Postado por Cassionei Niches Petry
Em
29/10/2015 às 14h55
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