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Segunda-feira, 11/4/2005
Vivendo e digerindo bem
Ana Elisa Ribeiro
+ de 1300 Acessos

Andei por trilhas musicais, coreográficas, marciais e literárias. Numa destas últimas, apostei na formação de bacharel em Letras e encarei uma dura caminhada pelas veredas da edição. Trabalhei em várias editoras mineiras e, numa delas, que me deu o posto mal-definido de Gerente Editorial, aprendi muita coisa sobre desorganização e falta de planejamento. E ainda que a vida profissional fosse sempre isso, a vida de escritora acontecia num mundo à parte, muito mais agradável e surpreendente.

Uma dessas surpresas foi conhecer certas meninas que se formavam em jornalismo e queriam uma entrevista cheia de clichês. Os temas faziam parte de uma ciranda cheia de fetiches sobre livros, poemas e processos de criação. Dei a entrevista e ainda deixei que tirassem foto. A matéria não chegou a me deixar em êxtase, mas a foto ficou bonita. Lamentei somente que a resolução era baixa e eu não podia imprimir.

O jornal laboratório voou longe. Chegou a São Paulo e um editor chamado Julio Daio Borges leu. Eu era a única moça entre tantos homens, como sempre foi. E então o editor do Digestivo Cultural, site do qual eu apenas ouvira falar, me deu um simpático e sedutor telefonema, em que me convidava a ter uma coluna sem periodicidade determinada.

Achei a idéia atraente. Já havia sido colaboradora de alguns sites de cultura e gostava da experiência de ter um nicho na Internet onde escrever o que eu quisesse. Mas esta era minha única condição: apenas o que eu quisesse. Se o editor me pedisse datas, eu não aceitaria, porque isso não se faz com um escritor que depende de outras coisas para redigir, um escritor que vive do que observa, e pode não observar nada digno de nota em uma semana ou quinzenalmente. Ou pode observá-las de cinco em cinco minutos e vivê-las como se fossem as últimas.

O editor foi muito compreensivo. Queria uma escritora no staff. Não me surpreenderam suas vênias. Mas eu não me sentia tão fora do ar assim. Aceitei o convite porque haviam me dito que o site era bom, bem-elaborado, bem-organizado. Um amigo muito querido havia concluído a pós-graduação com uma monografia sobre o Digestivo Cultural. E o link estava lá no site, quando passei para conferir.

Aceitei o convite. Iniciei uma coluna e aprendi a operar na interface de atualização dos colunistas. Ganhei login, senha, foto, um grande amigo.

E alguma coisa me dizia que era o lugar certo. O editor jamais me importunava com pendências, chatices, datas. Apenas uma vez me deixou em cólicas por ter alterado um título, que era meu ponto de honra. E mesmo assim eu resolvi manter certa periodicidade. O estilo mudava, ele saqueava meus blogs para surrupiar textos literários que ele dizia que eram contos. E nós dois vivíamos nos aplicando textos. E eu me tornei articulista, depois resenhista, depois contista. E o editor acompanhava as metamorfoses, não sem se chatear vez ou outra.

O fato é que desde 2003 o Digestivo Cultural está entre meus compromissos mais prazerosos. De quinze em quinze dias faço questão de ter uma coluna fresquinha, em sua maioria escritas entre uma observação e outra do cotidiano de uma moça mineira que trabalha muito e escreve cada vez menos.

Mas o Digestivo está lá. Muita vez escrevo cinco colunas e deixo armazenadas. Penso: não preciso me preocupar até daqui a dois meses! Mas vai lá o editor e condensa tudo. Em um mês minha reserva se acabou e preciso apurar mais o olhar para o que acontece (ou não acontece) em volta.

E esse treinamento de olhar ao redor sempre, de escrever muito e de dialogar com editor, colegas e leitores faz um bem danado para a alma e a torna quase transparente. A ferrugem que dá nos livros publicados, a sensação de que aquilo não tem mais a ver comigo não acontece no site. Mas, paradoxalmente, o site guarda um histórico que não está nos outros lugares. Um histórico bom de lembrar, como um álbum de fotografias reveladas em casa.

O Digestivo Cultural estoca textos que escrevi no auge de uma solteirice muito intensa, uns retratos em Polaroid que tirei de casos fictícios que fingi que não vivi. E também guarda uns acontecimentos que mudaram tudo em minha vida e em minhas colunas, que às vezes se confundem.

Julio Daio Borges foi um dos primeiros a saber da minha gravidez abrupta e acompanhou a gestação com interesse de cientista, mas também de amigo preocupado. Esteve comigo em ligações telefônicas em que eu irrompia com minhas impressões nada românticas sobre a forma de reprodução humana, mais animal do que muitas outras. E ele queria que eu fizesse um especial "grávidas", que nunca saiu, porque não assumi o risco de ser apedrejada pelas mamães de plantão, quase todas mais carinhosas do que eu, esta poeta de alumínio.

E então escrevi uns textos sobre umas sensações e tudo mudou e Julio Daio Borges veio reivindicar aquela pegada textual que o havia seduzido e que não existia mais. E eu abri os olhos dele: eu sou outra, mas a mesma. Eadem mutata resurgo, Julio.

E a coluna do Digestivo Cultural ficou sendo minha posse mais afetiva, onde me vi cara a cara com uns leitores e de mãos dadas com alguns colunistas. Com outros, vivo uma antipatia quase amorosa. A única vez que vi Julio Daio de perto foi num restaurante em São Paulo, onde não pudemos ser escritores. E lá observei os trejeitos do meu editor e me esforcei para torná-lo menos virtual.

Sempre gostei muito de espirais. Nunca soube o porquê da minha fixação, mas era o desenho que eu sempre fazia nos blocos que ficam perto do telefone e era a tatuagem que eu queria ter e nunca tive. Também as espirais estão em pelo menos cinco blusas que comprei em lugares e épocas diversos. Também estão em vários colares e em uns tantos anéis. Na roupa de cama e até nos sapatos do meu filho. Sempre que eu olho uma coisa que me agrada, se procuro, encontro um desenho de espiral. E isso sempre me deixou inquieta. Até que estive com um dicionário de símbolos nas mãos e eis que me lembrei de olhar que sentido pode ter uma espiral. Está lá: movimento da vida, ambigüidade, de cima para baixo ou de baixo para cima, algo que muda sempre e é o mesmo. Era eu, que estarei sempre aqui, mudada pelas coisas que eu vivo sem restrições, mas a mesma, porque há algo de sólido em se viver com intensidade, mesmo quando parece que não saímos do lugar. As pessoas dignas de afeto se mantêm, embora o jeito mude.


Ana Elisa Ribeiro
Segunda-feira, 11/4/2005

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