Digestivo nº 237 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

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DIGESTIVOS

Sexta-feira, 29/7/2005
Digestivo nº 237
Julio Daio Borges
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+ 1 Comentário(s)




Literatura >>> Imperador da língua
Por problemas de comunicação, a poesia está muito, muito longe das pessoas. As pessoas, na verdade, terminaram por se conformar com derivações várias, que vão desde uma letra de música popular até slogans (e jingles) de publicidade. As mídias coexistem, claro, e não devem ser atacadas por serem “formas menores” (são também válidas), mas a poesia – que hoje habita quase nenhum lugar – terminou por perder seu status e seu espaço. É preciso recuperar. Quem fez justamente um trabalho nesse sentido foi o professor João Adolfo Hansen, em seu curso de Poesia Moderna Brasileira, no último mês de junho, na Casa do Saber. Quem conhecia o professor Hansen da “Letras” da USP, já sabia de sua conversa tão agradável (e ao mesmo tempo grave e séria) sobre literatura brasileira. Só ele pode evocar personagens, a exemplo dos Andrades do modernismo, como se tivesse convivido com eles. A nossa vontade é lhe perguntar: “Mas você estava lá, professor?”. Hansen percorreu, em quatro aulas, de Manuel Bandeira a João Cabral de Mello Neto, passando por Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes (se tivesse tempo, confessou, incluiria “Cecília” também – “Aliás, ela foi sua amiga, professor?”). Sempre partindo de um resumo biográfico profundo, que se pautava por uma precisão de datas e de fatos, de maneira enciclopédica como nem o Google, o professor revisitou as inspirações (e os alumbramentos) de Bandeira, a angústia (e o “alto” e o “baixo”) em Drummond, a poderosa transcendência (e até o misticismo) em Murilo Mendes e, por fim, a engenharia (e a peculiaridade antimusical) de João Cabral. Hansen podia ser erudito de uma maneira inebriante, em determinado momento, e, de repente, no meio de uma leitura, se emocionar pela milionésima vez (e de novo), e soltar assim bem coloquial: “É barra...”. Estava doando, como em décadas de magistério, um pouco de sua porção humana. Quando perguntado se cometeu também poemas – tamanha a sua identificação com esse universo – retorquia com uma frase de Guimarães Rosa: “A juventude é uma coisa pra esquecer...”. Sim, mas não uma juventude embalada pelas palavras do professor Hansen. [Comente esta Nota]
>>> Casa do Saber
 



Música >>> Marte
Foi uma noite de gerações. De um lado o maestro Benjamin Zander que, quando jovem, recebeu lições do compositor Benjamin Britten; de outro, possivelmente a orquestra mais jovem e brilhante que já pisou no palco da Sala São Paulo, a Youth Philarmonic Orchestra, do New England Conservatory. Detalhe: tocando um programa que ia de Strauss a Stravinsky... Porque uma coisa é Zander regendo um repertório considerado difícil (ao menos, para os ouvintes), e usando para isso toda a tradição que pessoalmente recebeu dos velhos mestres; outra, completamente diferente, é a juventude no frescor de seus agitados 12, 13, 14, até, no máximo, 18 anos, fornecendo novas interpretações para o Don Quixote, de Strauss, e para A Sagração da Primavera, de Stravinsky. Foi dentro da Temporada 2005 do Mozarteum Brasileiro. Era belamente irônico. Enquanto a platéia, em idade adulta, acompanhava sobressaltada toda a fúria da Sagração, os músicos, em idade pra lá de jovem, pareciam perfeitamente à vontade dentro do aparente “desconforto” da mesma peça, depois de um século de barulhentas canções pop e da rebeldia ruidosa do rock’n’roll. A antiga condessa de Pourtalés que, na estréia da célebre composição, em 1913, quase quebrara o leque na cabeça do compositor (que por sua vez fugiu para os bastidores), observaria hoje embasbacada a familiaridade com que a adolescência do New England Conservatory manejava melodias e acordes, no mínimo, perturbadores. Mesma coisa com o Don Quixote: se, para adultos, parecia um verdadeiro tour de force acompanhar uma a uma as variações, para os jovens, era relativamente fácil deslizar tanto pelo tema quanto pelos seus desdobramentos todos. Completou o cardápio, Maurice Ravel. Sua Rapsódia Espanhola foi um aperitivo para esses conflitos tão saborosos. Ficou a cargo da imaginação o espetáculo que deve ter sido ver e ouvir a abertura Romeu e Julieta, de Tchaikowsky, e a suíte Os Planetas, de Gustav Holst, apresentadas no dia posterior. As velhas gerações devem ter igualmente se remexido nas cadeiras, enquanto que as novas devem ter flutuado com o maestro veterano... Só a grande música é capaz dessas coisas. [Comente esta Nota]
>>> Mozarteum Brasileiro
 



Artes >>> Gratitude
Que saudade da nossa familiaridade com as artes plásticas, que foi varrida pra debaixo do tapete, depois de décadas de dominação do audiovisual... Felizmente, entre os saudosos – também para o nosso conforto e a nossa salvação – estão os idealizadores do Chakras, restaurante e espaço cultural no coração da Melo Alves. Lá esteve, por exemplo, em pessoa, Antonio Peticov, com toda efusividade de um passado rocker, que lhe é peculiar, desdobrando em telas literalmente (e perfeitamente) surreais, que permanecem lá, nas paredes da IQ Gallery. Peticov destila sonhos, com títulos em um inglês quase íntimo, proporcionando vertigens aos fluidores e entusiasmando colecionadores hoje praticamente desaparecidos da paisagem (semanas depois já haviam arrematado algo)... E por lá igualmente circula, sempre às segundas-feiras à tarde, um paciencioso Sérgio Gregório. Gregório, com intervenções plásticas dentro e fora do território nacional, com um amplo leque de experiências mestre-discípulo, comanda no Chakras, há meses, o Curso de Modelo Vivo. Faça calor ou faça frio, a moça (a quem Freud dizia que se deveria sacrificar até os móveis – fogo neles! – para aquecê-la) está lá, para posar, e incutir nos alunos as linhas, as curvas e os contornos do corpo humano. Munido de papel e carvão, o praticante ensaia seus passos em riscos fortes e frágeis, sempre contínuos, enquanto Gregório dirige o próximo movimento, a próxima direção, sem dizer o que é certo e o que é errado, sem nunca conduzir o candidato pela mão, comme il faut. São algumas tentativas durante a tarde que corre, regada a um prosecco estonteante (água ou café – o que se quiser tomar), onde a modelo gira o corpo, ensaia uma nova posição, interage com peças várias, e assim um novo desafio sempre se coloca. Muitas voltas da mão, muitos olhares enviesados depois, até nos convencemos de que damos para a coisa (e de que podemos tentar ajudar a salvar do esquecimento as mesmas artes plásticas...). Nesse momento, o mundo lá fora se evaporou, e com ele as urgências, os problemas, as preocupações. Do Chakras, ninguém vai sair imediatamente pintor (nem marchand, nem crítico de arte), não é essa a intenção. Mas se acontecesse, ninguém iria estranhar. [Comente esta Nota]
>>> Chakras: Antonio Peticov | Sérgio Gregório
 
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>>> Cafés Filosóficos
* Uma janela para o céu
Ulisses Capozzoli
(Qua., 3/8, 19h30, CN)

>>> Noites de Autógrafos
* Public-Private Partnerships in Brazil
Eliana Maria Filippozzi (org.)
(Ter., 2/8, 18h30, CN)
* As estrelas que eu toquei
Márcia Rocha Cristioglu
(Ter., 2/8, 19h30, CN)
* Os segredos do vinho
José Osvaldo Albano do Amarante
(Qui., 4/8, 18h30, CN)
* Projeto de sistemas de comunicações ópticas
José Roberto de Almeida Amazonas
(Qui., 4/8, 18h30, CN)

>>> Exposições
* Exposição de José de Lira
(de 1º a 15 de agosto, das 9 às 22 hs., CN)

>>> Shows
* West Coast: O jazz na costa do Pacífico - Traditional Jazz Band
(Sex., 5/8, 20hs., VL)
* Espaço Aberto - Lua de Prata
(Dom., 7/8, 18hs., VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
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Julio Daio Borges
Editor
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
7/8/2005
23h34min
Boa observação sobre a poesia atual, tristemente envolvida, na imensa maioria dos casos, com esteticismos. Para uma mudança de ares, ler Tagore e Blake, mostra que a poesia pode estar bem proxima 'as pessoas. O Gita, indiano, e tambem uma musica, um poema, que esta no dia-a-dia das pessoas, esta' proximo 'a vida de cada um ao mesmo tempo que vive um pouco longe.
[Leia outros Comentários de Ram]

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