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Domingo, 6/7/2008
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Redação
 
Flip 2008 ― III

Sábado foi o dia em que o público esteve mais presente junto dos autores convidados da Flip. E isso se deve não somente ao fato de as palestras terem sido bem conduzidas por parte dos mediadores, mas, principalmente, porque, ao que parece, a audiência realmente esperava pelos palestrantes do dia. O exemplo mais contundente dessa situação, sem dúvida, foi o acontecimento Neil Gaiman. Tamanha era a expectativa, que a mesa de Pepetela quase não foi comentada ao longo do dia nas ruas de Paraty. E próximo das 19h, os atendentes da Livraria da Vila reclamavam, entre atônitos e eufóricos, que um dos livros do autor estava esgotado no estoque.

O que poderia ter dito Gaiman para atrair tanto magnetismo? Falou, entre outras coisas, sobre a relação entre cinema e literatura. Junto com Gaiman, Marcelo Tas (na mediação) e Richard Price tentavam dividir as atenções. Tarefa ingrata. O autor de Sandman conseguiu atrair para esta Flip um público distinto daquele que naturalmente participa de uma Festa Literária. É verdade que Gaiman já esperava isso. Na entrevista coletiva, ele afirmou que, quando da sua última visita ao Brasil, o gerente da Fnac teve de intervir para que a loja não fosse quebrada por fãs que não tiveram seus livros autografados. Assim, ele não deve ter ligado que até as 16h30 tivesse de assinar as obras para os fãs.

A seguir, logo depois do almoço, Contardo Calligaris e Alessandro Baricco fizeram da mesa "Fábulas Italianas" um palco para digressão e, sobretudo, justaposição de imagens e referências que apareciam fora do discurso oficial. Sob mediação de um austero (e bem preparado) Manuel da Costa Pinto, Calligaris e Baricco reconstruíram suas raízes literárias, desmontando com elegância as armadilhas do óbvio ― isto é, a participação nem sempre pertinente do público.

(Continua no próximo post).

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
6/7/2008 às 11h53

 
Flip 2008, bastidores II

O número de notáveis (no caso, celebridades do universo da cultura) presentes na Flip 2008 surpreende. De Maitê Proença a Pedro Malan, passando, claro, pelas proto-personalidades, como Marcelino Freire (descolado, como sempre). Na Tenda dos Autores, os assentos reservados transformam a Flip numa espécie de Ilha Fiscal. Em outras palavras, um lugar em que todas as personalidades precisam freqüentar.

Do lado de fora da Tenda do Telão, uma fila de autógrafos insiste em não diminuir. Neil Gaiman parece ter mais fãs que muitos conjuntos de rock. Aliás, há quem diga, aqui e ali, que seu estilo mais se assemelha a um ídolo pop.

E por falar nisso, os autores, finalmente, estão saindo do armário! Calma lá, leitor. Nada da vida privada, mas, especificamente, sobre a "angústia da influência". Nesta tarde, tanto Alessandro Baricco como Contardo Calligaris afirmaram que suas referências não estão somente ligadas à literatura, mas, também, ao cinema, aos quadrinhos e, nas palavras de Baricco, a todo um repertório de imagens acessível hoje em dia. Por seu turno, Calligaris defendeu a literatura como forma de expressão, sobretudo pela capacidade de dizer o essencial.

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
5/7/2008 às 16h14

 
Flip 2008 — II (parte 2)

Continuação do post anterior

Também mediada por Samuel Titan Jr., a mesa "Estética do Frio" foi a mais lúcida até aqui. Martín Kohan, Nathan Englader e Vitor Ramil, por ordem de importância, estiveram soberbos e definitivos. O argentino Martín Kohan, autor do livro Ciências Morais, apontou o propósito de sua obra de forma essencialmente clara, a saber: interessa ao autor descobrir qual é o mecanismo que estimula a obediência. "Por que as pessoas obedecem? Muitas agem assim porque desejam obedecer." Em Ciências Morais, Kohan mostra um pouco desse mecanismo aparentemente sem importância, mas, sem dúvida, essencial. De sua parte, Nathan Englander falou do escritor que deseja ser outro. O deslocamento em sua trajetória, conforme suas próprias palavras, é fundamental, pois dos lugares em que viveu ele conseguiu extrair matéria-prima para sua literatura, ou sobre "como as histórias afetam as cidades". Já Vitor Ramil, insistentemente questionado sobre a relação entre escrita e fotografia, acabou por confessar que sua formação é mais imagética do que livresca. Num daqueles momentos únicos da Flip, um convidado assumiu que a televisão teve um papel fundamental em seu projeto literário.

David Sedaris, o último convidado do dia, foi saudado e celebrado como um dos principais humoristas norte-americanos. O tom da palestra foi sempre irônico, sarcástico até. Sobre o fato de ter sido escolhido humorista do ano pela revista Time, Sedaris riu de si mesmo: "Fui indicado no dia 10 de setembro de 2001. Três dias depois, a revista já tinha outra capa, pelos motivos que todos já devem saber". O jornalista Matthew Shirts, que teve a incumbência de apresentar Sedaris, não teve dúvida em assumir sua postura como parte da platéia. Também, pudera: as sacadas do autor, que considera seus escritos como não-ficção "com algum espaço", tiravam risos até dos tradutores. Piadas à parte, acerca do seu processo criativo, Sedaris esbanjou sinceridade ao afirmar que escrever, para ele, é fazer contas sobre quais palavras ele deve usar quando elabora suas histórias. E a platéia, claro, aplaudiu...

A expectativa para este sábado é, sem dúvida, Neil Gaiman, a despeito de Contardo Calligaris e Alessandro Baricco, cujo lirismo promete encantar os presentes na Flip. Cees Notebom e Fernando Valejo, com bastante polêmica, questionam o consenso na mesa "Paraíso Perdido". Por fim, Tom Stoppard com o rock do Shakespeare. A conferir.

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
5/7/2008 às 11h59

 
Flip 2008 ― II

Há uma semana desta sexta edição da Flip, a revista CartaCapital publicou um longo texto a propósito da natureza da Festa Literária de Paraty. Dizia a reportagem, assinada por Ana Paula Sousa, que a "Era dos Eventos" chegou para ficar. E mais: nessas ocasiões, a literatura é deixada de lado, em detrimento da presença dos autores diante do público, sendo aqueles (os autores) instados a falar sobre temas distantes da literatura, assunto que lhes seria mais natural.

No segundo dia das mesas, Ingo Schulze, em certa medida, concordou com essa premissa apontada pela reportagem, muito embora isso tenha ocorrido de forma indireta. A explicação: o texto que o escritor alemão leu foi o conto "Nada de literatura ou epifania no domingo ao entardecer". Na apresentação dos autores, o mediador, o cineasta Carlos Augusto Calil, fez uma introdução absolutamente esclarecedora dos componentes da mesa, para além de Ingo Schulze. De Modesto Carone, por exemplo, Calil analisou sua obra à luz da perspectiva das formas breves, tema da mesa. Já acerca de Rodrigo Naves ressaltou-se a presença crítica do autor, talvez mais conhecida do que sua obra de ficção. Depois da introdução, aos autores restou tão somente a leitura dos textos, como procedeu Schulze. E nada além disso ― apenas o fato de que a tradução de Schulze, muitas vezes, parecia mais convulsiva do que a própria leitura do autor.

De fato, as intervenções iniciais são, nesta Flip, quase definitivas. Foi o caso, por exemplo, de Samuel Titan Jr., que "presidiu" duas mesas na sexta-feira, 4 de julho. Na primeira, em que estavam presentes o escritor João Gilberto Noll e a cineasta argentina Lucrecia Martel. Titan, que é crítico literário, norteou as discussões por um caminho denso, para dizer o mínimo. Nesse sentido, de um lado, é evidente que a qualidade do debate está garantida, uma vez que o crítico consegue dar significado distinto àquele dado pelo próprio autor. Por outro lado, também é correto afirmar que as perguntas são específicas demais. O resultado, como se viu, foi um João Gilberto Noll tão ensimesmado com o que lhe foi perguntado. Ainda assim, ele respondeu sobre sua relação primal com a literatura. O mais interessante, no entanto, foi a opção de Noll em se desvencilhar da estrutura clássica da narrativa. Segundo ele, a literatura deve estar fora do convívio social. De maneira semelhante, Lucrecia Martel também expôs o formato de sua narrativa: conversação, muito influenciada pelos telefonemas dados por sua mãe. Nas palavras da cineasta, sua influência é menos clássica do que a tradicional.

(Continua no próximo post.)

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
5/7/2008 às 11h58

 
Flip 2008: Vídeos das Mesas







Direto do Blog da Flip, comandado pelo Fabio Danesi Rossi (segundo o Eduardo Carvalho, "Escola Digestivo...").

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Postado por Julio Daio Borges
4/7/2008 às 17h50

 
Flip 2008, bastidores I

Na sala de imprensa, vejo Sergio Rodrigues atendendo a um pedido de Ancelmo Gois, d'O Globo. Eduardo Carvalho também freqüenta o lugar, mas permanece alheio às necessidades dos jornalistas que, ao meu lado, comentam quais mesas devem participar. "Você faz aquela". "O Caco Barcellos não vem". "Preciso mandar o texto para o jornal depois do almoço". Esse tipo de conversa é bastante comum por ali.

Enquanto isso, perto do começo da coletiva com o escritor francês Pierre Bayard ― autor do livro Como falar dos livros que não lemos? ― uma nova categoria de repórteres se faz presente no encontro com Neil Gailman: o jornalista-fã. O autor nem precisou contar piadas para que ganhasse o riso dos que ali estavam para entrevistá-lo. Mais do que isso: ao final, muitos correram para pedir autógrafo. E depois reclamam dos blogueiros...

Na coletiva, Bayard respondeu com ironia à pergunta inicial feita por este repórter: "Por que devemos ler o seu livro?". Para o autor, o importante não era efetivamene ler o livro, mas, sim, comprar o livro. Segundo Bayard, que também assinou romances policiais, o fundamental é que as pessoas, de alguma forma, entrem em contato com a leitura. E, por tabela, rechaçou a idéia do cânone, tal qual defendida pelo crítico Harold Bloom. "São os leitores que devem construir seu próprio cânone", concluiu.

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
4/7/2008 às 16h47

 
Flip 2008 ao vivo (assista!)



Cortesia da Oi, confira aqui a programação, e prepare-se para as próximas mesas.

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Postado por Julio Daio Borges
4/7/2008 às 12h11

 
Flip 2008 ― I

Para quem conhece Paraty de outras ocasiões ― menos literárias, porém não menos atraentes ― a cidade não parece estranha como a capital da literatura nesta sexta edição da Flip, que começou anteontem, dia 2, com a palestra do crítico literário Roberto Schwarcz a propósito do homenageado deste ano, o escritor Machado de Assis. Ao caminhar pela pedregosa Paraty, o que se vê é um lugar totalmente adequado aos acontecimentos ora em curso. Nas ruas, muitas são as pessoas que andam com as camisetas desta e de outras edições; o comércio local, por sua vez, fica sempre pronto a indicar quais são os produtos mais tradicionais; e mesmo nas ruas já existe um mercado informal com os produtos mais afeitos ao público que frequenta a Flip. Assim, se é comum em algumas metrópoles vendedores de CDs piratas, por aqui, em cinco minutos de passeio, é possível ser abordado pelos portadores de um audiolivro. Em outra cidade, isso seria apenas fora do comum; em Paraty, parece natural. Simples assim.

E talvez o maior atestado de que o evento, sim, pegou é não somente a mobilização, mas, também, o fato de que as crianças aderiram à Flip. Prova disso é a programação da Flipinha, que conta com a presença de pais e filhos, estes certamente mais elétricos do que aqueles; contudo, ainda assim, com alguma atenção. Foi o que se viu na apresentação de uma peça que teve início às 18h30 de quinta-feira, dia 3, com direito à música de Chico Buarque e Hino à Bandeira. A compreensão era quase nula para quem estava de fora, mas o tom era de discurso político, de consciência social. Em poucos minutos, a canção "Cálice" soava a partir das caixas de som, e os atores, no palco, performavam. De repente, palmas, muitas palmas. Parece que havia alguma mensagem de fundo. Escrevo "parece" porque, sinceramente, não deu para entender qual era a proposta ― talvez a iniciação das crianças no teatro do absurdo. Vai saber.

Um pouco distante do palco, logo na porta da tenda da Flipinha, é possível ler a mensagem de apresentação sobre a exposição de trabalhos das crianças sobre a obra de Machado de Assis. Em linhas gerais, o texto tratava de questões de fundo, como identidade e alteridade. É a partir daí que a suspeita aventada por alguns se cristaliza, ou melhor, se comprova. A edição deste ano da Festa Literária de Paraty está um tanto mais conceitual e, alguém certamente dirá, mais acadêmica. E é dentro dessa perspectiva que a presença de Roberto Schwarz na abertura faz do evento um acontecimento mais vetusto, uma vez que é um acadêmico, célebre autor de "As idéias fora do lugar", texto que pertence aos clássicos de interpretação do Brasil. Desse modo, na sua intervenção inicial, Roberto Schwarz apontou como a obra de Machado de Assis é fundamental para o entendimento do Brasil. E a palestra do pensador repisou nesses pontos, muito embora tenha se fixado em aspectos não necessariamente abordados com freqüência nos romances de Machado de Assis, como os trechos de abertura e as novas leituras sobre o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Nesse sentido, o que se pode esperar das palestras é um debate intelectual sobre livros e literatura, sobretudo quando o tema for Machado de Assis, tendo em vista a presença de nomes como Sérgio Paulo Rouanet, Lilia Schwarcz, Flora Susskind. E mesmo quando o tema for futebol, José Miguel Wisnik e Roberto DaMatta prometem uma tabela com teor mais abstrato do que o de costume ao falar do ludopédio. E a respeito dos contadores de história, para hoje, a expectativa é a das "Formas breves" de Ingo Schultze e Modesto Carone, bem como da "Estética do Frio" de Vitor Ramil, Martín Kohan e Nathan Englander. Mais notas em breve.

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
4/7/2008 às 11h04

 
Caminho de hamster

Fedendo a cigarro e a mim mesmo
cruzo uma avenida
ao anoitecer
sirenes, carros

vozes abafadas
avenida larga e áspera
numa rua transversal
o cadáver de um cachorro

atropelado
rodas metálicas em ritmo lento
fedendo a esgotos e a mim mesmo
a um pouco de fogo, do isqueiro

fedendo como aquela maçã podre
fedendo a música estúpida
desses tempos
e a mim mesmo

o lixo recolhido exala
um cheiro nítido na calçada
fedendo a sapatos e a mim mesmo
a ratos, ao suor dos néons

a cadeiras e a mim mesmo
a notícias inúteis e a mim mesmo
fedendo sob a lua
narinas entupidas de gás carbônico

o som do motor do ônibus
fedendo as mesmas camisas
fedendo a miopia e a mim mesmo
fedendo a esquinas

exalando cheiros
fedendo a expectativas
que no entanto acabam
na próxima linha

O grande Régis Bonvicino, "fedendo a si mesmo", em as escolhas afectivas.

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Postado por Julio Daio Borges
4/7/2008 à 00h51

 
Música Independente 2.0

O mercado independente de música está crescendo. O que está em queda são as antigas relações gravadora-artista, sobretudo no mainstream. O CD, hoje, é apenas um suporte de divulgação das bandas e, não, sua sustentação principal. Tanto no Brasil quanto na Europa e nos EUA, pequenos selos ganham relevância com artistas alcançando sucesso de público e de crítica. E isso não é conseguido com vendagem de discos e, sim, com uma boa divulgação, shows e, claro, alguma qualidade e criatividade. Para conquistar seu espaço, as bandas novas precisam conhecer como funciona o mercado em que estão entrando. Se entrar com uma visão romântica de que serão acolhidas por uma grande gravadora e ficarão ricas, vão quebrar a cara. Isso pode até acontecer, mas precisam se perguntar até que ponto irão abrir mão da liberdade criativa para fazer sucesso. O modelo mais utilizado, e coerente, é trabalhar em parceria com pequenos selos independentes. Aqui no Brasil, ainda há muito o que crescer neste sentido.

* * *

Recebi alguns discos de bandas independentes no formato SMD e achei bem interessante. Acredito que as bandas e selos devam buscar outras formas de comercializar música. Mas também precisam ficar cientes de que os outros formatos podem conviver com eles. Ainda não encontramos o momento ideal da comercialização de música pela internet, mas este comércio naturalmente será a regra no futuro. As próprias gravadoras já descobriram que não adianta mais lutar contra e, agora, buscam formas de lucrar com a Web. Enquanto isso, todos procuram maneiras criativas de distribuir seus trabalhos. Até uma das maiores bandas do mundo, o Radiohead, acirrou esta discussão sobre o valor da música.

* * *

Como falei, estamos vivendo esta nova realidade e fica difícil prever o que o futuro reserva para a distribuição de música. O que sabemos é que a internet será o veículo principal tanto na comercialização quanto no download gratuito. Todo dia surge uma nova idéia que explora a Web de maneira inteligente e lucrativa, mas ainda não se chegou a um modelo ideal (e talvez nunca se chegue...). Como jornalista, acredito que o disco, enquanto conceito, deva existir. A idéia de "álbum" é muito importante para firmar o trabalho de uma banda. Ninguém baseia uma carreira apenas em faixas dispersas. Precisa ter uma unidade, uma idéia, juntas, num único conjunto, o disco. Mesmo que não seja lançado fisicamente, sua existência já funciona como "agendamento", o que para imprensa é muito importante. Na revista, recebemos muito e-mail de bandas querendo divulgar o trabalho, mas as que mais receberão destaque são as que têm algum disco pronto (mesmo que nunca lançado em formato físico). O disco não irá morrer, o que está entrando em decadência são as formas de distribuição e comercialização tradicionais. As bandas precisam compreender este momento se quiserem adquirir relevância nos próximos anos...

Paulo Floro, em entrevista à Movin' Up, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
3/7/2008 à 00h31

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