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Sexta-feira, 24/10/2008
Blog
Redação
 
Eleição e Recursos Humanos

Os debates eleitorais para o segundo turno na cidade de São Paulo foram marcados pela agressividade, em especial da candidata Marta Suplicy.

Pelo que ouvi e li a respeito, não foi só em São Paulo que os políticos mais bem sucedidos de suas comarcas usaram tal estratégia. Em Belo Horizonte e Rio de Janeiro os candidatos se valeram da mesma tática.

O que causa estranheza é que os analistas de marketing eleitoral não recomendam que os candidatos se digladiem, afirmando que a história (sempre ela) demonstra que a conseqüência número 1 desta atitude é a queda nas pesquisas eleitorais.

A previsão se confirmou. Na primeira pesquisa pós-debate Kassab abriu 12 pontos de vantagem sobre a petista.

Agora, o que mais me indigna é que a agressividade dos candidatos deveria ser usada para algo mais útil. Em vez de prometerem o inalcançável e ficarem caçando picuinhas na vida alheia, os candidatos deveriam exibir seus currículos e usar suas energias para provar a veracidade deles.

Poderiam, também, usar tamanha disposição em atacar o adversário para matricularem-se em cursos de administração pública, gerência de recursos humanos e finanças.

Ora, todos sabem que o prefeito precisa dominar as técnicas de administração, já que governar é administrar, não é?

Sem uma visão ampla das matérias básicas (e não estou falando de ética, hein?) não é possível fazer um bom governo.

Ou seja, gostaria de ver 10% da agressividade dos programas eleitorais na formação técnica do governante. Se as empresas, privadas e públicas, capacitam cada vez mais seus funcionários, não acredito que nossos governantes não precisem de aulas também. Ou eles são melhores que esses funcionários?

Para finalizar, proponho uma eleição diferente. Uma comissão de experts em Recursos Humanos das maiores empresas do Brasil preparariam e aplicariam um processo seletivo nos candidatos a governo. Seria eleito o que se saísse melhor no processo seletivo.

Será que Kassab e Marta estariam eleitos?

[3 Comentário(s)]

Postado por Daniel Bushatsky
24/10/2008 às 16h38

 
Literatura e eventos mineiros

Se a gente cochilar um pouquinho, perde o bonde e se arrepende. Só em novembro, uma série de eventos relacionados à literatura está para acontecer em Belo Horizonte e vizinhanças. O jornal Letras deste mês, do Café com Letras, sairá recheado com um balanço da produção cultural belo-horizontina, mas confesso ter sido complicado fazer isso antes de o ano acabar. É que parece que tudo se concentrou em novembro, ressalvando-se aqueles eventos que têm agenda mais homeopática, como o Ofício da Palavra ou as Terças Poéticas.

Começamos a turnê pelo Fórum das Letras de Ouro Preto, em sua quarta edição, trazendo autores estrangeiros como nunca antes. Não que isso seja babação de ovo, mas parece importante que quem escreve acolá saiba que aqui também tem movimento, certo? O que acho relevante não é bem o fato de "o cara" vir, mas o fato de ele poder levar para lá uma impressão importante do que se pode fazer aqui. O Fórum das Letras é interessante, bonito e tem um dos leiautes mais bacanas de eventos que já visitei. Nunca fui à FLIP e dizem que o FLOP (como dizem alguns) tem se parecido com a festa de Paraty, mas sei lá. O Fórum das Letras começa dia 5 e vai até 9 de novembro, no Centro de Convenções da UFOP, sob a batuta da escritora Guiomar de Grammont, desta vez, com entrada franca.

Logo depois, dia 10, começa o 9º Encontro das Literaturas, promovido pela Fundação Municipal de Cultura de BH, com curadoria de gente bacana, entre eles o escritor Sérgio Fantini. O Encontro vai até dia 16, com entrada franca, um montão de oficinas e palestras, além de mesas-redondas instigantes. O local do evento parece ter migrado da linda Serraria Souza Pinto para espaços como o Chevrolet Hall, mas ainda estamos muito bem. Assim como o Fórum das Letras, o Encontro também tem programação infantil. Frise-se que grande parte dos residentes nesta capital mineira pensa que a Bienal do Livro e o antigo Salão do Livro (agora Encontro das Literaturas) são a mesma coisa. Não são.

Mais adiante, dia 20, em São João del-Rei, um tico mais longe de Belo Horizonte, mas não menos gostoso, vem o 2º Festival de Literatura, o Felit. Com curadoria do professor e escritor Mário Alex Rosa, estarão lá bandos e quadrilhas de escritores para falar das artes literárias. De 20 a 23, final de semana, uma excelente oportunidade para conversar e comprar livros que não são encontráveis em qualquer lugar.

Novembro vai ser mês de agenda cheia para quem gosta da arte da palavra (e não só dela). Bom motivo para fazer uma turnezinha por Minas e aproveitar para conhecer montanhas e cachoeiras. E se vai a Ouro Preto, visite Mariana. Se vai a São João, dê um pulo em Tiradentes. Clichês incontornáveis. Além dessas festas todas, ainda tem Terças Poéticas e Ofício da Palavra até Papai Noel chegar. Quem sabe o bom velhinho aprende a comprar livros para dar de presente?

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
24/10/2008 às 12h20

 
Lei Rouanet na Carta Capital

A edição desta semana da revista Carta Capital traz um especial de onze páginas, patrocinado pela Petrobras, dividido em três matérias: uma análise dos reflexos da Lei Rouanet para a cultura brasileira dezoito anos após o seu surgimento, uma abordagem sobre o descompasso entre a produção cinematográfica nacional e o número de espectadores e uma entrevista com Juca Ferreira.

Há um artigo inevitável sobre o Programa Petrobras Cultural, mas o conteúdo da matéria sobre a Rouanet é surpreendemente incisivo e provocativo em se tratando de um especial patrocinado.

A entrevista com Ferreira também dá mais algumas pistas do que poderá ser a tão propagada ― e por enquanto apenas isso ― reformulação da Lei Rouanet. O ministro aponta que índices de renúncia passariam a ser definidos a partir de critérios de avaliação dos projetos, como acessibilidade e relevância cultural. Ele também promete um aumento do investimento direto do MinC em projetos, através de fundos setoriais. Ainda estamos pagando para ver.(...)

André Fonseca, no seu Cultura Em Pauta, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
24/10/2008 às 09h31

 
A Mário de Andrade ausente

Anunciaram que você morreu.
Meus olhos, meus ouvidos testemunham:
A alma profunda, não.
Por isso não sinto agora sua falta.

Sei bem que ela virá
(pela força persuasiva do tempo)
Virá súbito um dia,
Inadvertida para os demais.
Por exemplo assim:
À mesa conversarão de uma coisa e outra.
Uma palavra lançada à toa
Baterá na franja dos lutos de sangue,
Alguém perguntará em que estou pensando,
Sorrirei sem dizer que em você
Profundamente.

Mas agora não sinto a sua falta
(É sempre assim quando o ausente
Partiu sem se despedir:
Você não se despediu.)

Você não morreu: ausentou-se.
Direi: Faz tempo que ele não escreve
Irei a São Paulo: você não virá ao meu hotel.
Imaginarei: Está na chacrinha de São Roque.

Saberei que não, você ausentou-se. Para outra vida?
A vida é uma só. A sua continua
Na vida que você viveu.
Por isso não sinto agora a sua falta.

Manuel Bandeira, no E cinco espinhos são em nossas mãos, cuja titular Comenta aqui.

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Postado por Julio Daio Borges
24/10/2008 à 00h00

 
How to track stocks in Google

Jason Striegel, no Hackszine.com, um site que eu acabei de descobrir...

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Postado por Julio Daio Borges
23/10/2008 à 00h52

 
Minicursos na PUC Minas

Para quem se interessa por aspectos da linguagem e dos estudos de lingüística e literatura, ainda há vagas para diversos minicursos do ISD, como ficou carinhosamente conhecido o III Encontro Internacional de Interacionismo Sociodiscursivo. Admito: o nome é assustador, mas "a coisa" nem é assim tão distante de qualquer pessoa que esteja aí encarando a linguagem no dia-a-dia. Para participar dos minicursos, é necessário se inscrever no evento, claro. Professores do país inteiro ministrarão aulas e oficinas sobre: análise do trabalho educacional a partir de textos, gêneros textuais e virtuais, argumentação, identidades e "misturas" de gêneros, o discurso do professor, avaliação formativa, rádio escolar, ensino de escrita, LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), mecanismos enunciativos e jogos eletrônicos. É só escolher. Além desses minicursos, é possível assistir a palestras com respeitáveis pesquisadores, mundialmente reconhecidos, como Jean-Paul Bronckart e Joaquim Dolz. O Encontro acontece em Belo Horizonte, no campus Coração Eucarístico da PUC Minas, nos dias 18 e 19 de novembro.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
22/10/2008 às 18h42

 
Satã, uma biografia

O livro Satã, uma biografia (Globo, 2008, 388 págs.), de Henry Ansgar Kelly, é meio surpreendente, mas não de uma maneira muito elogiosa. A surpresa principal está no fato de que o autor leva o assunto a sério.

Há uma diferença entre fazer uma pesquisa séria, que é o ponto positivo desse livro, e levar a sério o assunto dessa mesma pesquisa. O pesquisador deve, necessariamente, ter uma noção clara da natureza da matéria sobre a qual se dedicou tanto (o livro tem 385 páginas de uma catalogação de dados exaustiva. Eu, pelo menos, considero isso uma dedicação infernal).

Alguém pode fazer um estudo em profundidade da história e da práxis da alquimia medieval, por exemplo. Mas quando o pesquisador começa a acreditar na Pedra Filosofal e faz com que você possa imaginar que ele está em casa tentando transformar moedinhas de cobre em moedinhas de ouro, aquela pesquisa talvez fique comprometida.

Kelly pesquisou a Bíblia, toda ela, atrás das pegadas do Dito-Cujo para chegar à conclusão de que o capeta que todos conhecem, o chifrudo sinistro ou bagunceiro, não é bem aquele que está lá, no livro original. Ou aqueles, já que aparece sob nomes diferentes a ponto de sugerir entidades diversas.

Segundo Kelly, o capeta bíblico é mais como uma espécie de advogado (bastante apropriado isso) de Jeová. Mas o próprio Senhor não tem certeza se ele está na folha de pagamentos e, se indagado a respeito, com certeza desconversaria: "Pergunte pro Jó, fale com São Paulo, eles é quem sabem, sei lá. Tô ocupadíssimo aqui com Moisés, tá me dando muito trabalho, agora não posso responder, volte outra hora". O nome "satã", na Bíblia, é freqüentemente usado como o antigo substantivo que realmente é, significando "o adversário", ou "o inimigo" (e qualquer semelhança com um advogado pode ser mera coincidência. Ou não).

Mas o que fica mesmo da leitura é a constatação da fantástica (porque incrível) falta de bom senso, unidade ou simples coesão do texto bíblico. Se por um lado a presença factual do Canhoto é rara e esparsa no calhamaço que é a Bíblia, por outro lado ele garante sua presença demoníaca no suplício que é tentar levar a sério um texto completamente maluco.

Nota do Editor
Leia também "Dos Lobisomens".

[1 Comentário(s)]

Postado por Guga Schultze
22/10/2008 às 15h52

 
Web-based Finance Application

In the wake of Mint leaving beta and Quicken Online dropping its subscription fee, there's never been a better time to start using a web-based personal finance application.[...]

Adam Pash, no Lifehacker, porque eu tenho pensado em passar minhas finanças pro on-line...

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Postado por Julio Daio Borges
22/10/2008 à 00h53

 
Mulher acordando

Não existe mulher feia ao despertar. Estirada na cama, com as pálpebras pesadas de sonhos, qualquer mulher é bonita. O pesadelo começa quando elas retiram a remela dos olhos e encostam o pé no chão. Divorciada das fantasias galopadas em silêncio, a maioria se transforma, misteriosamente. A realidade é que, depois do primeiro bocejo, pouco sobra dos anjos que ronronam safadezas e mordem a fronha do travesseiro com preguiça de encarar um pedaço dormido de pão.[...]

Rian Santos, no Spleen e charutos, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
21/10/2008 à 00h15

 
Na CDHU, o coração das trevas

Acabou mal o seqüestro perpetrado por Lindemberg em Santo André e a polícia, que poderia ter sido truculenta, matando antes o seqüestrador, acabou sendo crucificada por não agir como a ROTA da época dos grupos de extermínio.

"Bandido bom é bandido morto", diria o leitor ao ver o corpo ensangüentado de Eloá no colo de um policial, saindo do cativeiro. Mas até que ponto uma reação amalucada, desencadeada por um jovem de vinte e dois anos, infantil como a ex-namorada seis anos mais nova, pode qualificá-lo para uma vaga em frente ao rifle de um atirador de elite?

O cenário dificultava a ação policial. Quem imaginaria que um seqüestro em um apartamento da CDHU repercutiria tanto? Se a polícia nunca apareceu por lá para reprimir o tráfico de drogas que ganha vinte mil reais a cada dois dias, por que apareceria para dar cabo da vida de um maluco? Centenas de pessoas cercavam o condomínio aguardando o desfecho do caso. Um apartamento minúsculo, no segundo andar de um prédio, com uma única entrada e paredes finas impossibilitava a aproximação silenciosa dos agentes policiais. A negociação com Lindemberg fora interrompida por diversos interessados que não eram do ramo, com papo-furado, cheios de boas intenções para tentar convencer um louco a agir com bom senso. As redes de tevê fechavam o cerco a todo momento. "Lindemberg já correu o Código Penal, disse o Delegado daqui", "O Promotor veio garantir a aplicação da lei e a integridade física de Lindemberg".

Era necessário lembrar o seqüestrador, enquanto ele apontava a arma carregada para as vítimas, de que seria preso ao final?

Tragédia. Num primeiro momento a vingança de Lindemberg era contra a namorada. Depois das entrevistas catastróficas às redes de tevê, sua personalidade liberou a raiva contra toda a sociedade. Ele não reconhecia mais as reféns como as únicas vítimas. Decidiu apontar a arma contra o telespectador. "Vocês vão sofrer". "Pode avisar todo mundo que vai acabar mal"."O diabinho tá duelando com o anjinho aqui". Mesmo assim, as câmeras injetavam ainda mais veneno nas veias do sujeito, junto com a adrenalina que fluía a cada estocada de interrupção da programação pelas emissoras.

Nem as vítimas foram poupadas do picadeiro. Os corpos furados de bala, deformados e derramando sangue foram perseguidos pelos cinegrafistas, do condomínio ao hospital, até dentro das ambulâncias. Demonstrações lamentáveis de insensibilidade e desrespeito com os envolvidos.

A polícia errou ao permitir a recaptura da refém e só. Afinal, existe sincronismo capaz de superar a intempestividade de um maluco?

Vale lembrar um aforismo de G. K. Chesterton: "O jornalismo consiste em dizer que 'Lorde Jones morreu' para pessoas que não sabiam que Lorde Jones estava vivo".

Antes de apontar os culpados do caso, leitor, reflita se você conhece o ambiente em que ocorreu a tragédia de Santo André.

Nota do Editor
Leia também "A Brasilianização do Mundo".

[9 Comentário(s)]

Postado por Vicente Escudero
20/10/2008 às 12h49

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