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Segunda-feira, 24/7/2006
Information Society e o destino da mídia
Ram Rajagopal
+ de 4900 Acessos
+ 3 Comentário(s)

"Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizado posso me organizar
Da lama ao caos
Do caos à lama"

Chico Science

Muitos acreditam que a era das grandes descobertas e aventuras já passou. Que com a descoberta do continente americano, a vida romântica e as aventuras com grandes tesouros se encerraram. Nada mais longe da verdade. Estamos vivendo hoje uma era tão ou mais intensa de descobertas e colonização. Só que a navegação, os mapas, o mundo em que se opera é que é diferente. E ao contrário da época dos grandes navegadores, muito mais pessoas têm como participar deste novo processo: a descoberta, colonização e urbanização das sociedades de informação. Se você quer prever o que vai acontecer com a "grande mídia", com repórteres e semelhantes, entender este fenômeno talvez ajude um pouco...

A sociedade teve sua era de aldeias, e aos poucos formou o mundo urbano com suas metrópoles de milhões de habitantes de todos os tipos. No entanto, aos poucos, mesmo as metrópoles urbanas passaram a conter aldeias ideológicas dentro de si. Grupos de pessoas que aderem a princípios culturais parecidos se associaram a espaços físicos pela cidade. Os alternativos, os novos-ricos, os evangélicos, cada qual tem sua turma e os locais que costuma frequentar. Ou seja, formaram-se aldeias novamente. Só que a diferença é que se você quer conhecer uma outra aldeia, ao invés de ter que viajar por várias horas e com dificuldade, hoje em dia você chega lá em minutos.

A mesma urbanização está acontecendo nas sociedades de informação. Num primeiro momento, as notícias e informações eram locais, sua distribuição limitada por distâncias geográficas. Nas pequenas aldeias as pessoas trocavam notícias pelo boca-a-boca. Cada pessoa trocando idéias com várias pessoas localizadas geograficamente próximas. Com o crescimento da aldeia, surgiram os primeiros jornais e diários. Determinadas pessoas coletavam as informações e as publicavam. Informação passava a ter um valor monetário. Ainda assim, em cada cidade haviam poucos jornais, já que o custo era alto, e nem todos eram populares.

Com a redução do custo de publicar, e o aumento no valor da informação, os meios de informação se multiplicaram e competiram entre si. Mas o aumento de oferta reduz os lucros. E ter a notícia mais quente, dos lugares mais longínquos, exigia uma grande disponibilidade de recursos e investimento. Formaram-se os conglomerados de informação, e o estabelecimento de um modelo de informação na sociedade onde os indivíduos se conectam a hubs, centrais de autoridade, de onde podem obter notícias, idéias e opiniões. Os hubs são estabelecidos em regiões geográficas, como estados ou cidades, e se comunicam entre si para trocar conteúdo. Como o custo para acessar informações longe de sua localização geográfica é alto, os consumidores se associam ao hub mais próximo fisicamente. Este modelo de satélites de informação criou e manteve os grandes conglomerados da informação durante boa parte do século passado.

Então veio a internet, ou de forma geral, as novas tecnologias de comunicação. Estas tecnologias reduziram o custo de comunicar pacotes de informação. Os hubs se adaptaram, e passaram a oferecer seus conteúdos através destas novas mídias. Em um primeiro momento, os indivíduos passaram a acessar o conteúdo destes mesmos hubs de conhecimento. No entanto, com uma redução ainda maior no custo da comunicação, e aumento na capacidade de enviar bits e bytes, a barreira geográfica ruiu aos poucos, e as pessoas passaram a acessar hubs distantes geograficamente.

Os diversos satélites competiram entre si, reduzindo ainda mais o custo de se saber alguma coisa. Por exemplo, muitos jornais passaram a permitir acesso gratuito às notícias on-line. Neste novo modelo, indivíduos consumidores se ligavam a mais de um satélite. Mas ainda tinham dificuldade de publicar, devido à complexidade de se utilizar as novas mídias. As sociedades de idéias ainda eram mais ou menos geograficamente localizadas.

Veio a segunda grande transformação: a redução no custo de publicação. Tecnologias que simplificaram tremendamente o processo de publicar conteúdo e distribui-lo para indivíduos permitiram que todos se tornassem geradores de conteúdo. O modelo das aldeias, agora sem barreiras geográficas, retorna. Conexões entre indivíduos se formam, e agora não existe mais a necessidade de estarem localizados num mesmo referencial geográfico. Os grandes hubs ainda se mantêm como provedores de informação, mas seu escopo agora é diferente, competindo com indivíduos cujo investimento de capital é muito baixo.

Esta segunda transformação teve profundas conseqüências na cultura social e na linguagem. Criou novas formas de expressão. A acurácia de uma notícia passou a ser medida estatísticamente, ao invés de aguardar pela aprovação de uma autoridade. E a capacidade de ter muitos indivíduos simultâneamente publicando e acessando uma parcela significativa do mercado dos hubs, permitiu uma diversidade nunca antes vista. As vilas agora são não-geográficas, formadas por indivíduos que compartilham idéias semelhantes.

No entanto, como é natural, a proliferação de muitos canais de informação não persiste por muito tempo. Um indivíduo sozinho chega ao limite do número de pessoas que consegue atrair. E com o modelo de links da Web, lincar e ser lincado tem o poder de chegar a um maior número de pessoas. Quase naturalmente, indivíduos que se lincam entre si, formando componentes fortemente conectados na rede, começam a formar hubs. Os hubs começam a se estabelecer como referência na nova mídia, e os consumidores passam aos poucos a se organizar também ao redor destes novos hubs.

Este é o movimento lento atual que observo na blogosfera, com a formação no Brasil, de grupos como Wunderblogs, No Mínimo e Gardenal. Se antes o capital era financeiro, e as distâncias eram geográficas, agora o capital é a força do link, e as distâncias são ideológicas. As novas cidades que se formam são cidades ideológicas. Grupos de pessoas que dividem opiniões em comum, e até mesmo hábitos culturais semelhantes, se organizando como na era do modelo satélite.

O poder do link ou o chamado efeito Google, é também o que define o sucesso financeiro de um determinado hub. Quanto mais tráfego ele atrai, maior a sua capacidade de conseguir angariar fundos e recursos a partir de terceiros. Se antes o modelo básico era a subscrição, agora passa a se tornar ad clicks. Ou seja, oferece-se aos anunciantes um número mínimo de acessos garantidos, com a vantagem de se estar num nicho claramente especificado. Afinal, os novos hubs formam satélites ideológicos e culturais.

O que irá acontecer com os antigos hubs não está claro. Muitos estão aos poucos se adaptando à idéia de um mercado ideológico ao invés de geográfico. Outros persistem no velho modelo, esperando ainda por alguma mudança ainda maior que venha acontecer na estrutura da informação. Mas como em outras épocas, provavelmente muitos desaparecerão, perdendo sua enorme influência, e outros tomarão seus lugares.

Uma das conseqüências dos modelos de informação aqui descritos é que afetam a maneira de se expressar dos autores, seu estilo. Os hubs formados por indivíduos fortemente conectados, ou mesmo por indivíduos que trabalham para uma única organização, acabam estabelecendo uma certa norma, um estilo. O estilo influencia tanto os indivíduos que participam de um hub como autores, como aqueles que se conectam para serem consumidores. Uma segunda conseqüência é a difusão rápida e cromática de um pacote de conhecimento. O que seria difusão cromática? O pacote assume as cores da cultura de cada hub ao ser apresentado como conteúdo de informação.

Uma das vantagens do novo modelo que está se estabelecendo é que as barreiras são menos claras, e um espectro mais amplo de idéias encontram um lugar ao sol. Além disso, os consumidores têm maior poder de escolha do que querem consumir, transformando o mercado de informação num mercado mais parecido com o de outros produtos.

Uma nova mudança já se conflagra no horizonte, com o aumento da banda de comunicação. Não está muito distante o dia em que a televisão e o rádio terão também suas mudanças, e talvez o modelo de hubs econômicos-geográficos esteja sepultado de uma vez. Os maiores investimentos atuais são em tecnologias que permitam o acesso rápido sem fio à Grande Rede, à transmissão e ao armazenamento de vídeos. Como ainda não se vê fim para a taxa de crescimento na capacidade de armazenar, as emissoras que se cuidem...

Portanto, se você sonha em entrar para a História em pé de igualdade com Pedro Álvares Cabral, ainda está em tempo: basta entrar em uma destas caravelas improvisadas que é um computador e navegar no mar de informação. A única diferença é que, aqui, você terá que criar seu próprio continente e as descobertas estão mais próximas da apaixonada defesa dos navegadores feita por Fernando Pessoa.

Ram Rajagopal
Berkeley, 24/7/2006

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Lições de um Digestor veterano de Gian Danton
02. A literatura feminina de Adélia Prado de Marcelo Spalding
03. O continente sol de Vera Moreira


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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
24/7/2006
12h31min
Pra gente ver que não importa o que aconteça: sempre haverão grupos - ou aldeias - formados. O homem tem essa necessidade. Não importa o quanto avancemos tecnologicamente.
[Leia outros Comentários de Rafael Rodrigues]
24/7/2006
16h23min
O mundo hoje é da plena tecnologia e da comunicação em tempo real, e toda esta estrutra é um passo importante para a humanidade. Só que quem faz o uso dela nem sempre está antenado, com seu papel transformador. Pois dentro do contexto ideológico precisamos, e muito, de mudanças de paradigma, estabelecer a desconstrução estrutural, para que um novo pensamento possa efetivamente estar a serviço da humanidade, que é a busca das novas identidades, ou seja: nenhum ser humano é melhor nem pior, ninguem é branco ou negro, todos são descendentes da mesma gênese, ninguem é homem ou mulher, esta é a sociedade das identidades itinerantes.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias]
24/7/2006
19h29min
Esse fenômeno, internet, que ainda nos deslumbra... trouxe tanta revolução! Os milhares de sites da Internet formam uma impressionante biblioteca digital que oferece um elenco infinito de informações e de novas alternativas educativas. Praticamente tudo, mas tudo mesmo, é possível encontrar hoje na Internet em termos de informação. "Informação". Este é o nome do poder no século 21. Sobreviverá na aldeia global somente quem estiver de fato informado e que sobretudo souber interpretar, decodificar, a avalanche de informações desencadeada pela Internet. O mundo será cada vez mais unificado pela comunicação digital. A associação entre Internet e televisão, de modo especial, vai levar milhões ou, talvez, bilhões de pessoas a um mundo novo.
[Leia outros Comentários de Claudia Aguilar ]
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