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Terça-feira, 7/6/2005
escrivinhadora mecânica
+ de 1400 Acessos

Acabo de comprar uma máquina de escrever. Pois é, eu sou meio anacrônico. Mas juro que há um porquê de eu ter feito isso. Não é pelo charme nem por nostalgia adquirida (do estilo "ah, como eu queria ter vivido nos anos 60"), e sim pelo exercício. Explico-me.

A melhor coisa de um computador, pra quem gosta de escrever, é a facilidade. Você pode corrigir o texto ad aeternum, recortar um trecho e mudá-lo de lugar, apagar parágrafos inteiros com uma tecla, inserir uma frase no meio, trocar palavras repetidas, enfim, mudar tudo o que você quiser com o menor esforço. Mas, ao mesmo tempo em que isso é genial, na minha opinião também atrapalha no desenvolvimento de um possível escritor. Afinal, é tudo muito fácil. Você não tem a menor obrigação de escrever algo decente, porque pode reler, mudar tudo, reescrever ali mesmo, no original, sem deixar vestígios. E isso é ruim? Pra mim, é.

Quando eu decidi escrever a sério numa máquina de escrever pela primeira vez foi uma desgraça. Não conseguia articular as orações direito, repetia a mesma palavra quinze vezes numa frase, recomeçava a escrever a cada duas linhas. Ou seja: estava viciado em ctrl+c e ctrl+v. Não conseguia escrever ali, no papel; meu pensamento precisava ser mediado por todos os recursos tecnológicos de um computador para tornarem-se texto. Eu estava limitado.

Mas aí decidi insistir. E continuei escrevendo na máquina lá de casa, uma velha Olivetti da minha mãe (ela sempre conta que comprou o primeiro carro dela com aquela máquina). E qual não foi a minha surpresa quando percebi que meu texto estava melhorando a olhos vistos. Eu sentia as palavras fluírem com mais naturalidade. Desenvolvi a capacidade de construir as frases mentalmente antes de escrevê-las, e fazia isso naturalmente, automaticamente. Com isso, a própira qualidade do que eu escrevia melhorou; tornei-me mais articulado. Afinal, eu não podia voltar atrás; quando se escreve numa máquina de escrever, o texto já está ali, no papel, e não dá pra corrigir. Ou melhor, até dá, mas fica a marca, não é limpo e fácil como na tela. Além disso, corrigir no papel envolve parar de datilografar, tirar a mão do teclado, pegar uma caneta... É todo um trabalho que atravanca o processo da escrita. Então você se força a escrever decentemente logo de primeira, começa a se policiar e a usar a cabeça. Claro, reescrever é um processo vital, essencial, mas trata-se de coisas diferentes. Uma coisa é só conseguir escrever com a ajuda de um computador. Outra é desenvolver e melhorar um texto através da reescritura.

E é por isso que agora há uma Olivetti Lettera 32 na minha mochila (saindo um pouco pra fora porque não cabe inteira): porque nada como uma máquina de escrever para aprender a escrever.

(E, além disso, é muito mais charmoso. Eu sei que disse no começo do post que não tinha comprado a máquina pelo charme, e é verdade. Mas que ele é um bônus muito bem-vindo, isso é.)

Cássio Koshikumo, no carta.fechada, que linca pra nós (porque ele pensa, mais ou menos, como eu - que escrevo a mão).


Postado por Julio Daio Borges
Em 7/6/2005 às 11h50

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01. Mahler, the Beatles and JFK de Julio Daio Borges


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