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Quarta-feira, 10/6/2015
A mudez do interior
Guilherme Carvalhal
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As múltiplas faces culturais do Brasil nunca foram novidade nenhuma. Este é um país de dimensões continentais e sua mistura de povos e etnias deu origem a um caldeirão efervescente com os mais variados ingredientes, criando uma amplitude de diferentes expressões. Entretanto, o fato de haver uma enorme variedade traz à tona um questionamento, que é a valorização e a capacidade do país em incentivar a produção cultural e ao mesmo tempo disseminar a mesma entre a população.

Analisando o modelo cultural do Brasil, pode-se perceber que existe um trabalho desse tipo sendo realizado, seja através de incentivos do Estado, seja através da própria sociedade e seus canais de comunicação. O mangue beat atingiu todos os cantos do país, principalmente por conta da figura de Chico Science, o festival de Parintins foi transmitido pela TV, a bossa nova chegou a ser gravada por Frank Sinatra, Glauber Rocha e Anselmo Duarte foram aclamados em outros países. O Brasil conseguiu concluir um processo de desenvolvimento artístico e cultural de modo geral, tendo uma identidade bem definida e um histórico já considerável de produção e registros, além de conseguir extrapolar suas fronteiras e conseguir reconhecimento internacional.

Esse fortalecimento se dá também pela criação de uma maior capacidade receptiva pela própria sociedade. No caso específico da literatura, o século XX assistiu ao surgimento de movimentos modernistas e de nomes já eternizados, mas também houve um processo de alfabetização formando novos leitores e o de criação de novas editoras. O momento atual com o ápice da internet possibilita o contato com novas músicas, processo que seria mais vagaroso em épocas anteriores. E o cinema nacional, após sua revitalização nos últimos anos, tem obtido um sucesso bastante considerável, tanto com comédias quanto com obras com maior impacto social, como Cidade de Deus e Tropa de Elite.

Tudo parece muito bem com a produção nacional de cultura, mas ainda existe um enorme gargalo a ser ultrapassado. O grande problema nessa relação ainda se dá por um seguinte ponto, que são as desigualdades regionais ainda reinantes, não havendo um equilíbrio na capacidade de muitos agentes culturais existentes em darem a sua cara e se fazerem percebidos.

Quando fazemos um retrato da cultura do país, levando ao nível daquilo que temos enquanto uma absorção nacional das produções, podemos ver que a maior parte do que é realizado vem de grandes centros ou então os grandes centros acabam polarizando de alguma forma a cultura interiorana. Aquilo que entendemos como cultura nacional vem desses pontos espalhados pelo país inteiro.

O samba nasceu na cidade do Rio de Janeiro, assim como a eclosão o funk. Em São Paulo capital se deu nos anos 1990 a ascensão do rap, basicamente oriundo da periferia. As principais bandas de rock do país se formaram pelas capitais, como as duas já citadas anteriormente, mais Porto Alegre, Salvador, Brasília e Belo Horizonte.

Ao falarmos do maracatu, temos um caso de uma manifestação originada do período canavieiro por todo estado de Pernambuco. Mas o destaque nacional para o ritmo se deu pelas formas com que ele se apresenta em cidades como Olinda e Recife. O mesmo caso se dá no baião, que foi uma manifestação bastante regionalizada que precisou da figura de Luís Gonzaga para se expandir.

No caso da literatura, existe um fenômeno parecido. Os escritores originados de cidades de interior (Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, por exemplo), acabaram se mudando e tendo sua carreira situada em grandes centros. Roberto Carlos nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, interior do Espírito Santo, e sua obra não faz referências às suas raízes.

Este fenômeno não é nem um pouco absurdo, pois por fatores econômicos os grandes centros acabam aglutinando os maiores fatores produtivos, e entre eles citamos museus, universidades, gravadoras, editoras, jornais, emissoras de rádio e TV, juntamente a variadas entidades, como a Academia Brasileira de Letras, Biblioteca Nacional, etc. Então nesses centros que acontecem os principais fomentos culturais e é natural que ocorra assim.

O que se questiona é o processo de exclusão reinante dentro desse modelo. Como os grandes centros ditam os modelos estéticos existentes na sociedade, a cultura interiorana acaba se restringindo ao seu local de origem, ou então necessariamente precisará se enquadrar nos padrões vigentes.

Como seria possível ao brasileiro ter contato com o maneiro pau do Ceará (que na região sudeste se chama mineiro pau) sendo que essa é uma manifestação restrita? Como poetas e demais escritores que retratam realidades locais podem vir a mostrar suas regionalidades de maneira global? Como os trabalhos plásticos e fotográficos podem montar um painel maior do que é o Brasil? São perguntas pertinentes quando a estrutura de divulgação cultural é centralizadora e excludente.

É preciso saber se esta produção consegue chegar a nível nacional ou receber outras formas de incentivo para poder interagir com pessoas distantes e assim valorizar também o patrimônio no interior. Ou então devemos concluir que existe uma segregação cultural muito bem definida, e que aqueles fora da órbita dos grandes centros continuamente ficarão na mansarda.

A ideia que fica então é a existência de um grande abismo cultural no país. Existe uma aglutinação de produção em grandes centros, com uma periferia restringida a si mesma e sem poder dar a sua cara. Ao mesmo tempo, as políticas culturais não favorecem a criação e divulgação destes mesmos projetos, estando extremamente arcaicas tendo em vista a dinâmica do mundo atual. Levando esta ideia país afora, fica a preocupação da existência de inúmeras possibilidades que talvez estejam morrendo ou ficando restrita em seus redutos. O resultado disso é um país pobre culturalmente e incapaz de reconhecer sua própria identidade.


Postado por Guilherme Carvalhal
Em 10/6/2015 às 15h53

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