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Sexta-feira, 4/12/2015
Divisões históricas
Guilherme Carvalhal
+ de 4100 Acessos

Uma notícia em um portal sobre a adaptação do livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, de Leandro Narloch, para a emissora History Channel, provocou um debate estranho. De um lado aqueles que se dizem de esquerda atacaram a proposta pelo fato do autor ser ligado à Veja e que seria paradoxal realizar uma produção financiada com dinheiro público. Já os ditos de direita apoiaram, pois seria uso de verba pública para a divulgação de um ponto de vista que não seja o da esquerda.

Esse debate é fruto de um momento singular que vivemos no Brasil atualmente, de uma divisão cada vez mais acentuada entre aqueles que se dizem de esquerda e aqueles que se dizem de direita. E, como não poderia ser diferente, é uma divisão altamente temperada pela alienação com relação a política, economia, e com baixíssimo nível de dialética. Dificilmente um grupo se presta a entender o ponto de vista do outro, sem contar os termos tão rasos usados para rebaixar o outro (coxinha, fascista, esquerda caviar, comunista).

É curioso como esse tipo de abordagem é utilizada de maneira um tanto quanto estranha ou até equivocada. Nesse caso específico, pega-se a história, que é uma ciência com toda uma base metodológica de estudos, e se transforma em mera disputa de poder entre um grupo ou outro. Isso mostra como popularmente as ciências sociais ainda são vistas como mero achismo, como se um pesquisador produzisse apenas embasado por convicções políticas. Não se tacham físicos, engenheiros, matemáticos, biólogos ou astrônomos como esquerda ou direita. Mas economista, historiadores, geógrafos, sociólogos, esses sim são de direita ou de esquerda.

Um dos fatos que envolvem esse pensamento é a diferenciação entre produção acadêmica e a posição política de muitos estudiosos. O fato de um economista, um historiador ou outro acadêmico considerar que medida X ou Y seja melhor para o país o coloca logo em descrédito pelo grupo que detém o ponto de vista oposto. O nível de divisão na qual o país se encontra atualmente leva essa definição a ser cada vez maior.

Eric Hobsbawn, ao escrever A Era dos Extremos, explica como é difícil produzir estudos sobre história de uma época em que o historiador viveu, justamente pela paixão que os fatos contemporâneos geram. O ideal é que se estude aquilo que aconteceu antes mesmo do nascimento do pesquisador, de maneira fria. Tanto é que discutir Ditadura Militar ainda gera muitos dissabores, mas a Proclamação da República é fato menos movido a sentimentalismos ou saudosismo (apesar de ter surgido um movimento pedindo a volta da monarquia no Brasil).

As divisões políticas que vivemos no Brasil são fruto de uma complexa série de fatores históricos. Essa dualidade entre esquerda e direita nasce da Guerra Fria, que apesar de finalizada com a queda do muro de Berlim, ainda reverbera pela América Latina. As propostas do Consenso de Washington, que firmaram as premissas do neoliberalismo, se misturam a uma herança de imperialismo e acabam sendo consideradas como uma falta de patriotismo e entreguismo. Por outro lado, essa mesma herança de imperialismo gera uma esquerda com toda faceta de populismo, sustentada em muita retórica e simbologia, com uma visão agravada pela lembrança de tomadas de poder através de um exército popular, o que na América só ocorreu em Cuba e na Nicarágua, tendo todas as outras iniciativas fracassado. Enquanto Estados Unidos e Cuba voltam a se relacionar e Samuel Huntington em seu Choque de Civilizações afirmou que a nova ordem mundial se baseia em questões culturais e não mais na dualidade entre capitalismo e comunismo, no Brasil temos uma divisão que remete a décadas passadas.

Temos um misto de memórias que se confundem junto a uma forte dificuldade de compreender o presente, agravado pelo baixo processo de dialética, o que impede que se analise o próprio pensamento de maneira crítica. Vejo muitas opiniões em oposição a Marx, Gramsci, Mises, Friedman, e tenho uma forte impressão de que a quantidade de críticas não é proporcional à leitura de textos desses pensadores. Na poesia acontece um processo de mudança de sentido: pega-se uma frase de um determinado escritor, tira de contexto e se tem um autor de autoajuda, sem contar na imensa quantidade de frases inventadas - nesse quesito Clarice Lispector sofre imensamente. Algo similar acontece nesses autores que tangem economia, história, política, etc: frases soltas para se tentar criticar, fora de seu contexto e, assim, sem causar uma reflexão maior.

É natural que em uma sociedade venham a ocorrer os mais diversos choques de opinião. É isso o que move uma democracia. Porém, retomando a ideia do método socrático, da tese e da antítese é preciso surgir uma síntese. No caso do Brasil, é por vezes assustador que esse processo não ocorra, dando uma impressão de que a sociedade cada vez mais se divide e que a continuidade democrática possa entrar em choque.


Postado por Guilherme Carvalhal
Em 4/12/2015 às 13h57

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