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Sábado,
8/11/2014
A lua de mel durou pouco
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A lua de mel com o PSDB durou pouco
Talvez o PT reclame para si a "hegemonia" - naquele documento oficial do partido -, porque foi praticamente hegemônico nas eleições de 2002, 2006 e 2010.
Já em 2014, foi como aquele aluno que passa de ano "raspando". Porque a oposição, que praticamente inexistia desde 2002, se uniu em torno de um nome, Aécio Neves.
O quanto dessa oposição é o PSDB? O quanto dessa oposição é o "fator" Aécio? O quanto dessa oposição é o sentimento "anti-PT"? E o quando é o "resto" (desde "marinistas" que aderiram, até governistas que se rebelaram, passando pela quase interditada "direita")?
Não sabemos. Mas estamos descobrindo aos poucos. Porque, durante a eleição, estavam todos unidos em torno de um "projeto". Agora, vamos percebendo que cada grupo - ou, até, cada indivíduo - tem a sua própria maneira de lidar com o governo e de ser oposição.
As "redes sociais" nunca ficaram caladas e a grita começou já no domingo à noite, depois do susto, quando saiu o resultado do segundo turno. Passado o desalento, e a desesperança para com o Brasil, as "redes sociais" começaram a se perguntar qual seria o próximo passo...
Talvez por pressão, talvez por iniciativa própria, talvez por livre e espontânea pressão de Aécio, o PSDB logo protocolou seu pedido de "auditoria" das eleições. Mas foi tão criticado que ficou difícil alguém do partido assumir o ato - até que o subscreveu. Aécio Neves.
Menos de uma semana depois, no sábado, vieram as atabalhoadas manifestações. O golpe - da imprensa ou da militância petista - de tachá-lo de "intervencionista", militarmente falando, funcionou. A ponto de Xico Graziano, do PSDB, condená-lo, nas redes, e Geraldo Alckmin, nos jornais.
Já Aécio, em sua entrevista de retorno ao Senado, não disse nem que sim, nem que não. Ou seja: não condenou as manifestações em si; condenou os extremistas "antidemocracia", infiltrados.
A dissonância interna, que se manifestara no episódio da "auditoria", e que começou a tomar corpo depois das manifestações, ficou bastante clara na história do "acordão".
Aécio Neves fez um discurso enfático, na quarta-feira, no Senado. Como líder da oposição, proclamou que só haveria "diálogo" com o governo se fossem apuradas todas as denúncias do "petrolão".
Mas na quinta de manhã, noticiou-se que Marco Maia, do PT, e Carlos Sampaio, do PSDB, fechavam um "acordo", para que políticos *não fossem* convocados para depor na CPI mista da Petrobras...
Aécio, novamente, teve de corrigir o rumo dos acontecimentos, soltando uma nota, em nome do PSDB, negando qualquer "acordo" com o PT.
Mas, a exemplo do episódio da "intervenção militar", não foi suficiente, porque o "acordão" já havia caído nas "redes"... e os eleitores de Aécio cobravam o PSDB.
Então, na sexta, Aécio soltou mais uma nota, desta vez em nome dos partidos de oposição, não só negando o "acordão" como acusando o governo de confundir a sociedade, com informações desencontradas, e complementando que o deputado Carlos Sampaio repudiava que seu nome estivesse envolvido na história.
O problema é que, desta vez, nem todo mundo ficou convencido. E, desta vez, não daria para jogar toda a culpa na Folha, que soltou a primeira notícia sobre o "acordo"...
Dora Kramer, por exemplo, informou que houve tentativa de acordo, sim. Não porque houvesse intenção de abafar o caso (e simplesmente livrar os políticos associados ao petrolão). Mas porque convocá-los agora, sem as informações completas dos depoimentos, seria perda de tempo.
O fato é que ficou mal para o PSDB, e vem crescendo, progressivamente, aquela parcela "aecista" do eleitorado que se descola do PSDB, apesar de reconhecer o esforço, pessoal, de Aécio Neves em manter a coesão.
Parece haver, pelo menos, duas linhas de atuação dentro do PSDB. Uma é aquela, de Aécio, que solicita a "auditoria"; mas outra é aquela... que não a assume. Uma é aquela, do senador Álvaro Dias, que reconhece a importância das manifestações; mas outra é aquela, de Xico Graziano, que questiona suas motivações. Por fim, uma é aquela, representada por Aécio Neves, que não aceita nenhum tipo de acordo, antes do julgamento do petrolão; e outra é aquela, que num ataque de fraqueza, fecha - com o PT - um "acordão"...
É por essas e por outras que eleitores que hoje se consideram "de oposição", e que até votaram em Aécio Neves, estão descobrindo que não necessariamente aderem ao PSDB. Afinal, parte do PSDB não fechou com a "auditoria", parte do PSDB condenou as manifestações e parte do PSDB quer dialogar com o governo, sim. Vide Geraldo Alckmin que vai se reunir com Dilma Rousseff na segunda-feira, para falar do problema da água. (O que Aécio Neves - que não queria diálogo - deve ter achado disso?)
Será que o PSDB vai encontrar um alinhamento único? Será que Aécio vai conseguir impor sua postura ao resto do partido? São questões que só o PSDB e Aécio Neves podem responder...
Enquanto isso, eleitores "de oposição" vão descobrindo, sozinhos, o seu caminho. E dia 15 de novembro haverá novas manifestações. (O PSDB gostando ou não...)
Postado por Julio Daio Borges
Em
8/11/2014 às 13h59
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