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Quarta-feira, 22/5/2002
Digestivo nº 82
Julio Daio Borges
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Artes >>> Oígame, compay
E São Paulo se rendeu mais uma vez à musicalidade advinda de Cuba. Foi no último dia 21 de maio, durante a apresentação do Coro de Câmara Exaudi, seguindo a temporada internacional do Mozarteum Brasileiro, na Sala São Paulo. O repertório, embora rigorosamente clássico, dada a ocasião e dado o local, foi docemente retocado pela inclusão, durante o bis, de peças de compositores latino-americanos. O Coro têm a direção de María Felícia Pérez, e por ser incomumente reduzido a 12 vozes, permite ao espectador acompanhar com detalhe a mecânica da concepção e do arranjo “a capella”; afinal, são três grupos de quatro cantores cada: sopranos, contraltos, tenores e baixos. A noite começou contida, pautada por obras de Mendelssohn e Brahms. O primeiro acostumando o público à escrita e aos versos de difícil assimilação, em alemão; dentre esses, um poema assinado por J. W. Goethe (modelo de Mendelssohn, mas obviamente insuperado por ele). De Brahms, um pouco do que o programa chamou de “polifonia arcaica” (aparentada à Renascença); completada pela “homofonia vocal” (aparentada à canção popular). Se o rigor tedesco produziu momentos de fina apreciação, o despertar da audiência só ocorreu mesmo com Giachino Rossini, e suas peças: “I gongolieri” e “La passeggiata” – pontuadas pela alegria do realizador d’“O Babeiro de Sevilha”, ainda que escritas numa época de padecimento físico e moral do operista italiano. Depois do intervalo, voltou-se a Brahms, com o coro numa postura relaxada, apesar da exigência quase virtuosística das “Canções de Amor” de Joahnnes, que naquele então (idos de 1830) vivia uma arrebatada paixão pela filha de Robert e Clara Schumann. Por ironia do destino (ou dos organizadores), o mesmo Schumann viria a sucedê-lo e a fechar o programa com a breve “Vida de cigano”. Tocante e cheia de sentimento, foi a homenagem prestada pelo Coro à sua terra natal – com uma canção foclórica cubana e um animado “chá chá chá”, chacoalhando a sisuda Sala São Paulo. Certamente um dos pontos altos da nossa temporada “vocal” em 2002, podendo se repetir também neste dia 22 de maio, e igualmente em Santos, no próximo dia 23. Ouça (é o que quer dizer Exaudi, o nome). [Comente esta Nota]
>>> Coro de Câmara Exaudi - dia 22 em São Paulo, dia 23 em Santos
 



Música >>> Point of view point
Uma nota que ecoa até se perder. Um bocejo murmurante. Um acorde repetido aleatoriamente. Uma bateria que entra no contratempo. Um pássaro que canta e some. São elementos que compõem a música de Keigo Oyamada, mais conhecido como Cornelius. A dificuldade que o Ocidente tem em memorizar e pronunciar nomes que vem do Oriente, somada a toda aura de mistério que envolve uma personalidade esquiva e inventada (vide o ex-Prince), motivou o músico japonês a se embalar por um disco branco, com um único ponto azul. Mas o que um maluco das colagens musicais, vindo do país do sol nascente, pode representar para nós, brasileiros? Pois é, aí é que está: pode representar muito, na medida em que a influência brasílica permeia todo o seu CD. A começar pela segunda faixa: uma seqüência de palavras (que não dispensa o encarte), num “crescendo”, muito semelhante ao que se fez em poesia concreta, e muito mais semelhante ainda às experiências dos Mutantes durante a década de 60 (basta ter em mente que Tecnicolor, com as quebradas de “Bat Macumba” [ié-ié], ganhou o mundo muito recentemente). A viagem segue em meio a barulhos de água e à sugestão de uma sonda de submarino, quando novamente o Brasil emerge em “Tone Twilight Zone”. Será que são os grilos? Ou o violão minimalista? Ou até mesmo a vinheta que evoca o “cacarejar” de um tucano? Ninguém sabe; o certo é que estamos refletidos ali, em algum lugar. A ambiência tropical prossegue em “Bird Watching - At Inner Forest”. E, mais adiante, para quem não percebeu, Cornelius arrisca uma interpretação robotizada de “Brazil” (sim, “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso, vertida para o inglês). Lógico: as quebradas e as excentricidades do moço não facilitam nem um pouco a audição, mas “Point” (esse é o nome do CD) merece uma chance; nem que seja para se reconhecer ali, furtivamente, entre as faixas. [Comente esta Nota]
>>> Point - Cornelius - Trama
 



Além do Mais >>> Una expresión genuina
Depois do México, do Chile e de Portugal, o “Prêmio Ibero-americano de Música – Tomás Luis de Victória” tem sua primeira edição em São Paulo. Originado na Espanha, seu objetivo é laurear compositores contemporâneos de países periféricos (como o nosso), concedendo um estímulo à toda essa musicalidade relegada a segundo plano, no circuito internacional. Dentre os realizadores brindados com esse reconhecimento, estão Harold Gramatges (em 1996), Xavier Montsalvatge (em 1998) e Celso Garrido-Lecca (em 2000). Após a abertura da sessão solene (no último dia 16, no Teatro Cultura Artística), alguns desses nomes tiveram suas obras executadas, durante recital da pianista cubana Martha Marchena (que, naquela noite, também homenageava a argentina Beatriz Balzi). As festividades terão continuidade no próximo dia 23, na Sala São Paulo, com apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), quando será anunciado o compositor vencedor do “Prêmio” deste ano. No programa, estão previstas as “Bachianas brasileiras nº 4”, de Villa-Lobos, bem como o “Concerto nº 3” para piano de Prokofiev. Tomás Luis de Victoria, o maior polifonista espanhol, e que dá nome ao “Prêmio”, em algum lugar do tempo e do espaço teria se orgulhado, ao perceber que suas partituras vêm sendo tocadas na América Latina através dos séculos e que sua assinatura vem distinguindo autores nestas terras de além-mar. Vale ressaltar que o “Prêmio Ibero-americano de Música” é uma iniciativa da Sociedade Geral de Autores e Editores (SGAE), fundada em 1899, em Madri, defendendo hoje os direitos de mais de dois milhões de compositores ao redor do mundo. [Comente esta Nota]
>>> IV Prêmio Ibero-americano de Música
 



Gastronomia >>> Don't panic, eat organic
Em meio à miríade de siglas classificatórias dos alimentos (light, diet, integral, natural), algumas empresas têm literalmente pelejado para divulgar produtos ditos orgânicos. Qual a diferença [a maioria deve se perguntar]? Os “organicos” são provavelmente os únicos produzidos sem defensivos químicos ou fertilizantes minerais industrializados. Além disso, a certificação desses alimentos só ocorre se a empresa que os produz não alterar o equilíbrio ecológico do ecossistema em que atua, exercendo também um impacto social e econômico positivo sobre a comunidade. [Essa terminologia lembra um pouco a certificação ISO; a diferença é que não fica só no discurso.] Muitos brasileiros não sabem, mas no interior de São Paulo está instalado o projeto que lidera a produção de açúcar orgânico no mundo: o Projeto Cana Verde, da marca Native. São mais de 20 países consumindo o açúcar da Native, que se divide entre “claro” e “dourado”, dependendo da quantidade de mel de cana armazenado entre os cristais. A empresa está tão empenhada em difundir a cultura orgânica que tem promovido verdadeiros workshops culinários nos supermercados; tendo inclusive contratado ninguém menos que Wilma Kövesi, para desenvolver receitas de bolos, geléias, molhos e pães a partir do selo Native. Além do açúcar, a marca tem apostado no café, o primeiro sem aditivos químicos no Brasil, apresentando-se nas formas: moído, em grãos e solúvel. O preço é um pouco mais elevado que o normal, mas o sabor e a aparência não deixam nada a dever aos equivalentes “aditivados”. É talvez o investimento que cada um faz por um planeta mais verde, e menos cinza. [Comente esta Nota]
>>> Native - Projeto Cana Verde - Receitas
 



Cinema >>> How deep is your love
A história se repete: uma mãe, atolada até o pescoço com os problemas do filho, para protegê-lo, resolve dar um jeitinho e acaba se enrolando cada vez mais, numa trama que envolve assassinato e chantagem. Eis o mote utilizado em “Até o Fim” (The Deep End), com lançamento pela Fox. No presente caso, o filho é homossexual; a mãe exige que ele se afaste das “más companhias”; ocorre uma morte acidental (quase um paradoxo, mas o roteiro insiste nisso); alguém aparece exigindo dinheiro e exibindo provas que incriminam o filho; a mãe faz das tripas coração para levantar o dinheiro e... [o melhor é ir ver como isso acaba]. Sem comprometer o desfecho, pode-se dizer que a mãe se envolve emocionalmente com o chantageador; esse, por incrível que pareça, também se envolve com ela e resolve ajudá-la a levantar a quantia. Muitos vão logo aproveitar a deixa e afirmar: mais um filme que visa a destruição dos valores tradicionais (!), mais especificamente, o núcleo fundamental da sociedade: a família (!). Bem, não é nada disso. Até porque família nenhuma termina destruída (ainda que a alma da pobre mulher acabe em frangalhos). Eis o grande charme dessa trama: embora os motivos sejam reconhecíveis aqui e ali, o essencial é que – apesar do turbilhão de emoções por que Tilda Swinton (a mãe) passa – a estabilidade do lar é preservada e “tudo segue como antes” (a um preço extremamente elevado, é lógico). Tudo bem, não é propriamente um acontecimento em termos cinematográficos (nem em termos de resignação e sacrifício), mas dá o que pensar. [Talvez uma homenagem atrasada e um tanto quanto canhestra ao Dia das Mães...] [Comente esta Nota]
>>> Até o Fim
 

 
Julio Daio Borges
Editor
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