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Sexta-feira,
22/12/2006
Esporte versus Cultura
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Eu gostaria de iniciar este artigo falando das diversas opções para cultura e lazer que a metrópole paulistana oferece, entretanto, não posso deixar de comentar sobre a ameaça à cultura nacional. O Congresso está correndo para soltar uma lei que conceda incentivos fiscais ao esporte. Até aí, tudo bem. O problema é que essa lei tem grande possibilidade de afetar o incentivo à cultura pelo fato de que as grandes empresas vão preferir investir seu capital no esporte, que atinge um número muito maior de pessoas, do que no cinema ou teatro. Sentindo-se ameaçados, e com certa razão, artistas de peso como Fernanda Montenegro, Ney Latorraca, Fernanda Torres, Tônia Carrero, Natália Thimberg e Marília Pêra, entre outros, foram até Brasília para tentar solucionar esse imbróglio. Esportistas como Gustavo Borges, Hortência e o ex-jogador de vôlei Bernard também estavam presentes, mas para defender a Lei do Incentivo ao Esporte, claro.
Isso não é uma competição e nem deve ser. Ambos, o esporte e a cultura, têm igual importância na sociedade pelo bem que causam às pessoas, tanto físico como intelectual, entretanto, a visibilidade do esporte é notoriamente maior. Os artistas encontram grande dificuldade para colocar seus projetos (peças de teatro e filmes) em prática pela falta de recursos, e a Lei Federal 8.313/91, ou Lei Rouanet, que proporciona Incentivo Fiscal à Cultura, aprovada com muito custo em 1991, ajudou a produzir sucessos de bilheteria como Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, o sucesso internacional indicado a quatro Oscars, Cidade de Deus, o aclamado pelo público, Se eu fosse você, e, mais recentemente, O dia em que meus pais saíram de férias, entre outros tantos, além das diversas peças de teatro, sejam elas grandes produções com artistas conhecidos, ou pequenas produções.
A Lei Rouanet foi duramente questionada quando permitiu o incentivo fiscal para o rico espetáculo canadense Cirque Du Soleil. Havemos de concordar que, mesmo com tanto incentivo, o preço do ingresso era excessivamente alto. Entretanto, outros circos, os de menor porte, chamaram a atenção do público e aumentaram assim sua audiência. A cultura foi valorizada.
Essa competição não será saudável para nenhum dos lados. Competições são benéficas entre os esportistas, ou no Oscar, aí sim se torna saudável. O melhor jogador, ou o melhor ator ou atriz do ano. Essa disputa, sim, vale a pena.
No projeto original, os 4% que as empresas recebem de isenção fiscal poderiam ser usados tanto para o esporte quanto para a cultura. Daí a polêmica. O Ministro da Cultura, Gilberto Gil, propôs uma isenção fiscal de 8%, que seriam divididos em partes iguais entre as duas categorias. O embate continuou até que o Presidente Lula exigiu uma solução para o problema. Uma nova proposta será analisada e votada. Para os artistas, a notícia os deixará respirar um pouco mais.
Para ir além
Lei de Incentivo ao Esporte
Postado por Tatiana Cavalcanti
Em
22/12/2006 à 00h23
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