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Quinta-feira,
26/9/2002
Em quem a Tropicália vai votar
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Sem muitas novidades, só para constar, segue a entrevista de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jorge Mautner, concedida a Beatriz Coelho da Silva, em que cada um fala de suas preferências políticas. Acabou de sair no Estadão:
Estado - Às vésperas das eleições, como vocês se colocam?
Gil - Eu sou Lula desde o início do segundo mandato do Fernando Henrique, mas não estou na campanha, não tem sido necessário. A campanha está muito tranqüila; o Lula, muito cônscio de seus deveres de candidato. É um candidato primoroso, magnífico que eu espero que se repita como presidente (risos). O Lula que trouxe essa idéia de união nacional em torno de uma posição, um deslocamento complicado. Perigoso, mas necessário.
Estado - E você Caetano, como está nessa situação toda?
Caetano - Estou igual, mas a situação está mudando tanto!... Desde o início, gosto dos três candidatos, o Ciro, o Lula e o Serra, das qualidades individuais e do valor histórico das três candidaturas. Não me decidi, mas o Brasil já se decidiu. O que não quer dizer que o Lula já ganhou a eleição. Eu estive com ele na casa do Gil e não disse que ia votar nele. Mas não disse também que não ia votar. Transmiti meus receios das pressões internas e externas. Mas é como o Gil disse. Não é por ser arriscado que você vai deixar de querer, né? As pressões que eu temia com o Lula talvez sejam piores com outro presidente. Eu tinha muita simpatia pelo Ciro Gomes, por causa das coisas que ele falava e ao Mangabeira Unger. Digo isso desde quando o Ciro tentou a eleição há quatro anos e não vi ser publicado na imprensa. Tenho vontade de votar em Ciro só para me opor a isso, mas meu voto é secreto. E o Ciro implodiu a candidatura, com aquelas coisas que falou, o modo de se comportar. Parece que não quer, inconscientemente. Estou falando como um psicanalista (risos), mas é porque gosto muito dele.
Estado - E o Serra?
Caetano - É o candidato mais razoável. Mas é chato falar de política porque parece que estou tomando posição. Não é o caso do Gil que tem uma posição clara. Eu não tenho. Então, eu fico contando às pessoas as minhas dúvidas, por onde minha cabeça anda, os caminhos que ela percorre. Mas o Serra é excelente, vem da área mais bem-sucedida do governo Fernando Henrique Cardoso, por causa das conquistas importantes do Ministério da Saúde, da altivez brasileira no caso dos genéricos. E o Serra foi, no governo Fernando Henrique, o maior crítico dos aspectos menos aceitáveis pelas mentes progressistas das decisões da equipe econômica. Ele deveria representar de pacificação da sociedade e Lula, a ruptura, mas o que a gente está vendo é Lula como consenso.
Estado - Como vocês imaginam o Brasil em 2003, seja lá quem for o eleito?
Gil - Eu imagino que vai dar muito trabalho. Lula vai dar trabalho (risos), não quer dizer exatamente que vai dar emprego. Tomara que esse trabalho se transforme em emprego (risos).
Caetano - Eu tenho dificuldade de imaginar o futuro próximo porque a situação mundial é intensamente dramática.
Mautner - Eu vejo o Brasil com o maior otimismo. As novas gerações vão construir tudo, novas estradas, livros, canções. Eu sou um otimista convicto em nome de Jesus de Nazaré e Xangô do candomblé.
Postado por Julio Daio Borges
Em
26/9/2002 às 09h52
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