Discurso de William Faulkner | Digestivo Cultural

busca | avançada
54083 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> 'ENTRE NÓS' – 200 obras premiadas pelo IMS em Exposição no Paço Imperial, RJ
>>> 'Meus olhos', de João Cícero, estreia no Espaço Abu
>>> Aulas de skate é atração do Shopping Vila Olímpia para todas as idades
>>> Teatro Portátil fecha o ano de 2024 em Porto Ferreira
>>> Amor Punk de Onurb
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
Colunistas
Últimos Posts
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
>>> O jovem Tallis Gomes (2014)
>>> A história do G4 Educação
>>> Mesa do Meio sobre o Primeiro Turno de 2024
>>> MBL sobre Pablo Marçal
>>> Stuhlberger no NomadCast
>>> Marcos Lisboa no Market Makers (2024)
>>> Sergey Brin, do Google, sobre A.I.
Últimos Posts
>>> E-book: Estágios da Solidão: Um Guia Prático
>>> O jardim da maldade
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Brincando de aventura
>>> Arquitetura carioca: um patrimônio menosprezado
>>> O novo GPT-4o
>>> Chega de Escola
>>> Silêncio e grito
>>> Uma Receita de Bolo de Mel
>>> Sou diabético
>>> A balela do Nacionalismo musical
>>> Copacabana e a cultura urbana carioca
>>> Vampiros à moda antiga
Mais Recentes
>>> Crónicas Ineditas - Volume 2 de Manuel Bandeira pela Cosac Y Naify (2009)
>>> O Martírio dos Suicidas de Almerindo Martins de Castro pela Feb (1992)
>>> Trilogia Da Fundação de Isaac Asimov pela Aleph
>>> Liberdade Crônica - Autografado de Maria Paula pela Faces (2011)
>>> Heróis - Coleção Mitologia de José Francisco Botelho pela Abril (2024)
>>> Marvel Comics: A Historia Secreta de Sean Howe pela Leya (2013)
>>> Contos De Fadas Pop- Up: Três Porquinhos de Pé Da Letra pela Pé da Letra (2018)
>>> Geografia E Política. Território, Escalas De Ação E Instituições de Iná Elias De Castro pela Bertrand (2005)
>>> Atlas Mundial do Vinho de Hugh Johnson e Jancis Robinson pela Nova Fronteira (2008)
>>> Zohar - Texto completo em aramaíco de N/a pela The Kaballah Centre (2017)
>>> Cem Dias Entre Céu e Mar (Edição De Bolso) de Amyr Klink pela Companhia De Bolso (2013)
>>> Autoconhecimento: O caminho para o eqilíbrio interior de Deo Volente pela Abraxas (2000)
>>> Cavalos de Elwyn Hartley Edwards pela Ediouro (1994)
>>> O Empinador de Estrelas de Lourenço Diaféria pela Moderna (2000)
>>> Merleau-ponty de Barbaras pela Ellipses Marketing (2001)
>>> Livro Declarando-Se Culpado de Scott Turow pela Record (1994)
>>> O Corpo Encantado Das Ruas de Luiz Antonio Simas pela Civilização Brasileira (2019)
>>> Manual De Programacao Neurolinguistica Pnl de Joseph O'connor pela Qualitymark (2013)
>>> Luanda beira Bahia de Adonias Filho pela Difel (1983)
>>> Livro O Relatório Popcorn de Faith Popcorn pela Campus (1999)
>>> Pedagogia Do Oprimido de Paulo Freire pela Paz And Terra (2024)
>>> 1968: O Ano que nao Terminou de Zuenir Ventura pela Nova Fronteira (1988)
>>> Livro Onde Esta O Wally? O Livro Dos Jogos 4 de Martin Handford pela Martins Fontes
>>> Livro do desassossego de Fernando Pessoa pela Tinta da China (2013)
>>> Jane Eyre (Longman Fiction) de Charlotte Bronte pela Longman (1995)
BLOG >>> Posts

Segunda-feira, 8/6/2009
Discurso de William Faulkner
+ de 11300 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Eis o discurso feito por William Faulkner durante a recepção do Prêmio Nobel de Literatura, no dia 10 de Dezembro de 1950, em Estocolmo, Suécia. O texto foi revisado e corrigido posteriormente para publicação pelo próprio autor e pode ser lido logo abaixo. A traição tradução é minha.

Veja o original em inglês.

"Senhoras e senhores, sinto que este prêmio não foi concedido a mim enquanto homem, mas a meu trabalho ― o trabalho de uma vida na angústia e no sofrimento do espírito humano, não pela glória e menos ainda para obter lucro, mas para criar dos materiais do espírito humano algo que não existia antes. Assim, este prêmio está tão somente sob minha custódia. Não será difícil encontrar, para sua parte financeira, um destino condizente com o propósito e significado de sua origem. Mas eu gostaria de fazer o mesmo com esta aclamação também, utilizando este momento como o pináculo a partir do qual posso ser ouvido pelos jovens homens e mulheres já dedicados à mesma agonia e faina, entre os quais já está aquele que um dia estará aqui onde eu estou.

Nossa tragédia, hoje, é um geral e universal temor físico suportado há tanto tempo que podemos mesmo tocá-lo. Não há mais problemas do espírito. Há somente a questão: quando irão me explodir? Por causa disto, o jovem ou a jovem que hoje escreve tem esquecido os problemas do coração humano em conflito consigo mesmo, os quais por si só fazem a boa literatura, uma vez que apenas sobre isso vale a pena escrever, apenas isso vale a angústia e o sofrimento.

Ele, o jovem, deve aprendê-los novamente. Ele deve ensinar a si mesmo que o mais fundamental dentre todas as coisas é estar apreensivo; e, tendo ensinado isto a si mesmo, esquecê-lo para sempre, não deixando espaço em seu trabalho senão para as velhas verdades e truísmos do coração, as velhas verdades universais sem as quais qualquer história torna-se efêmera e condenada ― amor e honra e piedade e orgulho e compaixão e sacrifício. Antes que assim o faça, ele labora sob uma maldição. Ele escreve não sobre amor mas sobre luxúria, sobre derrotas em que ninguém perde nada de valor, sobre vitórias sem esperança e, o pior de tudo, sem piedade e compaixão. Sua atribulação não aflige ossos universais, não deixa cicatrizes. Ele escreve não a partir do coração, mas das glândulas.

Até que reaprenda estas coisas, ele irá escrever como se compartisse e observasse o fim do homem. Eu me recuso a aceitar o fim do homem. É bastante cômodo dizer que o homem é imortal simplesmente porque ele irá subsistir: que quando o último tilintar do destino tiver soado e se esvaecido da última rocha inútil suspensa estática no último vermelho e moribundo entardecer, que mesmo então haverá ainda mais um som: sua fraca e inexaurível voz, ainda a falar. Eu me recuso a aceitar isto. Creio que o homem não irá meramente perdurar: ele triunfará. Ele é imortal, não porque dentre as criaturas tem ele uma voz inexaurível, mas porque ele tem uma alma, um espírito capaz de compaixão e sacrifício e resistência. O dever do poeta, do escritor, é escrever sobre essas coisas. É seu privilégio ajudar o homem a resistir erguendo seu coração, recordando-o a coragem e honra e esperança e orgulho e compaixão e piedade e sacrifício que têm sido a glória do seu passado. A voz do poeta necessita ser não meramente o registro e testemunho do homem, ela pode ser uma das escoras, o pilar para ajudá-lo a subsistir e prevalecer."


Postado por Yuri Vieira
Em 8/6/2009 às 11h10

Quem leu este, também leu esse(s):
01. 17 de Julho #digestivo10anos de Julio Daio Borges
02. 13 de Junho #digestivo10anos de Julio Daio Borges
03. 10 de Março #digestivo10anos de Julio Daio Borges


Mais Yuri Vieira no Blog
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
28/3/2010
23h08min
Maravilhoso. Depois de ler o discurso do Faulkner, meu dia terminará melhor do que começou.
[Leia outros Comentários de Gustavo]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Palmirinha - Delícias da Vovó
Varios
Alaude
(2016)



Pacto Sinistro - Coleção Folha - Clássicos do Cinema - Vol 5
Farley Granger e Outro
Coleção Folha
(2009)



Heróis Sem Glória
Antonio Manuel Neto Guerreiro
Neto e Cia
(1987)



Cozinhar Melhor - 12 Volumes
Vários Autores
Time Life
(1988)



Querida Mamãe: Obrigado por Tudo
Bradley Trevor Greive
Sextante
(2001)



Livro Como Vivem Os Insetos
Maria Cecília Mattos Morello
Scipione
(1989)



Disney Especial Os Aniversariantes
Walt Disney
Abril



Antes do Fim - Memorias
Ernesto Sabato; Sergio Molina
Companhia das Letras
(2000)



Tex - Ed. Especial Colorida 11
Sergio Bonelli editore
Mythos
(2018)



O Livro Dos Signos
Maria Eugênia de Castro; Luiz Augusto Figueira; Paula Dornelles
Campus
(2000)





busca | avançada
54083 visitas/dia
1,7 milhão/mês