Uma História da Tecnologia da Informação- Parte 6 | Blog de Claudio Spiguel

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Quinta-feira, 2/7/2015
Uma História da Tecnologia da Informação- Parte 6
Claudio Spiguel
+ de 3700 Acessos

Parte 6: Lembro aos leitores e leitoras que não leram Partes 1 - 5, que vocês podem acessá-las "clicando" no Mais Claudio Spiguel aí embaixo no rodapé do texto.

Antes de retomar a viagem a partir do começo da minha carreira nos Estados Unidos (12/1978), vale a pena enfatizar as consequências do Programa FLORA (o tal banco de dados de recursos naturais a nível nacional - ver Parte 5) de 1976 a 1978. Trouxemos o sistema operacional MTS - Michigan Terminal System, com o programa TAXIR, para o Brasil em 1977. Com ele veio o conceito de "time-sharing", primeiro sistema a incorporá-lo no Brasil. Ao chegarmos soubemos que a verba para "hardware" em qualquer solução havia sido negada pela então máquina de dizer NÃO do governo para importação de artigos de informática, a infame SEI - Secretaria Especial de Informática.

O time treinado em Ann Arbor para operação do sistema MTS incluiu um técnico da EMBRAPA, que estava interessada no uso do programa TAXIR para montar um banco de características genéticas de sementes, e a EMBRAPA possuía um computador IBM 370, sucessor mais poderoso dos IBM 360, no qual podíamos adaptar o MTS pela similaridade com os computadores Amdahl, conforme descrito na Parte 5.



E assim foi feito, mas conforme dito anteriormente, havia uma resistência do status quo, a turma do processamento em "batch", e o máximo que conseguimos foi uma hora de processamento na máquina durante a madrugada (2:30 às 3:30 da matina!), horário ideal para pessoas casadas há 5 anos, como eu... (risos)... mas o conhecimento da operação do sistema MTS residia com o nosso time, portanto tínhamos que, fisicamente, estar presentes para operar a máquina. Foram longas madrugadas...

Fizemos um contrato com o SERPRO para a digitação dos dados taxonômicos dos espécimes existentes nos herbários importantes dos Institutos de Botânica de São Paulo e do Rio de Janeiro, o INPA em Manaus, e o Museu Goeldi em Belém, e produção de fitas magnéticas com esses dados. Durante as madrugadas, nós operando o sistema operacional MTS no IBM 370 da EMBRAPA, o programa TAXIR lia essas fitas e codificava os dados, montando o banco de dados tão almejado. E como não dispúnhamos de verba (maldita SEI!!) para terminais e conexões, produzíamos um Catálogo Semanal com TODOS os espécimes catalogados, e o distribuíamos pelo correio não só para as organizações de origem, mas também para muitas outras Universidades e Institutos de Pesquisa que desejavam referenciar, ou solicitar empréstimo de espécimes para determinados estudos ou pesquisas.

Essa era uma solução MUITO aquém das visionárias imaginadas no início do projeto, porém um passo gigantesco, segundo os próprios pesquisadores das áreas de Botânica e Zoologia, que antes só teriam acesso àquelas coleções se visitassem pessoalmente as organizações de origem dos dados, e mesmo assim, sem uma visão completa de todos os espécimes existentes em todas as coleções. Era também possível, pela primeira vez, submeter questões ao time do projeto buscando subconjuntos de espécimes obedecendo um determinado conjunto de características expressado em álgebra booleana, o que era, na verdade, a vantagem principal de ter os dados codificados pelo programa TAXIR; por exemplo, podíamos submeter ao programa TAXIR perguntas como: Quais os espécimes catalogados de um determinado Gênero e uma determinada Família?, ou Quais os Gêneros representados no banco de dados por espécimes que apresentam folhas cordiformes (formato de coração)? As respostas às perguntas submetidas acompanhavam o próximo Catálogo Semanal. Os pesquisadores estavam simplesmente maravilhados com o serviço prestado.

Foi, no entanto, a consequência não almejada que acabou marcando época na história da computação no Brasil. Consciente do progresso representado pelo conceito de "time-sharing", contatamos os pesquisadores nas áreas de Física e Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Praia Vermelha), que também possuía um computador IBM 370, e quando eles se deram conta do que era possível fazer com o sistema operacional MTS operando o computador da Universidade para as suas pesquisas, eles o levaram para lá, e essa foi a pedra fundamental do que hoje é o Instituto de Matemática Aplicada daquela Universidade, reconhecidamente uma das mais prolíficas e produtivas entidades de pesquisa em Matemática e Ciência de Computação da América Latina. O conceito de "time-sharing" havia chegado ao Brasil.

Em 26 de Dezembro de 1978, saí do Brasil (Rio 40 graus) com minha família (esposa e 4 filhos, idades 5, 4, 3 e 1 - descobrimos que não tínhamos mãos suficientes para eles e a bagagem de mão na escada rolante do aeroporto!) rumo a Ann Arbor, para iniciar nossos estudos de pós-graduação na Universidade de Michigan. Aterrissamos em Detroit, aeroporto mais próximo de Ann Arbor, no dia 27 (-5 graus, neve pelos joelhos...). O uso do computador Amdahl da Universidade também era ainda em "batch" - entrada em cartões perfurados, saída dias depois em listagens de papel contínuo, mas no Centro de Computação da Universidade já havia a pesquisa com o MTS que eu havia visto, e nos anos que se seguiram, houve uma explosão no campus de aparecimento de terminais IBM tipo 3270 (ver Parte 5) para o uso da máquina em "time-sharing".



Como eu já disse, uma verdadeira REVOLUÇÃO no uso do computador. E eu tive a sorte de estar lá, presente, para participar dessa revolução, dessa viagem fantástica que ora tenho o privilégio de compartilhar com vocês.

Os terminais, no entanto, só decentralizavam a entrada de dados e a saída de resposta, mas não a capacidade de processamento. Por isso, esses terminais eram conhecidos como "Dumb Terminals" - Terminais BURROS! Mas os caminhos da MINIATURIZAÇÃO lançados pela invenção do transistor nos anos 50, e os caminhos da COMUNICAÇÃO lançados pela digitização da voz humana nos anos 60, e os conceitos de rede no ambiente militar americano nos anos 70 provocaram uma inevitável DISTRIBUIÇÃO da capacidade de processamento para os terminais, que se tornaram os "personal computers", os computadores pessoais que apareceram no início dos anos 80, e evoluíram aos poderosos "desktops" e "laptops" de hoje.



A Parte 7 conta esse pedaço da história. Não percam a continuação da nossa viagem fantástica.


Postado por Claudio Spiguel
Em 2/7/2015 às 19h42

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