Mateo, ou Quero Ser Buena Vista Social Club | Sobre as Artes, por Mauro Henrique

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Quarta-feira, 8/7/2015
Mateo, ou Quero Ser Buena Vista Social Club
Mauro Henrique Santos
+ de 2400 Acessos

Divulgação



Seria completamente improvável associar Mattew Stoneman, norte-americano, branco, cabelos ruivos, óculos de aros arredondados, estilo geek e de dono de startup no vale do silício a música cubana e mexicana. singelo documentário trata dessa inadequação e de seu sonho de sucesso junto aquele público.

Desde o início do filme acompanhamos Mattew, o Gringo Machiachi, ou simplesmente Mateo neste embate que não é apenas gravar o álbum, mas também o de se situar, de encontrar o seu lugar no mundo e si próprio.

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Mateo mora em um cubículo em que a bagunça e instrumentos musicais não deixam espaço nem para dormir ou relaxar. O espaço é dele, pois reside lá. No entanto, parece que são os objetos que detém a posse do lugar. Precisou afastar objetos, roupas, lixo e instrumentos para ter seu cantinho, naquele ambiente improvisado e precário. Não há lugar nem para o seu descanso. De fato, quase não há este instante no filme, mas sim a sua incessante força de tocar em diversos lugares, muitas vezes no mesmo dia, e conseguir dinheiro para gravar o disco.

Ali nem estão os seus artigos de maior importância como recortes de jornais em que era notícia, seus discos anteriores, suas letras de músicas e anotações das próximas gravações que iria fazer. Precisou alugar um quartinho para despejar parte de sua história lá - outra completa bagunça - impossível até de entrar.

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Improvisados também são os lugares que se apresenta: restaurantes, festas, aniversário e em casas de repouso, onde não prestam atenção na sua música, mais preocupados em comer, beber, conversar e se divertir# No lar da terceira idade, nem aplauso sequer, mesmo que tímido irrompe do local.

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O gringo sabe ser necessário àqueles dissabores, para reunir o dinheiro que custeará não apenas a gravação, mas acima de tudo, a estadia naquele que é seu lugar no mundo: Cuba.

Era ciente de que para gravar música cubana seria preciso ir até o país de origem daqueles músicos. E mais. Gravar no mítico EGREM. Este famoso nome é a sigla para Empresa de Gravações e Edições Musicais, em português. Fundado pelo governo cubano, em 1964, após a revolução, possui cinco estúdios, entre eles o 101, onde foram as sessões de gravação do Buena Vista Social Club de 1996.

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Neste instante o documentário, que se não apresentava estilo truncado e lento, revela momentos de maior leveza. Se nas primeiras viagens de Mateo, cada uma das idas e vindas, entre a ilha e os Estados Unidos, é pontuada por imagens que ressaltam todo o esforço que desempenhou para alcançar sua meta. No desenrolar da narrativa a tela divida ou as imagens simultâneas, do país caribenho nos estúdios e no seu país natal trabalhando, posteriormente, demonstrou ser uma solução acertada e trouxe mais dinamismo à história.

É neste instante que as feições de Matthew, por vezes impregnadas de desalento, assumem contornos de felicidade. Está em êxtase. Grava com músicos excelentes no estúdio que, para ele, emana magia. Participa de festas e principalmente, envolve-se com mulheres. 'Belas e de pernas grossas. Não existem mulheres assim nos Estados Unidos', diz. Mateo precisa dos cubanos. Tanto para o amor-música quanto para a associação vida-feliz. Contudo é dessa constatação que podemos perceber que este amor, por vezes, acrítico pode revelar também ares de ilusão.

Mateo quer ter uma casa também em Cuba. Sonha com uma vida como a de Hemingway. 'Morou vinte anos aqui', diz para Yoanasis, um de seus relacionamentos na ilha que tem uma criança. A família que o hospeda suspeita ser dele este filho. Yoanasis também é o mesmo nome de outro affair seu. Ela o acompanha no EGREM, enquanto ele a casa dela, que é lá o primeiro momento do filme que alguma plateia o tem como centro de atenções, por instantes, porém tempos depois ligam o rádio.

Os nomes iguais sugerem que os relacionamentos fluem e se desenvolvem da mesma maneira que ele vai e volta do país. Sem momentos marcantes, como aleatoriamente contratar, sem culpa, uma acompanhante, como assim o faz. Elas, a sua maneira, não exigem nada dele além do que ele já trás consigo. Como se querendo apertar mais o laço. O seu viés, mulherengo é realçado pela sua família do caribe, que informa que um dos seus problemas é o relacionamento com mulheres. Gasta o que não estava previsto com elas e precisa retornar ao seu país de origem para conseguir mais. Estima-se que Mateo tenha gasto 350 mil dólares em todo o processo de gravação - e em tudo que o envolve.

A música é o seu foco. Está acima até mesmo da relação com os pais, que não veem por décadas, justamente pelo pai ter se recusado a pegar uma gravação de Mateo com alguém, no período em que esteve preso. Compulsivo para gravar, praticou furtos e foi encarcerado. Frequenta a cidade onde nasceu, no entanto, não a casa paterna. No final do filme os vê de longe, mas é incapaz de se manifestar ou ao menos se aproximar.

Os seus pais são outros: os cubanos. Tem uma família que o recebeu em Cuba e musicalmente o Buena Vista. Podemos traçar um paralelo particular com o filme de Wim Wenders, de 1999. Naquele filme, o produtor musical Ry Cooder viaja ao país para reunir artistas locais que naquele momento enfrentavam verdadeiro esquecimento. Seu intuito era mudar esta condição. Conseguiu mais, alçou nomes como Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Rubén Gonzalez, Omara Portuondo, Eliades Ochoa e Barbarito Torres ao patamar de estrelas internacionais.

No filme de Aarron Naar são os músicos do país de Fidel que dão a possibilidade de Mateo tornar-se conhecido. Se não ao estrelato, ao menos atingiu certa dignidade na carreira e a destacada turnê japonesa. Contudo, vemos novamente um Mateo acanhado, menor, sem a presença dos músicos e o ambiente dos estúdios cubanos. Apenas pagara as sessões de gravação. Ainda hoje é complicado, em Cuba, conseguir autorizações de trabalho fora daquela localidade. Portanto, sempre se apresenta sozinho: voz e violão. Nos shows, deslocamentos pelo metrô nipônico e camarins. Momentos que não são acompanhados por sorrisos ou do seu semblante cubano. Percebemos certo nervosismo nesses instantes, sempre acompanhado de cenas em que a garrafinha de água e os goles constantes são frequentes.

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Não se trata de um road-movie como no filme do diretor alemão. Nem temos vários planos da ilha como o gênero neste caso possibilita. Contudo, neste também, temos belas imagens que simbolizam aquela localidade, como a panorâmica de um dos seus cartões-postais: o Malecón. Precisamente em um local de socialização para aqueles habitantes o protagonista está só. Iludidamente, inadequado.

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A mimetização de Mateo aparenta se restringir ao estilo boêmio dos músicos cubanos, em especial aos do Buena Vista Social Club, mas indicia até nas capas dos discos.

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Capa do disco Buena Vista Social Club, de 96

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Similar disco de Mateo

Mas não podemos limitar um filme ao que ele aparenta ter de semelhante com outro. O principal é tentar compreender em imagens o que sinaliza. Se em um vemos diante de nós a busca de veteranos que estavam em ostracismo involuntário. Neste temos um pessoa em busca dos seus anseios e de si. Como todos nós...

Bom filme!

Mauro Henrique.

Confira a próxima exibição:

Cinemateca Sala BNDES, 10/07, 16h

Mateo

Diretor:Aaron I. Naar
Ano:2014
País:Cuba, Japan, United States
Duração:90 min.
Idioma original:English, Spanish

Prêmios:
Grand Jury Award Nomination (SXSW 2014), IFP Documentary Film Lab (2013), FIND Documentary Film Lab (2013), Pacific Pioneer Fund (2011)
Participações em festivais:
SXSW 2014, HotDocs 2014, Lincoln Center Sound+Vision 2014, Camden International 2014


Postado por Mauro Henrique Santos
Em 8/7/2015 às 12h59

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