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Segunda-feira,
17/8/2015
Meu 16 de Agosto
Julio Daio Borges
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A Carol me deixou na Brigadeiro com a Paulista. Ela e a Catarina iam para uma festa infantil em Moema. (Era mais fácil a Brigadeiro, a fim de coordenar as necessidades de todos...)
Segui pela Paulista em direção ao Masp. Confesso que não curti um pessoal cantando o Hino da Bandeira, em frente ao ex-prédio da Gazeta. Um sujeito vestido de militar - era de verdade? - pedindo "intervenção constitucional", em cima do carro de som. Me pareceu que havíamos voltado no tempo.
Logo à frente, um contraponto. O Bruno Torturra, do Mídia Ninja, com uma máquina fotográfica enorme na mão, tentando retratar um velhinho - fardado? - que carregava um cartaz pedindo "intervenção militar". Quase fotografei a cena e pus uma legenda: "Bruno Torturra, do Mídia Ninja, tenta provar - para a Folha - que a manifestação pede 'intervenção militar'". Mas não havia conexão ;-(
Eu queria achar um lugar onde houvesse Wi-Fi. Minha intenção era gravar um Periscope da manifestação. Já tinha quase desistido da ideia quando, cruzando em direção ao Masp, me apareceu um sinal de Wi-Fi do Starbucks, quase no Parque Trianon. Havia um, na Paulista com Peixoto Gomide... (Eu não sabia!) De lá, realizei minhas transmissões ;-)
Primeiro Periscope que eu gravo, quem me aparece? O Bruno, do Mídia Ninja! Pensei: "Não! Agora vou ter de entrevistar..." E entrevistei. Percebi, depois, que não gravou direito no meu celular. Espero que tenha gravado no Periscope...
"Bruno?". Ele foi simpático. Perguntei se estava pela Folha. Ele disse que não. Que estava pelo El País. "E o que você está achando?", eu perguntei. "Então... Eu vim para saber se mudou alguma coisa... Ou se as pessoas estão, aqui, pedindo as mesmas coisas das outras vezes..."
O Bruno não parecia muito confortável na manifestação. Mesmo trabalhando, estava morrendo de medo de ser confundido com um manifestante. No fim, quando soube para onde eu estava gravando, fez uma cara de preocupação. (Calma, Bruno, eu sei que o Mídia Ninja era uma joint-venture sua com o Capilé - aquele do programa da Dilma - e, embora você não faça mais parte, não vou dizer que você virou anti-PT...)
Ainda gravei outros dois Periscopes. E acho que o segundo foi o melhor. Embora, quando fui assistir, não tenha registrado 100% do que está no meu celular. Acredito que a conexão do Starbucks não tenha aguentado... Então, quem viu, viu. (Quem não viu: não sei se dá para recuperar...)
Foram 165 pessoas ao vivo comigo. Eu peguei um ângulo que mostrava o Masp atrás. Havia uma boa luminosidade. E eu praticamente registrei o vai e vem de manifestantes. Alguns expectadores - fazendo bullying - começaram a xingar os paulistas. E a falar: "Aí só tem rico".
Passou um ciclista e eu resolvi entrevistar. "Você é rico?", perguntei. "Eu, não", ele sorriu. "Ricos são aqueles que queremos tirar do poder - por corrupção. Que, inclusive, enriqueceram às nossas custas", concluiu.
Depois peguei um senhor mais velho: "O senhor é rico?", perguntei. Ele sorriu também: "Eu sou da classe média!". Depois peguei um afrodescendente. Ele elogiou o civismo do povo. Parecia articulado. E tinha um sotaque. Era angolano!
Por último entrevistei um sujeito que estava do meu lado: "Eu não sou rico, não. Eu trabalhei com você!". Não reconheci na hora. Pior que havia trabalhado comigo mesmo. No banco. No Banco Real. "Eu era da Controladoria do Brasil! Você não é o Julio?". Eu ri, sem graça.
Quase sem bateria, resolvi percorrer o resto da Paulista, mas era impossível. Acabei tendo de pegar a alameda Santos, para desviar do fluxo. Dizem que tinha menos gente do que em março - mas eu nunca vi tanta gente. Só consegui voltar para a Paulista muitos quarteirões depois... Estava intransitável.
Depois, pela internet, eu soube das outras cidades. Podem falar o que quiserem. Que foi menos gente, que foi "menor" que março. Na realidade, não importa. O importante é que é a terceira vez que se critica (tanto) um governo, e um governante. Três vezes no mesmo ano!
E sem apoio da mídia, que está dividida. E sem apoio da oposição, que está, igualmente, dividida. Eu sei, existem políticos que merecem o nosso apoio. Mas *não são* os políticos que estão organizando... É a sociedade civil!
Eu posso até não fazer parte desses grupos novos, e olhar, com reservas, para alguns líderes deles. Mas é inédito o que estão conseguindo, em termos de mobilização. E com toda a esquerda contra. O governo contra... E todo o aparelhamento - desde nem sei quando...
A grande fato novo não é a oposição, em Brasília. Nem o Aécio. Nem nada disso. Somos nós! São as pessoas que hoje foram à Paulista... E nas demais cidades. Isso não é Diretas Já. Isso não é 1992. É muito maior! É o grande legado da Dilma... Esta é a suprema ironia ;-)
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
Em
17/8/2015 às 09h02
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