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Quarta-feira,
19/8/2015
A política brasileira perdeu a agenda
Julio Daio Borges
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(E os políticos, a iniciativa)
As pessoas ficam preocupadas em tirar a Dilma e o PT do poder. Em prender o Lula e, até, em cassar o registro do partido. Eu acho legítimo.
Mas eu acho que a crise vai além disso.
Quando eu vejo o Fernando Henrique Cardoso sugerindo a renúncia, ou mesmo encampando o impeachment, vejo que ele está apenas reagindo às manifestações de domingo.
E quando o Aécio diz que devemos fiscalizar os tribunais (o TSE e o TCU), o Serra acha "difícil" que a Dilma termine (o mandato) e o Aloysio Nunes sobe à tribuna do Senado para pedir o impeachment... só vejo eles reagindo ao Fernando Henrique.
Então alguém solta que agora depende do PMDB: depende do Temer, ou de quem quer que seja, romper com o PT e se unir ao PSDB - pelo impeachment.
E o governo, em vez de governar, tenta barrar o mesmo impeachment. Ora encampando a agenda de Renan Calheiros, do mesmo PMDB, ora procurando aumentar sua base, reabrindo o balcão de negócios do Congresso - a fim de inviabilizar a votação do... impeachment.
Eu não sei quanto a vocês mas, a mim, me parece que ninguém se mexe por iniciativa própria. Apenas reage: a uma manifestação popular, a um comando do supremo líder, à ameaça de impeachment.
Ninguém tem uma agenda própria. Ninguém tem um programa. O governo, muito menos. O governo vive de apagar incêndios. E a oposição precisa que a população saía às ruas para soltar alguma declaração; para cobrar as instituições; para, finalmente, encaminhar o impeachment...
Não é só o governo que anda aos trancos e barrancos. A oposição também anda.
E temos de pensar, seriamente, como será o Brasil pós-Dilma. Continuaremos tendo de sair às ruas para fazer o governo - do PMDB? - pegar no tranco? E para fazer a oposição - que talvez seja "situação" - se mexer de vez em quando?
Eu olho para o governo e vejo uma equipe desacreditada, sem nenhum talento e sem nenhuma ideia. Mas eu olho para a oposição e vejo um líder cansado, vejo outros líderes que brigam pelos seus projetos (de poder) e até vejo algumas lideranças, em outros partidos, com energia, mas sem a mesma representatividade para assumir o Brasil (e a crise).
Os estertores do governo Dilma talvez sejam só o primeiro capítulo de uma história de vácuo de poder que eu só comparo ao período da redemocratização. Assim como os militares caíram, o PT está caindo e a *esquerda* está caindo junto. Mesmo o PSDB pode cair nesse abismo de inércia, vaidades e falta de imaginação...
Eu não sei o que virá - ninguém sabe -, mas não vejo esses atores comandando a cena política, por muito tempo, no próximo ciclo.
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
Em
19/8/2015 às 15h46
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