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Segunda-feira, 5/10/2015
carta aberta a Anete Guimarães
Sonia Regina Rocha Rodrigues
+ de 37600 Acessos

A conhecida palestrante espírita Anete Guimarães fez uma palestra em que critica os ateus, segundo ela, perigosos materialistas que podem destruir nossas famílias. A crítica é motivada pela noticia de que a Grande Igreja do Espaguete Voador abrirá uma sede no Brasil. Critico aqui o uso que ela faz da palavra ateu, sem entrar no mérito nem na polêmica dos comedores de macarrão voador.

No que discordo de seu discurso, cara Anete, é sua definição de ateu.
Quem são os ateus?
O dicionário esclarece: aquele que não crê em Deus.
Cito um ateu famoso, esclarecendo sua opção em suas próprias palavras:

"As religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos. As religiões serviram sempre para dividir. A história de uma religião é sempre uma história do sofrimento que se inflige, que se autoinflige ou se inflige aos seguidores de outra e qualquer religião. E isto parece-me de tal modo absurdo que creio mesmo que o lugar do absurdo é por excelência a religião. () O mundo seria mais pacífico se todos fôssemos ateus.
José Saramago, As Palavras de Saramago - Cia das Letras."> Um ateu não é mau. Não é materialista. Nem ganancioso. Um ateu não deseja eutanásia, eugenia ou riqueza à custa da exploração alheia. Peço a Anete que reveja seu conceito, pois em uma palestra recente, falando sobre a Grande Igreja do Espaguete Voador, a cara colega (também sou médica) delirou. Ateu é simplesmente quem não acredita em Deus. alguns, como Saramago, apresentam excelentes motivos para sua opção.
Compreendo sua apreensão quanto ao grupo de cientistas ateus que representam uma influência forte para crianças e jovens, com suas idéias materialistas. Veja bem: idéias do Espaguete Voador, e não de todos os ateus do mundo! Seria o mesmo que condenar todos os cristãos pelas fogueiras da Inquisição!
Não entro no mérito da palestra, excelente, enfocando bem a necessidade das pessoas ditas religiosas serem coerentes em seu comportamento, sob o risco de serem contestadas em argumentos lógicos pelos seus filhos, coisa que aliás sempre aconteceu, independentemente de grupos que façam pouco das religiões. Muita gente se diz religiosos "não praticante", um absurdo, pois, se não pratico a religião, não sou seguidor. A outra hipótese, citada por Anete, é a hipocrisia. Convenhamos, a hipocrisia dos pais afeta mais o comportamento dos filhos que um grupo de gente estranha, pelo menos os pais estão em contato diário e têm como influenciar enormemente os pequenos.
Conheço algusn ateus que não cito porque não são famosos e não podem servir de contra exemplo. Posso citar um caso na contra mão de seu discurso, do escritor e psiquiatra Augusto Cury, que ao procurar dismitificar Deus, estudou a personalidade de Cristo e se tornou cristão.
Portanto, uma primeira categoria de ateu se apresenta: o ignorante. Ao estudar, percebe uma outra realidade e se converte, espontanamente.
O caso de José Saramago é outro, eu diria que é o da maioria dos ateus que conheço: é o indignado. Ele é genoroso, preocupoa-se com seus semelhantes e depara-se com um mundo hostil. Os personagens de seus livros são pessoas que enfrentam com dignidade as adversidades de um mundo caótico. Por exemplo, em Ensaio sobre a cegueira, uma cidade inteira é redimida da estranha doença que se abateu sobre eles pela única personagem que não foi afetada e que mostrou empatia pelo sentimento dos demais. Saramago estimula a solidariedade, do tipo que a senhora chamaria de caridade verdadeira.
Saramago é importante, famoso, rico. Nem sempre foi assim. O dinheiro não o deformou. ele é um ateu generoso que predere acreditar no ser humano, que pode consertar com amor o mudno caótico sem deus, porque ele raciocina assim "se houvesse um Deus, Ele não permitiria tanta maldade".
Há ateus generosos, que fazem o que é preciso ser feito, que amam, que oferecem auxílio a desconhecidos em dificuldades, apenas porque é o certo a ser feito,, afirmando "se eu estivesse no lugar dele, gostaria de receber apoio". Simples e coerente.
Sarmago investiu muito de seu dinheiro em cultura, incentivou jovens escritores, reconstruiu a cidade de Maputo destruída por uma inundação. e o escritor Mia Couto divulgou um depoimento tocante a respeito de como ele enviou um cheque vultoso e quando chamado para ser homenageado na inauguração de um posto de saúde construído com uma parte do dinheiro enviado parecia constrangido, e ficou comovido com o fato de darem ã construção o nome de um de seus romances, Levantado do chão.
Esse ateu Anete,e tantos outros, não cabe no saco de gatos onde a senhora os colocou, rotulados de "perigosos materialistas". Perigoso? Saramago? Não acredito. Perigosos, a meu ver, são os fanáticos religiosos, os fundamentalistas, os inquisidores, gente de mente fechada que chama cientistas de bruxos e queima gente viva, que "em nome de Deus" faz guerra. Espere aí. Deus disse "não matar"em todos os credos religiosos - Torah, Evangelho, Alcorão, sutras budistas e por aí vai.
Religiosos matam outros religiosos porque acreditam em um diferente livro sagrado. Nunca ouvi falar de um ateu que proclamando guerra para destruir os que acreditam em algum deus.
Fica o convite, Anete, para a senhora repensar sua definição. Amplie seu conceito de ateu. ao lado de quem só pensa em lucro e prazeres materiais, grupo em que há, sim, uma minoria de ateus em um universo de hipócritas, há outras categorias. Os desinformados, como Augusto Cury. Os humanitários inconformados, como Saramago, cujo coração amoroso sofre com o sofrimento do próximo e se desespera por não perceber lógica no discurso das igrejas oficiais.
Anete, você tem razão quando diz que os crentes devem setr coerentes e ter argumentos para responder a materialistas influentes o bastante para ordenar a matança de outros seres humanos. Ouso afirmar, no entanto, que os ateus humanitários serão os primeiros a combater tal comportamento.
Ateu humanitário? Sim, Anete, eles existem e são numerosos. Ateu não é sinonimo de malvado. Ateu significa apenas: aquele que não crê em um deus.


Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
Em 5/10/2015 às 10h29

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