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Domingo,
1/11/2015
A Cristaleira
Raul Almeida
+ de 1100 Acessos
O porteiro insistiu:
- A entrega é para o sr! O rapaz está aqui com a nota fiscal e tudo direitinho. Posso mandar subir ou o sr. vem resolver?
Vesti uma bermuda no lugar da calça do pijama, coloquei os chinelos, a camiseta com mangas e fui ver o que estava acontecendo. Não tinha comprado nada muito menos uma cristaleira.
- Cristaleira, respondeu o porteiro, quando insisti para saber o que é que estavam entregando.
Enquanto esperava o elevador, pensava: Um antiquário entregando uma cristaleira no meu endereço. Porque? Não comprei nada, não tenho grandes espaços sobrando. Uma cristaleira...
Os dois entregadores, de aspecto distinto e formalmente vestidos, nem esperaram que eu me dirigisse ao porteiro e foram logo inquirindo ao mesmo tempo em que me mostravam a nota:
-O Sr. é o morador deste apartamento? Então, assine aqui, por favor.
Não disse nada. Aquelas duas criaturas de atitudes firmes e determinadas, não me deixaram questionar a origem da entrega: Quem estava mandando o presente? Quem havia pagado pelo móvel que, ali na calçada, parecia ansioso para tomar seu lugar na minha vida.
- Estranho, pensei. Até que não é assim tão mal.
A peça chamava a atenção pela qualidade, beleza e harmonia de formas: Graciosos entalhes de folhas e frutinhas, pés rebuscados em trabalho de rara tornearia, vidros bisotados cuidadosamente limpos e reluzentes, um objeto de colecionador. Fiquei impressionado e, imediatamente, simpatizei com a inesperada mobília.
Enquanto o funcionário do prédio se preparava para abrir a grade e depois o portão de serviço, um rapaz encostou uma motoneta de modelo bem antigo ao meio-fio da calçada. Era um outro entregador trazendo uma orquídea dentro de uma caixa de celulóide transparente.
Atravessando a rua, a moça de cabelos cor de fogo, sardenta e clara, carregava uma saca com quitandas.
Bem ao lado da cristaleira impávida em seu momento na calçada, uma menina de pouquíssima idade, sorria e conversava numa língua estranha com uma senhora de olhar imperial, azul, firme. Mais adiante o choro de um bebê recém-nascido saia de dentro de um carrinho. Uma parada com variadas criaturas humanas de todas as raças, trajes, uniformes e idades avançava sob o ritmo de uma banda marcial.
A porta do prédio foi aberta para que os entregadores levassem a cristaleira lá para o meu apartamento onde um lugar estava prontinho para recebe-la.
Senti uma tonteira, uma queda de pressão. Tudo que vi naquele momento mágico, foi entrando na maravilhosa cristaleira. As boas coisas que aconteceram na minha vida, as realizações, os amigos, os momentos de festa e alegria.
Acordei num salto e esfreguei os olhos. A luz do sol brilhava e refletia. Levantei e dei bom dia para a natureza.
RA
Postado por Raul Almeida
Em
1/11/2015 às 10h06
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