A história da canção: entrevista Paulinho Moska | Sobre as Artes, por Mauro Henrique

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Sábado, 23/7/2016
A história da canção: entrevista Paulinho Moska
Mauro Henrique Santos
+ de 5100 Acessos

Estreia hoje nova seção do blog sobre a história por trás das canções

Divulgação

Você já se perguntou qual a origem da música que tanto gosta? Ou mesmo se intrigou com aquela que apesar de apreciar ou do sucesso parece, como boa obra de arte, ter vários significados ou aparentemente nenhum? Pensando nessa questão, o blog iniciará uma seção em que os reais compositores das letras revelam a história por trás da canção. Arte? Acaso? Trabalho incessante? Inspiração? São fatores estudados desde a Antiguidade e que permanecem sem resposta – que não seja questionada - até hoje.

Para iniciar a série de entrevista, conversamos com o músico Paulinho Moska. O músico gentilmente nos contou a história da composição das letras de Saudade e Namora Comigo que de alguma maneira contribuem mais ainda para explicar – ou seria explicar para confundir, como diria Tom Zé – os tópicos interrogativos acima. Mostrou que a música final pode surgir de um passeio, da ‘raiva’, de uma brincadeira e que, acima de tudo, não há regras pré-estabelecidas para concebê-la.

Seja arte, inspiração, técnica, habilidade ou acaso, deixemos as querelas para os estudiosos, da nossa parte espero que todos vocês se deliciem, com muito gosto, com os casos musicais que ‘tocarão’ aqui nesse espaço.



BLOG SOBRE AS ARTES - Poderia narrar, o mais detalhado possível, história que propiciou a gênese da música Saudade, em parceria com Chico César?

PAULINHO MOSKA: Chico sempre me visita quando vem ao Rio. E sempre de bom humor! Um dia ele chegou meio cabisbaixo, não sorriu quando saltou do taxi. Subiu a escada da minha casa e me disse: "Paulinho, no caminho pra cá passei pela Lagoa e vi uma cena linda: o reflexo da lua branca no manto negro das águas. Me deu uma saudade..." e me abraçou. Eu logo correspondi ao abraço e perguntei: "Saudade de quem, do quê, Chico?". E ele me respondeu: "De ninguém, de nada. Só a saudade pura mesmo!". Imediatamente após minha gargalhada de alívio, dei a ideia de fazermos uma canção sobre esse tema, a saudade pura.

BLOG -< A escrita, propriamente dita, foi a quatro mãos?

PAULINHO: Nos sentamos no sofá da sala com um violão, um papel e uma caneta, que iam se revezando nas minhas mãos e nas do Chico. Cada ideia que aparecia ia levando à uma outra.

BLOG -
O processo de composição foi árduo ou foi apenas "botar saudade em tudo"?

PAULINHO MOSKA: Teve uma fruição característica daquelas canções que já nascem prontas, foi muito intuitiva. Mas eu e Chico gostamos da palavra e cuidamos para as rimas enriquecerem o poema. Só de estar na frente dele acho que fico mais exigente comigo mesmo. Maria Bethânia me disse no camarim depois de um show dela em que Saudade estava no seu repertório: "Essa música não é sua nem de Chico, Saudade é do povo brasileiro".

BLOG - Já comentou em diversos momentos – shows, principalmente - que quando não entende alguma coisa ou algo, ela [a coisa] permanece fixa na tua cabeça, e por fim você se propõe a escrever sobre o assunto. Como é isso? Para que compõe ou escreve?

PAULINHO MOSKA: Poesia é tudo aquilo que não tem explicação. Escrever é uma forma de sobrevoar o espírito da poesia tentando criar um jogo onde as palavras liberem novos sentidos. Eu escrevo e componho sem perceber, como se fosse um segundo oxigênio que potencializa. Acho que no fim das contas escrevo e componho para sobreviver.

BLOG - Existe parceiro mais fácil ou mais difícil de compor junto? Prefere o momento da composição ou musicar algo preexistente?

PAULINHO MOSKA: Parceiro bom é aquele que escreve bem. De preferência com rimas e número de sílabas proporcionais. Adoro esse formato, que é o mesmo quando eu escrevo. O momento é muito importante. E quanto mais intimidade pessoal, maior a chance de acontecer. Não consigo compor com alguém que eu não conheça pessoalmente.

BLOG - Apesar da singularidade que a palavra ‘saudade’ possui no nosso idioma o que dizer da versão de Pedro Aznar? Trata-se de um outro tudo - outra saudade, outro sentimento, outra canção?

[Veja logo abaixo um vídeo, de qualidade não muito boa (me desculpem, rs), dos dois cantando a música]



PAULINHO MOSKA: Pedro é apaixonado pelo nosso idioma (português) e pela nossa música (MPB). A versão dele é excelente.



BLOG - Você citou a escadaria quando contou recentemente a não menos deliciosa história da música Namora Comigo. Poderia narrar ela novamente em detalhes?

PAULINHO MOSKA: Mart'nalia sempre gravou canções minhas em seu discos. Grande amiga, de casa. Um dia fui ao cinema e encontrei a empresária dela, que é também uma grande amiga minha. Perguntei sobre a Nega e ela me respondeu que Tinalia estava terminando um disco novo, mas sem música minha??? Como??? Fiquei com um ciúmes mortal e fui pra casa compor correndo uma música pra ela. Mas antes resolvi enviar um e-mail, dando uma bronca nela. Na tela branca escrevi: "POOOOOOORRRRRAA MART'NALIA!" Depois, achando que tinha pegado pesado, escrevi: "Namora comigo também né, Nega!" E a partir dessa frase escrevi a letra, gravei e enviei no mesmo e-mail a canção pronta. Quase um mês depois, no dia dos namorados, quando eu já pensava que ela não tinha gostado da música, recebi um buquê de flores gigante com um envelope (sem cartão) escrito assim: "NAMOOOOOOROOOO!!!

BLOG - Falando novamente do processo de composição da música. Apesar de não ser, me parece que você instaura outro tipo de parceria, por parecer que incorpora a figura, estilo e a voz da Mart'nália ao compô-la. É assim que acontece? Esse é o seu procedimento ao iniciar uma canção endereçada à outra pessoa, seja cantor ou mesmo um anônimo?

PAULINHO MOSKA: Não costumo compor pensando em outra pessoa. Parto do princípio de que sou eu que tenho que gostar. Se a canção ficar boa o suficiente para eu mesmo gravá-la, está pronta para ser enviada para algum (a) intérprete.

BLOG - Apesar da beleza, sensualidade e outras sensações positivas que a música suscita, ela surgiu, como aparece em alguns depoimentos seus, de uma espécie de vingança. Claro que num tom irônico. Ao saber que Mart'nália estava finalizando um álbum novo sem composições tuas. Você transforma sentimentos adversos, constantemente em canções belas? Como ocorre esse fenômeno?

PAULINHO MOSKA: Compor uma canção é como armar um jogo de quebra-cabeça, um puzzle. E nesse jogo cada jogador esconde suas intenções nas entrelinhas, nas melodias e no jeito de cantá-las. Tudo parte de um ponto (no caso foi a vingança), mas logo descamba para as outras sensações e sentimentos que afloram em seguida. Pode ser um acorde ou uma frase escrita. Dali tudo toma um novo caminho e pode se agenciar com as mais diferentes imagens.

BLOG - Já havia feito alguma composição por e-mail? Já de início pensou que sairia uma música?

PAULINHO MOSKA: Não, foi a primeira vez. Não tinha a intenção.

BLOG - Como é compor sobre pressão? Como no caso dessa canção, que havia dito para a empresária da Nega, Márcia, que tinha “umas quatro ou cinco músicas boas em casa”. Neste caso ajudou, mas costumeiramente é assim?

PAULINHO MOSKA: Eu menti. Não tinha nenhuma boa. Foi só pra ganhar tempo e me forçar a compor. Às vezes uma pressãozinha cai bem. O Zoombido (minha série de TV) é na pressão o tempo todo.

BLOG - Gostou da gravação da Mart'nália? E, além disso, qual a sua impressão da produção musical e participação, na própria canção, do Djavan?

PAULINHO MOSKA: Achei um luxo total a participação do mestre Djavan. A canção foi feita pra Mart'nalia e é lindo escutar a voz dela cantando os versos que escrevi. Imaginei a situação dela seduzindo alguém na plateia de um show.

Divulgação

Quem estiver com vontade de ouvir estas e outras histórias indico o show que o cantor estará fazendo em São Paulo, neste sábado, 23, no Teatro J. Safra, da turnê Violoz. O músico se apresenta com formato voz e violão, mas não sem novidade. Moska decidiu levar consigo seus violões favoritos para interpretar de outra maneira as canções: violão com cordas de Nylon, outro violão com cordas de aço, um barítono (afinado em Si), um violão híbrido (violão guitarra) e um ukelelê.

Além das canções que foram tema da nossa conversa acima temos também outras que são os sucessos absolutos de sua carreira: A Seta e o Alvo, Pensando em Você, Idade do Céu, Último Dia, Tudo de Novo, Muito Pouco, além de uma versão de Terra de Caetano Veloso assim como Enrosca de Guilherme de Lamounier, ambas gravadas para novelas recentemente.

Acompanhei a estreia da turnê em São Paulo, no Sesc Belenzinho, em agosto passado . Um bom show!


Postado por Mauro Henrique Santos
Em 23/7/2016 às 18h49

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