Ferreira Gullar (1930-2016) | Julio Daio Bløg

busca | avançada
37550 visitas/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> CCBB Educativo realiza oficinas que unem arte, tradição e festa popular
>>> Peça Dzi Croquettes Sem Censura estreia em São Paulo nesta quinta (12/6)
>>> Agenda: editora orlando estreia com livro de contos da premiada escritora Myriam Scotti
>>> Feira do Livro: Karina Galindo lança obra focada na temática do autoconhecimento
>>> “Inventário Parcial”
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
Colunistas
Últimos Posts
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
>>> Claude 4 com Mike Krieger, do Instagram
>>> NotebookLM
>>> Jony Ive, designer do iPhone, se junta à OpenAI
>>> Luiz Schwarcz no Roda Viva
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Minha biblioteca de sobrevivência
>>> A inocência é minha culpa
>>> Conheça o AgroTalento
>>> Na Web 2.0, WeAllTube
>>> Chilli Beans, IBM e Falconi
>>> O primeiro assédio, na literatura
>>> Autor não é narrador, poeta não é eu lírico
>>> Queridos amigos
>>> Agonia
>>> Sugerido para adultos?
Mais Recentes
>>> Livro Sweet Blood de Malu Pimpão pela Edição da Autora (2024)
>>> Livro Icarly Almanaque Volume 2 de Nickelondeon pela Cms (2012)
>>> Livro Família Guia Capricho de Adriana Teixeira pela Marco Zero (2009)
>>> O Grande Livro Do Medo Contos De Arrepiar de Pedro Rodriguez pela Ciranda Cultural (2012)
>>> Descobrindo As Garotas de Carla Nieto Martines pela Ciranda Cultural (2011)
>>> Paisagem de Lygia Bojunga pela Agir Editora (1998)
>>> Contabilidade Introdutoria de Equipe De Professores ( Fea Usp ) pela Atlas (1998)
>>> Minhas Rimas De Cordel de César Obeid pela Moderna (2005)
>>> AVC e Sono de Fernando Morgadinho Santos Coelho pela Minha (2014)
>>> Nascido Para Correr de Christopher McDougall pela Globo (2010)
>>> Se Nao For Agora, Quando Sera? de Marcelo Rittner pela Planeta (2013)
>>> A Bruxinha Atrapalhada de Eva Furnari pela Global (2002)
>>> O Menino Azul de Cecilia Meireles pela Global (2013)
>>> Nascer sabendo de Ronaldo Simões Coelho pela Ftd (1997)
>>> O Rei Preto De Ouro de Sylvia Orthoff pela Moderna (1997)
>>> Odisséia de Homero. Adaptação Leonardo Chianca pela Scipione (2000)
>>> Cara De Bolacha de Eliana Martins pela Scipione (2005)
>>> Cuidando E Crescendo - Ted Ajuda de Alison Reynolds pela Ciranda Cultural (2008)
>>> Viewpoint de Michael Mccarthy, Jeanne Mccarten, Helen Sandiford pela Cambridge University Press (2016)
>>> Brick Lane de Monica Ali pela Black Swan (2004)
>>> A Década De 80 de Marly Rodrigues pela Ática (1999)
>>> Crianças Francesas Não Fazem Manha de Pamela Druckerman pela Fontanar (2013)
>>> De Cara Com A Midia de Francisco Viana pela Negocio (2001)
>>> Já Entendi de Gladys Mariotto pela Planeta Do Brasil (2015)
>>> O Oitavo Vilarejo de Gustavo Rosseb pela Jangada (2016)
BLOGS >>> Posts

Segunda-feira, 5/12/2016
Ferreira Gullar (1930-2016)
Julio Daio Borges
+ de 4800 Acessos

Morreu o nosso último poeta digno de nome. Também o nosso último candidato a Prêmio Nobel. Podemos desistir de ganhar. Em literatura, pelo menos

Gullar, cuja família era Goulart, foi reconhecido por todos. No seu aniversário de 18 anos, sozinho no Rio de Janeiro, um único livro publicado, amigos bateram na porta do seu apartamento para comemorar com ele. O último a entrar, teve de se apresentar: "Oi, eu sou o Oswald de Andrade"

Quando estava no exílio - como Paulo Francis, foi de esquerda quando ninguém era, e deixou de sê-lo quando todo mundo virou -, viveu situações precárias e achava que poderia não sobreviver. Resolveu deixar um poema-testamento. Sobre tudo. Foi de Vinicius de Moraes a ideia de gravar Gullar recitando o poema. Quem ouvia a fita, no Brasil da época, chorava. Era o Poema Sujo

Numa das últimas Flips a que eu fui, Gullar leu o "Sujo" para a plateia. E numa das últimas edições, pela José Olympio, era encartado um CD com ele recitando o "Poema"

Além de poeta, Gullar tinha uma grande sensibilidade artística, participou do movimento neo-concretista, e foi crítico de arte. Era um ferrenho crítico da arte contemporânea e achava que a arte conceitual havia ido longe demais. "É como se a literatura ficasse presa no James Joyce, ou no Guimarães Rosa", afirmava

Também rompeu com os concretistas (os poetas concretos) - que morreram, quase todos, brigados com ele. Gullar justificava o rompimento dizendo que poesia não era matemática - e quando usavam fórmulas matemáticas para criar poemas, não havia mais sentido

Por conta do seu engajamento de esquerda, se aproximou da turma do Teatro Opinião, e se meteu a fazer poesia de cordel. Igualmente, se desiludiu. Não acreditava que seu papel, como poeta, era "sensibilizar as massas" politicamente - muito menos, produzindo poesia de baixa extração...

Ultimamente, arranjou muitas brigas, pois se tornou um grande crítico do PT, da esquerda e dos intelectuais (muitos, colegas seus). Sua coluna semanal na Ilustrada, dada a sua grande obra poética, tornara-se incômoda - para tanta gente que abraçara a utopia e não sabia mais viver sem se apoiar no governo e na Lei Rouanet...

E Ferreira Gullar - para quem não gosta da Globo - trabalhou na TV Globo. E podemos dizer que a poesia brasileira deve alguma coisa à Globo. Porque esta permitiu que Gullar vivesse dignamente enquanto se dedicava àquela...

Era um prazer ouvir Gullar falar. Era um mestre. Como tinha muita vivência, e uma obra digna desse nome, nunca lhe faltava assunto, e suas opiniões eram, no mínimo, interessantes

Ninguém poderia imaginar que um gênio desses poderia sair do Maranhão (nada contra os maranhenses), e ainda por cima se chamar José Ribamar (o mesmo nome daquele homem). Talvez Gullar tenha vindo, justamente, para redimir o Maranhão

E Gullar sofreu como pai. Tinha esquizofrenia na família, mas se colocava à disposição para falar do assunto sem rodeios - ajudando, inclusive, outros pais, e familiares, na mesma situação

A poesia brasileira fica à deriva agora. Perdeu um farol. Um norte. Como não se faz mais obras, como se fazia antigamente, ficamos órfãos - poeticamente

Claro, Gullar não viveria para sempre. E tivemos sorte por tê-lo, entre nós, durante tanto tempo. Mas olhando o horizonte da poesia brasileira hoje, não é dos mais animadores

Sobra uma poesia liliputiana, como diria Francis, pós-Leminski. E permanece a controvérsia se MPB é poesia, se "letra de música" equivale a poema e se Bob Dylan merecia o Nobel etc.

Eu acho que Dylan não merecia. Já Gullar merecia. Dá uma ideia da grandeza dele - para o Brasil e para a nossa língua

Para ir além
Compartilhar


Postado por Julio Daio Borges
Em 5/12/2016 às 11h06

Mais Julio Daio Bløg
Mais Digestivo Blogs
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!

* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Ousadia Em Estar Feliz
Dinel Correa de Campos
Novo Século
(2017)



Viagens na Minha Terra
Almeida Garrett
Edi9



As Jóias da Coroa
Raul Pompéia
Nova Alexandria
(1997)



Cumplicidade Virtual
Candice Alcantara
Casa do Psicólogo
(2013)



Almanaque do Aluá Nº2
Diversos autores
Ministério da educação
(2006)



O Método Silva de Controle Mental (15º Edição)
José Silva e Philip Miele
Record
(1977)



Os Homens Que Não Amavam as Mulheres - Millennium - Vol. 1
Stieg Larsson
Companhia das Letras
(2008)



Tudo Tem Uma Primeira Vez
Vitoria Moraes
Intrinseca
(2016)



Como se Perpetua a Família?
Adriana Wagner
Edipucrs
(2014)



Processo Do Trabalho -Série Concursos Públicos 4 Ed 2008
Renato Saraiva
Método
(2008)





busca | avançada
37550 visitas/dia
2,0 milhões/mês