O Carnaval | Sobre as Artes, por Mauro Henrique

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Quarta-feira, 1/3/2017
O Carnaval
Mauro Henrique Santos
+ de 2300 Acessos

Divulgação

Não, o carnaval na sua configuração atual não faria parte da minha paideuma (menos ainda de qualquer espécie de paidéia[1]). Esse Carnaval que conhecemos, principalmente, aquele mais divulgado na mídia, como os do sambódromo do Rio e de São Paulo, perdeu a sua principal característica de festa do povo e para o povo. Excetuo aqui o carnaval de "bloco" destes mesmos estados e o carnaval pernambucano que, em essência, e culturalmente, é lindo. De todo modo, não sou especialista em carnaval. O que me interessa são algumas composições que, estas sim, mereceriam figurar em uma lista por sua qualidade inegável e por serem representantes "não desvirtuadas" deste espírito carnavalesco: os sambas-enredo e marchinhas e etc.

Elenco aqui alguns que fazem parte da minha antologia: Aquarela Brasileira, composto por Silas de Oliveira, samba-enredo da Império Serrano, em 1964.

Este, para mim, é o maior samba-enredo de todos os tempos. Por aliar um bom "andamento" e cadência à um certo didatismo, é uma verdadeira aula - geográfica, cultural- sobre o Brasil. Até hoje me arrepio somente por ouvir o início desse samba, seja a versão da Império ou mesmo do Martinho da Vila que o gravou depois. Letra logo abaixo:

AQUARELA BRASILEIRA

Vejam esta maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela
Do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapoã
De Iracema e Tupã
Fiquei radiante de alegria
Quando cheguei à Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
Assisti em Pernambuco
À festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza e arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste por todo o centroeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
O Rio dos sambas e batucadas
De malandros e mulatas
De requebros febris

Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram em aquarela o meu Brasil

Lá rá rá rá rá
Lá lá lá lá iá

Ouça e veja aqui:



Se tratando de Império Serrano há ainda um outro samba de rara beleza e de grande conhecimento público, apesar de poucos saberem sua origem. Estou falando do samba-enredo chamado A Lenda das Sereias Rainhas do Mar que foi muito popular nos anos 70 na voz de Clara Nunes e depois com Marisa Monte, composto para o carnaval de 1976 por Vicente Mattos, Dinoel Sampaio, Arlindo Velloso.

A Lenda das Sereias Rainhas do Mar

O mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante
Olha o canto da sereia
Ialaô, Okê, laloá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com a doce melodia
Os madrigais vão despertar Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz ela semeia (bis)
Toda a corte engalanada
Transformando o mar em flor
Vê o Império enamorado
Chegar à morada do amor
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Inaê (bis)
Janaína, Iemanjá
São Rainhas do Mar...

Veja:



A Império também tem o quase impronunciável, e acho que onomatopaico, samba Bumbum Praticumbum Prugurundum [Beto sem Braço e Aluísio Machado]. O samba tem um sabor metalinguístico e fala sobre os acontecimentos do carnaval e sensações advindas dele. Acompanhe!



Limitando-se somente em sambas-enredo que fizeram sucesso também na música popular brasileira, a escola de samba carioca União da Ilha possui dois belos exemplares: O Amanhã e É Hoje.

O Amanhã, composta para o carnaval de 1978, foi regravada pela cantora Simone e possui aquele conhecido refrão:

""Como será o amanhã
Responda quem puder
O que irá me acontecer
O meu destino será como Deus quiser".




Em 1982, essa escola veio com outro grande samba que já foi regravado por Caetano Veloso e fez grande sucesso com Fernanda Abreu. Quem nunca ouviu ou cantou esses versos:

"É hoje o dia da alegria
É a tristeza, nem pode pensar em chegar
Diga espelho meu!
Diga espelho meu
Se há na avenida alguém mais feliz que eu".




O Salgueiro entra nessa lista com o samba Peguei um Ita no Norte, de 1993, com os conhecidos versos: "Explode Coração! Na maior Felicidade! É lindo meu Salgueiro! Contagiando e sacudindo essa Cidade".

Desfile completo:



Outro antológico, e que foge à essa temática festiva, é o da escola de samba Em Cima da Hora, Os Sertões, livremente inspirado no livro homônimo de Euclides da Cunha e na Guerra de Canudos.

Aqui!



De temática social também é o samba-enredo da Mangueira, de 1988, 100 Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão que como já expresso no título fala sobre a escravidão e questiona se ainda estamos, ou não, nesse período.



Lembro também uma das marchas mais conhecidas do carnaval, principalmente quando falamos de Pernambuco: Vassourinhas [Mathias da Rocha e Joana Batista Ramos]. Se você pensa que não conhece essa marchinha, engana-se pois geralmente quando vemos, em qualquer lugar, alguém dançando frevo geralmente é ao som deste frevo.Veja a Orquestra do Maestro Spok:



Ademais, para não ficar com apenas um representante do nordeste brasileiro, mesmo que ela não seja propriamente feita para o carnaval, ela é parte integrante de diversos trios elétricos na Bahia, desde o de Moraes Moreira ao Trio de Dodo & Osmar : Pombo Correio , de Moraes, aqui com introdução do gênio Armandinho na guitarra baiana.

Termino esta lista, contando com a participação de vocês, para lembrar de mais sambas/marchinhas e etc significativas e marcantes do carnaval.

Já deixo a minha contribuição com uma bela e paulistana marchinha de Adoniran Barbosa e Marcos Cesar, na performance dos Demônios da Garoa: Vila Esperança

Vila Esperança, foi lá que eu passei
O meu primeiro carnaval
Vila Esperança, foi lá que eu conheci
Maria Rosa, meu primeiro amor

Como fui feliz, naquele fevereiro
Pois tudo para mim era primeiro
Primeira rosa, primeira esperança
Primeiro carnaval, primeiro amor criança

Numa volta no salão ela me olhou
Eu envolvi seu corpo em serpentina
E tive a alegria que tem todo Pierrot
Ao ver que descobriu sua Colombina

O carnaval passou, levou a minha rosa
Levou minha esperança, levou o amor criança
Levou minha Maria, levou minha alegria
Levou a fantasia, só deixou uma lembrança...



E vocês, alguma sugestão?

Bom Som!

Mauro Henrique.

___________

[1]. Paidéia é, segundo Jaeger, em livro de mesmo nome; o sistema educativo que visava formar o homem individual, e mais ainda, o cidadão.


Postado por Mauro Henrique Santos
Em 1/3/2017 às 21h52

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