A imagem sem fim da contemporaneidade | Relivaldo Pinho

busca | avançada
48532 visitas/dia
1,8 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Exposição sobre direito das mulheres à cidade ocupa o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
>>> A Quatro Vozes canta o Clube da Esquina em Guararema pela Caravana Sotaques do Brasil
>>> Série para TV retrata o trabalho da Pecuária brasileira
>>> Na’amat promove espetáculo musical beneficente baseado em ‘Aladdin’
>>> Concertos gratuitos levam obras de Mozart e Schumann para a população em outubro
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
>>> Poesia sem oficina, O Guru, de André Luiz Pinto
>>> Ultratumba
>>> The Player at Paramount Pictures
>>> Do chão não passa
>>> Nasce uma grande pintora: Glória Nogueira
>>> A pintura admirável de Glória Nogueira
>>> Charges e bastidores do Roda Viva
Colunistas
Últimos Posts
>>> Graham Allison no All-In Summit (2023)
>>> Os mestres Alfredão e Sergião (2023)
>>> Como enriquecer, segundo @naval (2019)
>>> Walter Isaacson sobre Elon Musk (2023)
>>> Uma história da Salon, da Slate e da Wired (2014)
>>> Uma história do Stratechery (2022)
>>> Uma história da Nvidia (2023)
>>> Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil
>>> Paulo Guedes fala pela primeira vez (2023)
>>> Eric Santos sobre Lean Startup (2011)
Últimos Posts
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
>>> AMULETO
>>> Oppenheimer: política, dever e culpa
>>> Geraldo Boi
>>> Dê tempo ao tempo
>>> Olá, professor Lúcio Flávio Pinto
>>> Jazz: 10 músicas para começar II
>>> Não esqueci de nada
>>> Júlia
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Bienal do Livro em Minas e o acesso à cultura
>>> O chimpanzé, esse nosso irmão
>>> O blogueiro: esse desconhecido
>>> PodSemFio, da Garota Sem Fio
>>> Essa o Homer não vai entender
>>> Capacidade de expressão X capacidade linguística
>>> Aleksander Dugin e a marcha da Tradição
>>> Público, massa e multidão
>>> Thereza Simões
>>> Get your flight... lounge music
Mais Recentes
>>> Livro Literatura Brasileira Capitães da Areia de Jorge Amado pela Record (2005)
>>> Livro Literatura Estrangeira Vineland de Thomas Pynchon pela Companhia das Letras (1991)
>>> Livro Literatura Brasileira Capitães da Areia de Jorge Amado pela Record (2005)
>>> Kardec, Jesus E A Filosofia Espírita de Nazareno Tourinho pela Feesp (1994)
>>> Livro Literatura Estrangeira A Fundação e a Terra Livro Cinco da Famosa Série A Fundação de Isaac Asimov pela Record (1986)
>>> Livro Literatura Brasileira Capitães da Areia de Jorge Amado pela Record (2005)
>>> Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne pela Ftd (2013)
>>> Livro Literatura Brasileira Capitães da Areia de Jorge Amado pela Record (2004)
>>> Livro Infanto Juvenis Pollyanna Moça Biblioteca das Folhas Volume 93 de Eleanor H. Porter pela Companhia Nacional (2002)
>>> Livro Gibis Naruto Vol. 10 de Masashi Kishimoto pela Panini (2007)
>>> Os Segredos da Mente Milionária de T. Harv Eker pela Sextante (2006)
>>> Alguém Muito Especial de Miriam Portela pela Moderna (2002)
>>> Quando Atitudes (Trans) formam " When Attitudes (Trans)form" de Shirley Paes Leme pela Do Autor (2015)
>>> Livro Gibis Naruto Vol. 9 de Masashi Kishimoto pela Panini (2016)
>>> Livro Literatura Estrangeira Contato de Carl Sagan pela Companhia das Letras (1997)
>>> Livro Religião Instruções Espirituais Diálogos Com Motovilov de Serafim de Sarov pela Paulinas (1989)
>>> Livro Literatura Estrangeira O Livro do Riso e do Esquecimento de Milan Kundera pela Nova Fronteira (1987)
>>> Petrus Logus - Guardião do Tempo de Augusto Cury pela Saraiva (2014)
>>> Livro Literatura BrasileiraO Ramo de Hortênsias de João Carlos Pecci pela Artesanal (1986)
>>> Livro Turismo Argentina e Chile Roteiros de Sonho Pelas Capitais e Destinos Exóticos de Norte a Sul Coleção Viagem Ilustrada de Rosana Zakabi (coord.) pela Abril (2011)
>>> Guerra Civil de Stuart Moore pela Novo Século (2014)
>>> Anatomia do Poder de J. Kenneth Galbraith pela Pioneira (1986)
>>> O Guarani - Livro de Bolso de José de Alencar pela Ediouro (1996)
>>> Britney Spears - A História Por Trás do Sucesso de Lynne Spears pela Thomas Nelson Brasil (2009)
>>> Os componentes da banda de Adélia Prado pela Guanabara (1985)
BLOGS >>> Posts

Sexta-feira, 10/11/2017
A imagem sem fim da contemporaneidade
Relivaldo Pinho
+ de 1000 Acessos




O panorama era um aparato no qual as pessoas olhavam, através de orifícios, imagens que eram projetadas em uma rotunda. Surgiu no final do Século 18 e, após seu advento, vários outros equipamentos se seguiram que tinham por função “iludir” os olhos (trompe-l’oeil) e exibir a fantasia das imagens.

Na técnica do panorama, as imagens eram apresentadas em sequência e com efeitos visuais que encantavam os espectadores. Esse mecanismo, de vários modos, já prenunciava a instauração de novas formas de exibição e percepção que seriam, em meios como o cinema, elementos constitutivos da imagética contemporânea.

A experiência contemporânea ampliou essa sensação. Não apenas pelo caráter onipresente de suas aparições, mas porque essas aparições tomariam, cada vez mais, o aspecto de uma sequencialidade ininterrupta nas ruas das grandes cidades e nas imagens dos produtos televisivos.

A publicidade, o jornalismo e a ficção assumiriam não somente uma relação com a vida, mas modificariam o modo da percepção daquilo que vemos, porque sempre haveria, nesse perceber, um elemento de continuidade que nem sempre permitiria o espaço para a interrupção.

A programação televisiva, que corre durante um dia todo, é o exemplo mais conhecido desse processo. Os seriados, as telenovelas, por exemplo, que se realizam em sequências, e o jornalismo, com a exibição do “mundo em um minuto”, são alguns dos modelos dessas técnicas de exibição que nos dão um sentido permanente de continuidade e infinitude.

Já estamos longe de considerar, hoje, esse processo, tão empiricamente conhecido por todos, apenas como um mecanismo manipulador e, nós, como meros receptores mecanicamente condicionados. Não se pode unicamente dizer que o aparato imagético sobre nós sempre, incontrolavelmente, precipita-se, e que o espectador é somente um receptáculo cumulativo de mensagens.

Mas o que dizermos, sobre algumas dessas características, nos mais recentes meios comunicacionais? Abre-se o canal de vídeos na internet e, ao assistirmos à imagem desejada, segue-se, se não se desativar a exibição contínua, outra. O sistema “crê”, pelos seus cálculos algorítmicos, que aquela imagem mantém alguma relação de continuidade com a anterior.

Assiste-se a um filme ou série na Netflix e o autômato aparato, como em um panorama atual, inicia, em alguns segundos – tempo de darmos uma olhada em uma mensagem no celular –, a tela seguinte. A rotunda, agora, exibe as imagens circularmente, é feita de bytes e, em alta definição, ainda procura “iludir” os olhos.

Dependendo das escolhas, outra interrupção do processo se dá por inserções comerciais que, quase sempre, provocam certo descontentamento. É preciso considerar que, de certa forma, a percepção contemporânea mantém uma paradoxal relação com esse paradoxo do tempo ininterrupto.

A interrupção que descontenta, também ocorre porque, de certo modo, ela interrompe não apenas o prazer, mas porque o prazer funciona pelo hábito da imagem contínua, por uma familiaridade perceptiva, pelo modo como ambas se apresentam, se realizam.

É paradoxal, também, porque a saturação das imagens do cotidiano gera incômodo, mas esse desconforto, isoladamente, nem sempre é capaz de substituir essa familiaridade, essa quase incontrolável saciedade.

Esse fluxo contínuo de imagens convida “o espectador a fazer o impossível. Ou seja, ver todas as telas ao mesmo tempo, em sua diferença aleatória e radical” (F. Jameson, Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio). São sequências persuasivas e, em play contínuo, conquistadoras. Não se pode ignorar a fantasia desse convite. Mas ele não precisa ser tomado como único.



Na conhecida sequência final de Os incompreendidos (Truffaut, 1959), Antoine Doinel, o indomável protagonista do filme, corre pela praia, com uma melancólica música ao fundo. Repentinamente, ele para e se volta em direção à câmera que faz um zoom e, em close, congela seu rosto. A sequência imagética é interrompida e sentimos toda a dramaticidade da vida do menino, seu olhar perdido, assustado e angustiado.

Essa fixação da imagem suspende nossa continuidade perceptiva e nos recoloca, como em uma outra rotunda cíclica, diante de uma nova abertura para o tempo, para a percepção. Aquele final não é um fim. Vemos a narrativa se voltar para nós, nos dizer algo, e cristalizamos, em toda sua significação, uma história, uma imagem.


Publicado em O Liberal, 09 de novembro 2017, p. 02. E em: Relivaldo Pinho


Postado por Relivaldo Pinho
Em 10/11/2017 às 16h05

Mais Relivaldo Pinho
Mais Digestivo Blogs
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!

* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




E Agora Brasil?
José Yunes (org)
Oab - Sp
(1988)



A Organização por Trás do Espelho
Fela Moscovici
José Olympio
(2001)



Aquarela Sertaneja
Beth Cançado
Corte



Anuário Espírita 1999
Salvador Gentile (Diretor)
IDE - Instituto de Difusão Espírita
(1999)



História, Ciência e Infância
Júnia Sales Pereira
Argvmentvm
(2008)



Livro - Amor Culpa e Reparação e Outros Trabalhos: 1921 - 1945
Melanie Klein
Imago
(1996)



El Capital: Crítica De La Economía Política - Libro III
Carlos Marx
Fondo de Cultura Económica
(1968)



Você Sabe Usar o Poder da Mente
Jim Reis
Senac
(2009)



/Mickey Nº 861
Walt Disney
Abril
(2014)



A Logistica na Administraçao Publica
Alisson Marcelo Laurindo, Alex Volnei Teixeira
Intersaberes
(2014)





busca | avançada
48532 visitas/dia
1,8 milhão/mês