A fantástica volta (blogueira) ao mundo | Marcelo Maroldi | Digestivo Cultural

busca | avançada
58588 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Espetáculo teatral “Odila” chega ao interior de Caxias do Sul
>>> Empresário caxiense que instalou complexo de energia em aldeia indígena no Acre lança documentário
>>> Fernanda Porto lança música e videoclipe em homenagem a Gal Costa
>>> 75% dos líderes de marketing veem a IA generativa como ferramenta criativa essencial
>>> Printed Editions Online Print Fair
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
>>> Poesia sem oficina, O Guru, de André Luiz Pinto
>>> Ultratumba
>>> The Player at Paramount Pictures
>>> Do chão não passa
>>> Nasce uma grande pintora: Glória Nogueira
>>> A pintura admirável de Glória Nogueira
>>> Charges e bastidores do Roda Viva
Colunistas
Últimos Posts
>>> Como enriquecer, segundo @naval (2019)
>>> Walter Isaacson sobre Elon Musk (2023)
>>> Uma história da Salon, da Slate e da Wired (2014)
>>> Uma história do Stratechery (2022)
>>> Uma história da Nvidia (2023)
>>> Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil
>>> Paulo Guedes fala pela primeira vez (2023)
>>> Eric Santos sobre Lean Startup (2011)
>>> Ira! no Perdidos na Noite (1988)
>>> Legião Urbana no Perdidos na Noite (1988)
Últimos Posts
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
>>> AMULETO
>>> Oppenheimer: política, dever e culpa
>>> Geraldo Boi
>>> Dê tempo ao tempo
>>> Olá, professor Lúcio Flávio Pinto
>>> Jazz: 10 músicas para começar II
>>> Não esqueci de nada
>>> Júlia
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O que fazer com este corpo?
>>> Acho que entendi o Roberto Setubal
>>> Flip 2005
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Arte sem limites
>>> BBB, 1984 e FEBEAPÁ
>>> Costume Bárbaro
>>> Infinitely Fascinating People
>>> Era uma vez um inverno
>>> A Auto-desajuda de Nietzsche
Mais Recentes
>>> Chatô: o rei do Brasil de Fernando Morais pela Companhia das Letras (1994)
>>> A Inclusão de Trabalhadores Com Deficiência na Construção Pesada de Caroline Melloni Moraes do Nascimento Cliver pela Rg (2018)
>>> The New Race Question: How the Census Counts Multiracial Individuals de Joel Perlmann pela Russell Sage Foundation (2002)
>>> 102 Minutos. A História Inédita Da Luta Pela Vida Nas Torres Gêmeas de Jim Dwyer pela Zahar (2005)
>>> Literatura Da Cultura De Massa de Waldenyr Caldas pela Musa (2000)
>>> Changing Lives: Gustavo Dudamel, El Sistema, and the Transformative Power of Music de Tricia Tunstall pela W. W. Norton & Company (2012)
>>> Os contos de Beedle, o Bardo de J.K. Rowling pela Rocco (2008)
>>> S.O.S Ong de José Alberto Tozzi pela Gente (2015)
>>> Histórias do Grande Mestre de Ellen G. White pela Cpb (2014)
>>> Trajetorias De Grandes Lideres - Carreira De Pessoas Que Fizeram A Dif de Lucinda Watson pela Negócio (2001)
>>> Everest - escalando a face norte de Matt Dickison pela Gaia (2007)
>>> A Vida do Bebê de Rinaldo de Lamare pela Agir (2014)
>>> A hora da vingança de George Jonas pela Record (2006)
>>> Google Adwords - A Arte Da Guerra de Ricardo Vaz Monteiro pela Brasport (2007)
>>> Manicômios, Prisões E Conventos de Goffman, Erving pela Perspectiva (1987)
>>> Jornada Nas Estrelas - Memorias de William Shatner pela Nova Fronteira (1993)
>>> Sete casos do detetive Xulé de Ulisses Tavares pela Saraiva (2010)
>>> Mudando o seu destino: novos instrumentos dinâmicos de astrologia e de visualização para formar o seu futuro de Richard Zarro pela Summus (1991)
>>> Como Deus cura a dor de Gabriel García Márquez pela Record (1996)
>>> Como Deus cura a dor de Mark Baker pela Sextante (2008)
>>> Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis pela Martin Claret (2008)
>>> The Landmark Dictionary - para estudantes brasileiros de inglês de Richmond pela Richmond (2008)
>>> Sherlock Holmes: Um Estudo em Vermelho de Sir Arthur Conan Doyle pela Melhoramentos (2011)
>>> Sherlock Holmes: O Signo dos Quatro de Sir Arthur Conan Doyle pela Melhoramentos (2011)
>>> Bíblia Sagrada - Ed. de Promessas de Vários pela King's Cross
COLUNAS

Sexta-feira, 8/4/2005
A fantástica volta (blogueira) ao mundo
Marcelo Maroldi
+ de 4000 Acessos
+ 3 Comentário(s)

Assisti parcialmente a série "A fantástica volta ao mundo", exibida pelo Fantástico e apresentada pelo jornalista Zeca Camargo. Gostava. Com o término da viagem, tive certeza de que surgiria um livro, o que se concretizou: A fantástica volta ao mundo: registros e bastidores de viagem por Zeca Camargo, Zeca Camargo, Editora Globo (2004). Zeca Camargo é uma pessoa bastante simpática, admito, e bem informada. Um das primeiras entrevistas que vi sobre o livro foi no programa Vitrine (TV Cultura) feita pelo Marcelo Tas. Ali, Zeca já deixava bem claro que aquele era um livro de relato pessoal de viagem, nada mais. Não é um guia de viagem, não é um guia das cidades, nem nada disso (e, assim, esse é um dos motivos que me levam a perguntar por que então está entre os mais vendidos? É uma narrativa pessoal e de algo que já foi exibido! Marketing? Prestígio do jornalista? Uma boa história? Tudo isso, talvez).

Antes de começar a ler, fiquei impressionado com a qualidade estética do livro. É realmente boa, com muitas fotos, diagramação não convencional, criatividade, etc. Iniciando sua leitura, comecei a cansar rapidamente. A história parece que não sai do lugar... No próximo país, nada muda, e nem no seguinte, e no seguinte ao seguinte... Evidente que há novos acontecimentos, mas, mesmo assim, parece que nada mudou e o Zeca continua lá, contando suas aventuras e dando suas opiniões pessoais, dizendo os seus gostos e as suas impressões. Em um determinado momento, pensei: isso não é um livro, isso é um blog! Acertei na mosca! Logo depois, o autor diz que manteve um blog enquanto viajava e que este foi sua principal fonte ao escrever o livro. Não tem nada de errado em transformar o blog em livro (está até na moda!) mas, ler 400 páginas repetitivas de um blog pode ser bastante cansativo...

Mas, ainda assim, sua leitura pode ser interessante, em especial, se não for levada muito a sério e jamais como guia de viagem ou algo similar. Uma leitura sem compromisso, relaxante, e às vezes divertida. Um blog de viagem, portanto. Desses que seus primos fazem quando viajam por aí...

Os brasileiros e o topo do mundo
É sempre igual. Termina o ano, outro começa, e é sempre tudo igual. É só esperar, pois logo vai acontecer... Época de Oscar: filme brasileiro tem tudo para ser escolhido e levar o prêmio (ainda que seja um filme fraquíssimo como Olga). Não leva... que injustiça! Prêmio Nobel se aproximando: presidente Lula tem tudo para ser indicado ao Nobel da Paz. Mas não o é... claro, é um ex-torneiro mecânico! Morre o papa João Paulo II: brasileiro é o nome mais forte para ser seu sucessor... Não acontece! (desculpem-me, leitores, mas já me adiantei ao resultado). Por que, neste país, sentimos tanta falta desse tipo de projeção mundial? Por que precisamos tanto que os outros reconheçam nosso valor? Por que os brasileiros sentem tanta necessidade de serem o número 1? Por que, todos os dias, a mídia nacional apresenta reportagens como essa? E, então, por que quase nunca somos os vencedores nesse tipo de coisa? Por que só somos os melhores em coisas menores? A modelo mais bonita, o maior piloto de fórmula 1, o maior estádio de futebol do mundo? Aliás, somos tão arrogantes que nem aceitamos comparar Pelé e Maradona (quem entende de futebol sabe que Pelé é realmente superior, mas, os hermanos não têm direito de quererem ser o número 1? Só nós temos?).

Não pretendo de modo algum escrever sobre a baixa auto-estima do brasileiro, não tenho competência para fazê-lo. Queria investigar brevemente, apenas, por que 500 anos de exploração e vergonha nos transformaram no que somos: um grupo de pessoas que querem ser o número 1, o número 1 que nunca chega, aliás. Há 20 anos que bradamos ao mundo que seremos o país do futuro. Há 20 anos que o mundo se pergunta quando é esse futuro. Calma, é logo ali... seremos o motor do mundo - we are te champions!. É comum aparecerem na televisão pessoas místicas (numerólogos, tarólogos, astrólogos e outros "ólogos") que afirmam que o Brasil tem um papel decisivo na história do mundo. Fundamental! Até no terceiro milagre de Fátima ousaram dizer que se tratava do Brasil, chefe do mundo. Por que isso? Não sei dizer se acontece em todos os outros países, mas aqui a intensidade é gigantesca. Por que não podemos ser simplesmente um país valoroso, que respeita e é respeitado, por que temos que ser a potência desse século, como diz nosso presidente (aliás, sempre que ouço Lula discursando, lembro daquele ditado popular: quem fala demais dá bom-dia a cavalo)? Quem semeou na mente brasileira que temos que ser o número 1? Isso não é nada novo... Querer vencer é outra coisa. Isso me parece equívoco mesmo.

E a mídia, o que faz? Que tipo de serviço pensa que está prestando às pessoas? Não está prestando nenhum! Um mundo tão interessante como este e ficamos correndo atrás de notícias desse tipo... Tanta coisa acontecendo e falamos o tempo inteiro de assuntos em que o brasileiro supostamente é o número 1. Diabo! Por que não fazemos nossa lição de casa e então talvez um dia sejamos bons - tanto quanto os demais - em alguma coisa? No momento, não conseguimos nem ter o melhor cinema da América do Sul, como podemos falar de filmes brasileiros injustiçados! Somos tão carentes que perseguimos sempre o primeiro lugar, queremos sempre o topo do mundo, e muita gente pega carona no assunto.

Pouca pessoas gostam mais deste país do que eu, e, ainda que eu acredite que construiremos uma nação melhor, cansa ouvir sempre a mesma ladainha. Está na hora dos brasileiros pararem de anunciar que está chegando o grande dia e trabalharem para que ele um dia chegue, de fato. Eu não quero ter a melhor seleção de futebol do mundo! Quero ter uma renda per capita que permita aos meus que comam todos os dias 3 vezes. Não quero que um ator brasileiro faça uma ponta (sem falas) em uma superprodução (As Panteras, Rodrigo Santoro) de Hollywood! Quero um cinema brasileiro forte, onde atores de outros países façam testes para aparecerem 5 segundos nas nossas cenas. E prefiro um prêmio Nobel em física ou química, a um Nobel da Paz, pois isso vai significar que temos investimentos em educação e tecnologia, enquanto que o Nobel da Paz é muito mais mérito pessoal do ganhador. Não quero ser o número 1... quero um país de alfabetizados, vestidos e alimentados buscando e construindo um país de verdade, igual à busca de todos os demais países.

Para ir além






Marcelo Maroldi
São Carlos, 8/4/2005

Quem leu este, também leu esse(s):
01. A realidade, na verdade, é mentira de Ivan Bilheiro
02. Por que as curitibanas não usam saia? de Adriana Baggio
03. Esquadrão Classe A de Gian Danton
04. Quem não gosta de uma boa história? de Ana Elisa Ribeiro
05. Estamira: a salvação no lixo de Marília Almeida


Mais Marcelo Maroldi
Mais Acessadas de Marcelo Maroldi em 2005
01. Como escrever bem — parte 1 - 13/6/2005
02. Como escrever bem — parte 2 - 27/6/2005
03. Como escrever bem – parte 3 - 11/7/2005
04. A ousadia de mudar de profissão - 28/11/2005
05. O que é ser jornalista? - 22/8/2005


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
9/4/2005
13h08min
"Eu não me confessei porque não tenho pecados". Marcelo, esta declaração do "nosso" Presidente no enterro do Papa, é a síntese do ufanismo que impera neste país.
[Leia outros Comentários de Marco Garcia]
11/4/2005
12h21min
Você disse tudo, Marcelo. Eu não preciso dizer nada, mas faço questão de fazer coro, desta vez. Que o brasileiro faça mais e fale menos. Uma abraço!
[Leia outros Comentários de Alessandro de Paula]
17/4/2005
14h41min
Parabéns. Não tenho nada a acrescentar quanto ao ufanismo barato. Agora, quanto ao livro do Zeca Camargo, achei exatamente o oposto: um diário pessoal, mas interessante, mas uma programação visual vergonhosa. Tenta imitar o estilo de revista, intercalando páginas mal diagramadas de texto corrido com páginas de citações e "seções especiais" que só travam o fluxo de leitura. Me desestimulou um pouco... Padrão global de design, fazer o que...
[Leia outros Comentários de David]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




/Zé Carioca Nº 2309
Walt Disney
Abril
(2007)



Episódio da Vida de Tibério
J. W. Rochester psicografado por Vera Kryzhanovskaia
Lake
(1999)



Política Educacional Brasileira - Volume 1
João Cardoso Palma Filho
Cte
(2005)



A Mortalha de Ferro Ou a Vingança Italiana - Raridades do Conto Gótico
William Mudford / Carlos Primati - Tradução
Sebo Clepsidra
(2021)



Casais Trocados
John Updike
Abril
(1982)



O Universo dos Números - 4ª Ed (Raro Exemplar)
Charles Vega Parucker
Amorc
(1988)



Livro Psicologia Desenvolvimento Matemático na Criança Explorando Notações
Barbara M Brizuela
Artmed
(2006)



Livro Infanto Juvenis Meu Irmão Corre Atrás dos Dinossauros Minha história e de Giovanni, que tem um cromossomo a mais
Giacomo Mazzariol
Paulinas
(2019)



Os Segredos da Alimentacao Saudavel
Barry Glassner
Larousse
(2007)



Ler, Viver e Amar
Jennifer Kaufman
Casa da Palavra
(2011)





busca | avançada
58588 visitas/dia
1,7 milhão/mês