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Terça-feira, 13/9/2005
A extensão do Mensalão
Lucas Rodrigues da Silva
+ de 5100 Acessos

A extensão da crise do Mensalão é assustadora e, em países nos quais a população tem uma participação mais ativa na vida política, as coisas seriam muito, muito sérias - e não essa feira de risadas que se transformou cada uma das CPIs. Digo isso porque o brasileiro - farto de mensalões e cuecas - já aguarda com entusiasmo o day after dessa bagunça.

Digo isso porque, aqui, toda bagunça tem sua Quarta-feira de Cinzas - que cura nossa a ressaca e dá novo ânimo para a cabeça.

O brasileiro quer queimar logo sua camisa amarela e esquecer, passar para trás esse episódio triste de dinheiro que voa nas graças do Senhor, de cuecas suspeitas e nomes indecentes. Ele não quer mais a imprensa aos brados nos seus ouvidos: "Seus burros, eleitores cretinos, vejam o que fazem as pessoas em quem vocês depositaram sua confiança!". Gritam jornais, blogs, rádios e televisões. Grito eu e grita você. E o brasileiro não quer mais isso. Ele quer ver logo o sangue dos culpados, o choro dos inocentes e o brado dos injustiçados na televisão. Logo!

Porque, quer queira quer não, há de sair um resultado disso tudo. Por mais que meu prognóstico pessoal seja de que na Quarta-Feira de Cinzas, todo mundo irá esquecer o que aconteceu - afinal, este dia está aí para isso -, é preciso haver um desfecho, um epílogo, um fim. E ponto.

Ou corremos o sério risco de não acontecer nada, como foi com Collor, que renunciou e foi absolvido juridicamente, apesar da cassação. Veja, com Collor não aconteceu nada; morreu seu irmão, morreu PC e não ficou ninguém para contar a história. O tempo passou e ficou no ar, ainda mais com estas medonhas aparições do ex-presidente, uma sensação de que ele foi, quem sabe, passado para trás por alguma força oculta que habita em Brasília. Algum fantasma como ele próprio se transformou.

O carnaval não pode durar o ano inteiro, as pessoas têm que ser infelizes. Fora as poucas desatinadas, as pessoas não querem mais sambar sobre o mar de lama. Chega de dar risadas das nossas piadas prontas e de nós mesmos. Chega de crise nos jornais.

Mesmo porque estes desvios históricos acabam por causar efeitos colaterais que não a punição direta dos envolvidos. Um destes efeitos foi a grande bola fora do Mainardi, dedando um off do deputado Federal José Janene do PP, acredite-se no colunista ou não. Acabou por estremecer a relação entre a imprensa e os políticos, que dirão menos ainda do que sabem aos entrevistadores. Uma lástima.

Outro perigo a que estamos expostos é inversamente proporcional ao causado por Mainardi - o excesso de informação. É muita gente sendo investigada ao mesmo tempo e não é possível acompanhar todos os casos com a mesma atenção. Ou seja, queremos assistir na praça principal a decapitação de Dirceu, mas quem se importa que - na quadra ao lado - o senhor Lamas esteja sendo cassado? É uma gente sanguessuga que poderá se safar apenas por não ser do alto clero no Congresso - poderão ficar escondidos atrás do foguetório da ilusão, que irá cegar todos os sedentos por vingança - essa gente que quer punição a todo custo e que cobra o corte na própria carne como se cobra uma promessa.

Mas como acompanhar todas as decapitações? Não é possível. É muito afilhado chupinhando a Viúva. Nem ela sabe mais, coitada, quem está mamando nas suas tetas e quem será, por isso, cassado.

Outro resultado - talvez positivo, e só o tempo dirá - é o novo posicionamento político dos órfãos daquele PT das décadas de 80 e 90. O PT da esperança, o do "Lula-lá". O PT que só sabia ser oposição - e fazia isso muito bem, sendo um grande contrapeso na política nacional. Acontece que o sonho do PT ruiu e sobrou somente um esqueleto do partido.

E, mesmo assim, houve quem soubesse aproveitar a oportunidade e, munidos da arrogância tradicional dos intelectuais do partido, foram ser estandartes da moral em outras paragens depois de expulsos da legenda.

É o caso da famigerada Heloísa Helena que, de senadora caricata e inexpressiva, transformou-se no símbolo de uma limpeza étnica feita no PT, que resultou no PSOL. Heloísa Helena, Babá e outras figuras soturnas da política nacional se coadunam na esperança de, um dia, serem opção única contra o establishment político. Formaram um partido-trincheira que tem como bandeira a briga. Não importa se contra liberais, centro-esquerdas ou quem quer que seja. Nesse samba do crioulo doido são contra tudo e todos. Se bobear, brigam contra o espelho de manhã.

Acontece que, como oposição, essa gente nunca foi muito responsável, atirando com bazucas contra ratos, utilizando uma virulência desnecessária no Congresso, pedindo a cada três meses - ou menos - a cabeça de alguém. "Fora FHC" era seu mantra, repetido à exaustão na esperança de que o sapo barbudo pudesse trocar de lugar com o príncipe e, quem sabe, tornar-se um.

Só o futuro dirá o que farão contra os próximos governos. Se baterão de frente sistematicamente como fazem com Lula ou se serão moderados, como têm sido os tucanos, medrosos de gritarem muito e acabarem chamando a atenção para o fato de que, em menos de dois anos, seria impossível criar-se esquemas como os que têm sido encontrados. Não se pode afirmar qual será o papel de Helena porque o brasileiro está cada vez mais mineiro, mais desconfiado, com os políticos, independente da forma ou conteúdo. Ainda mais com os vermelhos.

Pois é. Só agora o Brasil percebe o que fizemos ao colocar um torneiro mecânico - que não trabalha há tantos anos e não estudou o mínimo necessário - no posto da Presidência do País. Acabou-se a ilusão de que um grande coração pode governar uma geringonça como o Brasil com alguma competência. É como um diretor de bateria surdo, que comanda seus ritmistas baseado, apenas, nas vibrações que sente na pele. Por mais que ele seja sensível às batidas potentes dos grandes surdos de uma bateria, por mais que tenha uma noção rítmica absurda, ele não seria meu escolhido para dirigir a bateria da minha escola. Sem ofensas, mas algumas coisas são incompatíveis. Diretor de bateria surdo não dá. Assim como presidente ignorante.


Lucas Rodrigues da Silva
São Paulo, 13/9/2005

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