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Quinta-feira, 13/2/2003
Velhas questões em novos contextos
Adriana Baggio
+ de 4600 Acessos

Ferreira Gullar é um dos grandes nomes da arte brasileira e, talvez por transitar entre os dois lados - o do artista e o do crítico - possa refletir com mais propriedade sobre a arte, principalmente sobre a nossa.

Além da dualidade crítico/artista, Gullar também experimentou passear pelos extremos na sua obra. Como poeta, foi do concretismo ao cordel. Mais uma vez, por vivenciar lados opostos, Ferreira Gullar pôde visualizar com clareza como a arte acontece no Brasil, a partir da luta pela convivência não-destrutiva entre o atrativo das influências estrangeiras e o peso das questões internas.

Todos esses pontos, tão pertinentes no momento atual, foram discutidos por Ferreira Gullar na década de 1960, nos ensaios Cultura posta em questão e Vanguarda e subdesenvolvimento, que a José Olympio reedita agora em um mesmo volume. No primeiro ensaio, Cultura posta em questão, o autor reflete sobre as relações entre a arte e os acontecimentos sociais, políticos e culturais que afetam as massas. Publicado em 1964, às vésperas do golpe militar e enquanto militava no CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE, o trabalho é coerente com o espírito da época e com o papel de Gullar nesse contexto. Para o autor é difícil conceber uma arte que não seja engajada, que não esteja, de alguma maneira, comprometida com o social, com as aspirações da massa. A cultura popular pode funcionar tanto como um instrumento de conservação como de modificação social, daí a importância do papel da arte dentro desse processo. O autor coloca que os artistas têm uma tendência a se considerar apartados das questões sociais, como se arte pairasse acima de assuntos tão "reais". Gullar defende uma postura mais engajada da classe artística, no sentido de criar também para o consumo da massa, ou seja, realizando um trabalho que tenha relação com a cultura popular.

Essas idéias refletem não só o momento político vivido pelo autor, mas também um momento de ruptura na sua maneira de fazer arte - Ferreira Gullar havia rompido com os concretistas em 1959, criando o movimento neoconcretista. Por mais que essas duas marcas temporais deixem seus sinais no texto, as idéias centrais de Cultura posta em questão são perfeitamente pertinentes no momento atual. Se, em teoria, o povo subiu ao poder, é de se esperar que as questões levantadas por Gullar naquela época, pelo menos no âmbito institucional, sejam consideradas, principalmente no que se refere à aproximação da arte com a cultura popular.

Este primeiro ensaio traz ainda questões que vão ser discutidas em Vanguarda e subdesenvolvimento, mas, como assume o autor, de uma maneira mais madura. Escrito em 1969, o segundo texto retoma as questões da internacionalização e da influência do poder econômico sobre as artes, já abordadas em 1964.

Ferreira Gullar já não exige um engajamento ideológico na arte e reconhece uma autonomia da expressão artística. No entanto, procura fazer uma reflexão dos efeitos do vanguardismo sobre a arte produzida em uma base de subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil. Esta segunda parte começa com uma retomada histórica dos movimentos artísticos no país, mostrando como as inovações ocorridas na Europa chegavam distorcidas por aqui e tomavam os contornos das nossas questões internas. Romantismo, Parnasianismo e outros movimentos perdem sua característica original ao se manifestarem por essas terras. O Brasil só passa a ter movimentos oriundos das suas próprias entranhas a partir do Modernismo.

São os efeitos provocados por essa vanguarda estrangeira quando chega nos países subdesenvolvidos, ou seja, sem autonomia econômica e cultural, como é o caso do Brasil, que o autor coloca como prejudiciais para uma arte brasileira de fato. A vanguarda é vanguarda dentro de determinados contextos, mas pode não ter a mesma representação em um ambiente que não esteja no mesmo momento do processo evolutivo.

Um outro ponto discutido pelo autor, tão polêmico quanto os outros, refere-se à capacidade de apreciação da obra de arte. E aí entram velhas questões como o acesso ao repertório necessário para a fruição de uma obra de arte. Sucedem-se nesse assunto questões relativas à educação artística e à educação geral do povo, à elitização da arte, à estética pela estética sem elementos que permitam uma compreensão da obra para, conseqüentemente, sua apreciação.

Excluindo-se as referências a situações sociopolíticas que já não fazem parte do contexto atual, é possível transpor Cultura posta em questão e Vanguarada e subdesenvolvimento tranqüilamente para os dias de hoje, para refletir sobre o papel da arte na cultura brasileira. São textos obrigatórios para artistas, para quem estuda arte, história, sociologia, antropologia, para os críticos, e para qualquer pessoa que pretenda entender um pouco mais sobre o que está por trás de uma tela, de uma partitura, de uma lombada de livro.

Para ir além





Adriana Baggio
Curitiba, 13/2/2003

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