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Sexta-feira,
22/2/2002
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Farinha do mesmo saco
Cara Marina
O que você chama de animismo também pode ser chamado de prosopopéia, quando no contexto do discurso. Assim não é só a publicidade, mas outros tipos de discurso também utilizam este recurso. Prosopopéia é atribuir características humanas, não necessariamente infantis, a seres inanimados. Alguns dos comerciais que você citou eu conheço. Outros, não. Mas acho um pouco temerário generalizar, atribuindo a todos um caráter idiotizante. O publicitário fala à criança, ao adolescente, enfim, às várias personas que habitam cada ser humano. Mas nem por isso essas personas são "datadas" e sua época essencialmente consumista. Os publicitários falam exatamente aquilo que as pessoas querem ouvir. E quando isso é bem feito, o consumidor sente-se bem e compra - um produto, uma idéia, uma causa social... O recurso da prosopopéia é utilizado há muito mais tempo do que o fim do ano passado. Talvez você não tenha percebido ele antes. Mais ainda: diria que você sentiu essa aversão tão grande por não ser exatamente o público-alvo desses comerciais que citou. Não conheço o desempenho dessas marcas em função da campanha publicitária, mas a maioria delas conta com bons profissinais, e acredito que deram bons resultados aos anunciantes. Me inquieta um pouco essa crítica generalizada à publicidade e aos publicitários. Assim como existe má publicidade e maus publicitários, existem maus psicólogos, maus médicos, maus dentistas... Quando os publicitários erram, pelo menos o dano é menor do que quando um dos outros profissionais acima comete um engano. Já imaginou uma psicóloga radical, que estrago não faz na cabeça de seu paciente? Só para finalizar, não acredito que o sabão Ariel vá levar as mulheres a um desejo de se masturbar. Acredito que esse é um dos poucos comerciais que realmente mostra a realidade feminina atual: apesar de toda liberação, de toda independência, a mulher vive um eterno conflito para manter o equilíbrio entre o relacionamento com o companheiro e a necessidade (e direito) que tem de ter a ajuda dele. O comercial do Ariel é muito realista: seu marido não ajuda em casa? Você quer se separar dele? É claro que não! Você quer fazer tudo sozinha? É claro que não! Ariel passa a mensagem de que é a solução para esse impasse. Como já disse antes, provavelmente você não é o público-alvo desse comercial, e por isso sentiu tanta aversão, mas talvez esteja sendo um pouco radical. Gostaria de lembrar que as regressões, as brincadeiras, as dinâmicas de grupo utilizadas pelos psicólogos, e que são essencialmente animistas, também acabam sendo ridículas e "forçam a barra". Mas a psicologia se atribui um fundamento científico, que muitas vezes é o mesmo da publicidade. Para você saber mais, se for do seu interesse, leia sobre comportamento do consumidor. Você vai ver como tudo tem a mesma origem. Só a título de curiosidade: "marqueteiro" (apesar de o termo ser meio pejorativo) é o profissional que trabalha com marketing. O profissional que trabalha com publicidade chama-se publicitário. Publicidade é uma das ferramentas do marketing, não são a mesma coisa.
[Sobre "Animismo"]
por
Adriana
22/2/2002 às
23h05
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(+) Adriana no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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