50 anos de poesia concreta | Camila Diniz Ferreira

busca | avançada
42231 visitas/dia
1,3 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Filó Machado apresenta 60 anos de música em concerto inédito com a Brasil Jazz Sinfônica
>>> Especialista em investimentos com mais de 750 mil seguidores nas redes sociais lança livro
>>> Artista mineira cria videogame e desenho animado premiado internacionalmente
>>> Dia Nacional de combate ao Bullying é lembrado com palestra gratuita dia 02/04
>>> Estúdio Dentro estreia na SP-Arte com três lançamentos
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O batom na cueca do Jair
>>> O engenho de Eleazar Carrias: entrevista
>>> As fitas cassete do falecido tio Nelson
>>> Casa de bonecas, de Ibsen
>>> Modernismo e além
>>> Pelé (1940-2022)
>>> Obra traz autores do século XIX como personagens
>>> As turbulentas memórias de Mark Lanegan
>>> Gatos mudos, dorminhocos ou bisbilhoteiros
>>> Guignard, retratos de Elias Layon
Colunistas
Últimos Posts
>>> Barracuda com Nuno Bettencourt e Taylor Hawkins
>>> Uma aula sobre MercadoLivre (2023)
>>> Lula de óculos ou Lula sem óculos?
>>> Uma história do Elo7
>>> Um convite a Xavier Zubiri
>>> Agnaldo Farias sobre Millôr Fernandes
>>> Marcelo Tripoli no TalksbyLeo
>>> Ivan Sant'Anna, o irmão de Sérgio Sant'Anna
>>> A Pathétique de Beethoven por Daniel Barenboim
>>> A história de Roberto Lee e da Avenue
Últimos Posts
>>> Atire a poeira
>>> A Ti
>>> Nem o ontem, nem o amanhã, viva o hoje
>>> Igualdade
>>> A baleia, entre o fim e a redenção
>>> Humanidade do campo a cidade
>>> O Semáforo
>>> Esquartejar sem matar
>>> Assim criamos os nossos dois filhos
>>> Compreender para entender
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O que você comeu no café da manhã?
>>> Stela Adler Sobre Ibsen, Strindberg e Chekhov
>>> Apocalípticos, disléxicos e desarticulados
>>> Eu não uso brincos
>>> Documentado errado
>>> Títulos que não viraram posts
>>> As iluminações musicais de Rodrigo Garcia Lopes
>>> Estamos nos desarticulando
>>> Clássicos para a Juventude
>>> É Julio mesmo, sem acento
Mais Recentes
>>> Angel Sanctuary 20 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 19 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 17 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 12 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 15 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 11 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 18 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 9 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 8 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 7 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 6 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 5 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 4 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 3 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 2 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 1 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 21 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 22 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 28 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2007)
>>> Samurai X - 7 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (1997)
>>> Samurai X - 6 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (1997)
>>> Samurai X Crônicas de um Samurai na Era Meiji - Volume 1 de Nobuhiro Watsuki & Kaoru Shizuka pela Jbc (2006)
>>> Samurai X - 2 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (2001)
>>> Negima! Magister Negi Magi - 2 de Ken Akamatsu pela Jbc mangás (2003)
>>> Love Hina - 2 de Ken Akamatsu pela Jbc mangás (1999)
ENSAIOS

Segunda-feira, 18/12/2006
50 anos de poesia concreta
Camila Diniz Ferreira
+ de 33000 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Em dezembro de 1956, ou seja, há exatos 50 anos, era lançada no Brasil a poesia concreta, no âmbito da Exposição Nacional de Arte Concreta realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em fevereiro de 1957, a mesma exposição foi transferida para o Rio de Janeiro e realizada, desta vez, no saguão do Ministério da Educação e Cultura. Ao lado de pintores e escultores concretos, o público via pela primeira vez uma nova forma de poesia, exposta em cartazes e chamando atenção pelo aspecto visual como as palavras eram organizadas no espaço branco. Os poetas concretos propunham a superação do verso e o uso de novos recursos expressivos conectados com o mundo contemporâneo. Iniciava-se assim o movimento concretista que influenciaria, nacional e internacionalmente, a produção poética a partir dos anos 50.

Os idealizadores do movimento concreto foram os poetas do chamado Grupo Noigandres, os paulistas Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos — responsáveis pela elaboração teórica e prática da nova poesia. Os três se reuniram em torno da revista-livro Noigandres, a partir de 1952 (foram publicados cinco números). Logo outros poetas integraram-se ao movimento, como os cariocas José Lino Grünewald, Ronaldo Azeredo e Wlademir Dias Pino e o maranhense Ferreira Gullar.

A denominação poesia concreta surgiu do encontro na Europa de Pignatari com o poeta suíço-boliviano Eugen Gomringer, então secretário do artista plástico Max Bill. Gomringer também produzia poemas visuais e permutacionais, que ele chamava de constelações. Em sintonia com Pignatari, logo em seguida o termo poesia concreta seria encampado por Gomringer e por outros poetas de várias nacionalidades: Henri Chopin, Pierre Garnier, Ian Hamilton Finlay, Vaclav Havel, Ernest Jandl, Kitasono Katue, Hansjorgen Mayer, Franz Mon, Edwin Morgan, Mary Ellen Solt, Adriano Spatola, Emmett Williams etc. O movimento se espalhou por todo o mundo, levando à exploração de recursos "verbivocovisuais" na poesia por diversos criadores.

Os concretos identificavam como precursores o Mallarmé do "Un Coup de Dés" ("Lance de Dados"), os caligramas de Apollinaire, o futurismo e o dadaísmo, o método de montagem ideogrâmica da poesia de Ezra Pound, a sintaxe visual de e. e. cummings e a prosa revolucionária de Joyce (Ulisses e Finnegans Wake) com suas palavras-montagem; no Brasil, destacavam a poesia sintética de Oswald de Andrade e a arquitetura funcional do verso de João Cabral de Melo Neto. Foram estabelecidas conexões com a música dodecafônica e serial, e com as artes plásticas de caráter abstrato-construtivo. Cinema, linguagem publicitária, televisão e quadrinhos também estavam dentro do campo de interesse dos concretos.

Juntamente com sua prática poética, os concretos teorizaram bastante, publicando diversos livros de ensaios (inclusive o volume Teoria da poesia concreta), e desenvolveram um grande projeto de tradução, incluindo poetas de diversas línguas e países, em geral, aqueles que foram decisivos para a evolução da arte poética: Mallarmé, Pound, cummings, Maiakovski e toda a poesia russa moderna etc. Recuperaram também criticamente, através de "revisões", poetas brasileiros inovadores que estavam esquecidos como Sousândrade, Pedro Kilkerry, Oswald e Pagu (Patrícia Galvão), Luís Aranha etc.

Em razão de discordâncias teóricas, Ferreira Gullar desligou-se do projeto original, criando o neoconcretismo, fundamental principalmente para a evolução das artes plásticas no Brasil, com nomes como Lígia Clark, Amilcar de Castro, Hélio Oiticica, Lígia Pape etc. Wlademir Dias Pino também seguiu uma trilha própria, enfatizando o uso de recursos não-verbais, derivando para uma posição independente que levou à criação do poema-processo.

Poetas de linguagens diferentes, mas que também entendiam a poesia como uma experiência criativa ou de vanguarda, aproximaram-se e dialogaram com o grupo concreto. Edgard Braga e Pedro Xisto, poetas mais velhos, aderiram ao movimento. Mário Faustino, mantendo sempre uma posição individual e sem abrir mão do verso, apoiou e divulgou o concretismo na sua página Poesia-Experiência, no Jornal do Brasil, reconhecendo sua importância. Em Minas Gerais, os poetas Affonso Ávila e Laís Corrêa de Araújo, sem abrir mão de um trabalho próprio e diferenciado, sempre estiveram em contato com os concretistas, dialogando com eles e mantendo uma relação de afinidade e amizade. Em 1963, Ávila coordenou a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte, integrando novos poetas e críticos com os concretos paulistas, procurando estabelecer assim uma perspectiva crítica e participante para a poesia do momento. José Paulo Paes aproximou-se do movimento a partir do livro Anatomias, publicado em 1967, com uma poesia sintética que conciliava humor e crítica social. O mineiro Erthos Albino de Souza, radicado na Bahia, criou mais tarde uma "ponte" com os concretos, realizando as primeiras e pioneiras experiências poéticas utilizando o computador no Brasil — como o poema visual "Le Tombeau de Mallarmé" — e editando a revista de poesia experimental Código, em Salvador.

Poetas de gerações mais jovens também se aproximaram dos concretos. O mais conhecido deles é o paranaense Paulo Leminski que participou da Semana em BH, onde conheceu Augusto e Haroldo de Campos, e publicou seus primeiros poemas na revista Invenção — porta-voz do movimento a partir de 1962 (foram publicados cinco números). No final dos anos 1960, o movimento tropicalista na música popular (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Tom Zé, Os Mutantes, Gal Costa, Rogério Duprat e outros) estabeleceu um diálogo com os concretos que resultou em discos e canções com alto teor criativo. Mais recentemente, Walter Franco e Arnaldo Antunes (este também através de poemas e livros) deram continuidade a experiências sonoro-poéticas que se referenciam ao universo da poesia concreta. Paralelamente, no âmbito da música erudita, Gilberto Mendes e Willy Corrêa de Oliveira já vinham musicando diversos poemas dos concretos.

Com o passar do tempo, os principais criadores da poesia concreta — Augusto, Décio e Haroldo — seguiram caminhos pessoais, desenvolvendo projetos individuais, mas sempre se orientando pelo experimentalismo e pela invenção: Augusto deu ênfase à visualidade, ao som e à cor nos seus poemas, utilizando os novos recursos tecnológicos possibilitados pelo computador, nos livros Despoesia e Não — também oralizou seus poemas no CD Poesia é risco (em colaboração com Cid Campos); Décio enveredou por uma prosa criativa e inquieta, com influxos semióticos, em O Rosto da Memória, Panteros e Errâncias e por processos de experimentação de novas linguagens e Haroldo acentuou sua versatilidade verbal, algo barroca, nas Galáxias e em poemas onde, muitas vezes, retoma e revivifica o verso, como em "A educação dos cinco sentidos". Segundo Pignatari, "antes da poesia concreta: versos são versos. Com a poesia concreta: versos não são versos. Depois da poesia concreta: versos são versos. Só que a dois dedos da página, do olho e do ouvido. E da história".

Para ir além
Leia também "50 anos de enganação"

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pela autora. Originalmente publicado no Suplemento Literário de Minas Gerais. Escrito em co-autoria com Carlos Ávila.


Camila Diniz Ferreira
Belo Horizonte, 18/12/2006
Mais Camila Diniz Ferreira
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
31/12/2006
18h10min
Toda literatura jovem é bem vinda para idealizar-se uma sociedade melhor e com educação disciplinada...
[Leia outros Comentários de Vanessa]
2/4/2010
11h37min
Engraçado você lincar tudo isso num texto tão irônico quanto este do Rogério Pereira e Paulo Polzonoff Jr. Aliás, quem são eles? O bom de ler um texto assim é que a gente percebe bem claro em que os rapazes sustentam suas opiniões (ironia). Sempre uma cobra mordendo o rabo, né? Pois não me proponho a discutir essas questões do gosto poético, mas me pergunto se tradutores tão profícuos que foram os concretos (a um incompetente é possível negar essa afirmação?) poderiam realmente ser considerados anacrônicos diante de pessoas que ainda sustentam que o verso é necessário à poesia.
[Leia outros Comentários de Marcelo]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Metodologia Científica Fundamentos e Técnicas Construindo o Saber
Maria Cecília M. de Carvalho Organização
Papirus
(2003)



A Mão e a Luva
Machado de Assis
Saraiva
(1971)



Estrutura e Análise de Balanços
Olívio Koliver
Staff
(1969)



Trair e Coçar é só Começar
Marcos Caruso
Benvirá
(2011)



Emigração (100 anos) séc XX - a diáspora dos portugueses
Adriano Albino
Loyola



Terra À Vista: Descobrimento Ou Invasão?
Benedito Prezia
Moderna
(2002)



Carnaval en Canarias
Fernando Uría
Moderna
(2014)



O Senhor das Moscas - Col Biblioteca Folha
William Golding
Folha
(2003)



Uma Tragedia Francesa
Tzvetan Todorov
Record
(1997)



Orgulho Humildade
Eduardo Rosa Pedreira
Ministério Síntese





busca | avançada
42231 visitas/dia
1,3 milhão/mês