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Segunda-feira, 13/9/2010
Confissões de um escritor
Charles Kiefer
+ de 7500 Acessos
+ 7 Comentário(s)


LIANA TIMM© (http://timm.art.br/)

Recebi, meses atrás, a prestação de contas de direitos autorais do primeiro trimestre de 2010, de uma de minhas editoras. Um dos livros de que mais gosto, e ao qual dediquei um esforço especial, Logo tu repousarás também, de contos, vendeu, em três meses, 3 exemplares! Isto mesmo. Do Oiapoque ao Chuí, vendi três exemplares. Receberei, sobre estas vendas, R$ 8,47 (oito reais e quarenta e sete centavos)!

Esta é a realidade dos escritores brasileiros. Certo, talvez seja apenas a minha realidade. Na década de 80-90 do século passado, eu vendia milhares de exemplares de Caminhando na chuva, por semestre. Hoje, em editora grande, publicado em São Paulo, vendo entre 25 e 40 exemplares por bimestre. Vendo hoje cinquenta vezes menos do que vendia há uma década.

O que houve? Por que os meus leitores me abandonaram?

Em primeiro lugar, porque os meus textos ficaram obsoletos. A realidade, e é sobre isso que escrevo, não tem mais apelo mercadológico. Quem se interessa pela vida de sem-terras e pequenos agricultores, e outros infelizes e deserdados que habitam a minha Pau-d'Arco imaginária?

Tentei o assassino em série, migrante na capital, e não acertei. Escrevi um livro complicado, demoníaco, como sugeriu um crítico local, O escorpião da sexta-feira, que assusta, incomoda, e os novos leitores querem amenidades. Na era do hedonismo e da imortalidade, lembrar às pessoas que um dia elas irão repousar sob sete palmos de terra, como se dizia antigamente, é fazê-las largar o livro antes que ele queime as mãos desavisadas.

Em segundo lugar, porque ninguém mais compra livros. Ao menos não os meus! Enquanto o meu blog já foi lido por mais de 12 mil pessoas nos últimos três meses, vendi 3 exemplares de meu melhor livro de contos!

Em terceiro lugar, porque o número de escritores, na última década, multiplicou-se geometricamente, enquanto que o número de leitores (de livros) aumenta aritmeticamente, se é que aumenta. (Suspeito de todas as informações que dizem que os livros estão vendendo cada vez mais). Provei, estatisticamente, que a Feira do Livro de Porto Alegre perdeu, no último lustro (alguém ainda se lembra que isso significa quinquênio?), mais de 30 por cento de seus compradores.

Pela inflação no mercado brasileiro de escritores, sou diretamente responsável, pois minhas oficinas lançam no sistema literário dezenas de excelentes novos autores e autoras a cada ano. Há 15 anos, um grande escritor dos pampas me disse: "Pô, tu estás jogando contra a gente! Daqui a pouco, não teremos mais leitores".

Ele tinha razão.

Só me resta, agora, convencer aos meus alunos a comprarem livros. Alguns não compram sequer os lançamentos dos colegas. Não conheço tipo social menos solidário que escritor. Eu mesmo, que compro uma boa quantidade de livros de meus alunos em seus lançamentos (mas somente obra que tenha passado pelo meu crivo editorial), não o faço por caridade. A despesa que tenho já está embutida no preço da mensalidade...

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no blog de Charles Kiefer. Leia também "Literatura universal do Sul" e "Publicar em papel? Pra quê?".


Charles Kiefer
Porto Alegre, 13/9/2010
Mais Charles Kiefer
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
13/9/2010
08h57min
Discordo de você. A culpa não é nossa, mas sim das editoras. Não há melhor remédio para engordar o boi que o olho do dono. Um livro de produção independente vende incomparavelmente mais do que aquele que entregamos aos cuidados de uma "editora convencional".
[Leia outros Comentários de Ryoki Inoue]
13/9/2010
13h20min
Discordo de você, em certas partes. Temas como sem-terras e trabalhadores do campo são interessantes, e acredito que, se o grande público conhecesse a sua narrativa, iria comprar e recomendar. No entanto, o que dita a regra de consumo é a grande mídia, então, se não virou minissérie, nem filme, e o autor não é celebridade ou esteve envolvido em nenhum escândalo, fica difícil o livro ganhar espaço de divulgação, não ganha nem vitrine na livraria que pegou o exemplar consignado. Outra forma de vender é se o mercado educativo adotar, porém, temos a barreira do catedrático se dispor em conhecer autores e obras novas, eles quase não têm tempo ou interesse, é mais fácil ater-se aos cânones. Eu preferi montar a minha editora, não sei como será ter que dividir a atenção entre escrever, produzir, vender e lançar, o tempo dirá!
[Leia outros Comentários de Eliana de Freitas]
14/9/2010
05h44min
Sim, temos muito mais escritores no mercado, mas continuamos a ter consumo. Não se vende milhões de exemplares dos estrangeiros, se não tiver alguém querendo comprar. O que falta é o povo conhecer seus próprios escritores. A mídia precisa abrir mais espaço. Um sonho em três partes: (1) imagine, nos principais cadernos, uma seção aos sábados e domingos, com matérias somente de escritores brasileiros. Falando da sua carreira, das suas obras, dos últimos lançamentos. Falando dos antigos e novos escritores, espaço para todos. (2) imagine as livrarias reservando uma bancada em destaque somente para lançamentos de autores nacionais. (3) imagine que os nossos escritores valorizem seus pares. Que eles separem 1/3 de suas compras para autores contemporâneos. Quando um livro cai no gosto do leitor comum, ele mesmo faz o boca-a-boca. Se esse sonho fosse realidade, duvido que só vendesse 1 exemplar por mês.
[Leia outros Comentários de Ana Cristina Melo]
14/9/2010
11h35min
Concordo com os dois. Como autora independente, coloco meus livros em livrarias, mas escolhidas a dedo. Fujo das livrarias de "xópin" que como "chupins", sugam meus ganhos em 50%. Meu último livro, "A Bahia de Outrora", um livro memorialista, portanto, de pouca visibilidade, vendeu 300 exemplares em um mês. Mas eu vou semanalmente às livrarias, faço palestras, visito escolas e não perco festas literárias. Como sou três vezes acadêmica, faço tardes de autógrafos nas Academias às quais pertenço. Amigos, o menor trabalho do escritor é escrever seu livro. Em tempo: quero passar para o livro digital. Logo! O e-book que lancei em 2009 na Bienal de Salvador já vendeu 1000 cópias. Eliana, a ideia da editora própria é excelente. Ou então aluga-se uma, como faço. Ela é gráfica e editora, trabalha muito bem, pago após negociar preço e vendo meu livro onde, como e quanto quero.
[Leia outros Comentários de Miriam de Sales Oliv]
14/9/2010
12h13min
O "fabricante-autor-escritor" de conteúdos escreve o que o mercado quer ler. Manuais de mea culpa ou autoajuda, receitas para o sucesso, pornografia travestida de erotismo - que não encalha nunca - têm engordado muitas contas de "escritores" magos, conferencistas e até "celebridades". Falar de mazelas sociais saiu de moda? A ficção não está correspondendo? Bem, os contos de fadas tomaram novo formato. "Coração de Tinta", "Harry Potter" etc. vendem feito água. Sempre haverá um chinelo velho para um pé cansado. Os leitores mudaram, têm outro perfil. Descubra e escreva o querem ler. Pode ser que não exijam tanta qualidade ou seriedade, tal como você sempre fez. É um sinal dos tempos. E o livro eletrônico está aí, paga direitos e já tem leitores precisando de bons autores para os seus Kindles, iPads, e similares.
[Leia outros Comentários de Raul Almeida]
23/9/2010
12h13min
Uma das dificuldades para os "jovens" e "novos" escritores é ver nas resenhas que os "críticos" lançam laudas e laudas de autores dos séculos passados, por se tratar de "clássicos", poucas linhas para a edição nacional dos que serão no ano de dois mil duzentos e vinte e cinco, mas que precisam vender agora, nesse ano de dois mil e dez. Assim, é mesmo impossível sobreviver da escrita. Ana Cristina Melo, concordo com os três itens. Assim será. Amem.
[Leia outros Comentários de Cilas Medi]
6/10/2010
11h18min
O número de escritores cresce geometricamente, enquanto o de leitores, aritmeticamente. E os escritores novos, ao mesmo tempo que reclamam de suas parcas vendas, esquecem de dizer que não leem ninguém. Não compram um único livro e reclamam do mercado editorial.
[Leia outros Comentários de Amâncio Siqueira]
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