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Quarta-feira, 19/3/2003
Digestivo nº 125
Julio Daio Borges
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Internet >>> Neverland
Há algumas semanas foi traduzido, e circula pela internet brasileira, o manifesto de Doc Searls e David Weinberger, intitulado "World of Ends". Desde então, tem sido a grande sensação entre as cabeças pensantes da web brasileira. Basicamente, o "Mundo de Pontas" (como ficou conhecido em português) tenta desanuviar algumas idéias que se tem sobre a internet, mas que, segundo os autores do manifesto, estão equivocadas. Para eles: a internet não é complicada; a internet é um acordo, e é "burra"; adicionar-lhe valor reduz o seu valor (e se ela tem algum, ele não está no seu centro mas sim na sua periferia). E ainda: a internet não tem dono; todos podem usá-la; e qualquer um pode melhorá-la. Termina com uma pergunta: "Se a internet é tão simples [assim], por que tantos se enganam sobre ela?". E como quase tudo que se joga na grande rede bate e volta, já surgiu um contramanifesto e ele se intitula, sem meias palavras, "World of Assholes" ("Mundo dos Idiotas", para não dizer outra coisa). Para muitos, o "Mundo de Pontas" surgiu como uma revelação, afinal reduz a complexidade, o caos e muito da inutilidade da internet a uma mera "troca de bits". De acordo com Searls e Weinberger, tudo se resume a: "eu quero enviar a você uma informação digital; você concorda, nós temos um acordo; você recebe - e é só". A partir daí, a dupla pretende justificar a pirataria, atacar os grandes conglomerados de mídia e negar qualquer faceta comercial da grande rede. O que querem com tudo isso? "Provar que a internet é 'livre, leve e solta' - e assim deve permanecer", dirão os ingênuos. A coisa, porém, se mostra mais capciosa quando, por trás de palavras bonitas, de um simplismo tocante, se enxerga toda uma parafernália de objetivos políticos. É óbvio que, enquanto a internet não for controlada, permanecerá ignorada (pelo "mainstream"). Mas é óbvio também que nem todos os que estão na internet querem fazer "a revolução". Ao menos, não nos moldes de Che Guevara ou de militantes anticapitalistas como Noam Chomsky. Ou seja: o "Mundo de Pontas" também quer que a internet seja "alguma coisa" - embora não assuma. Sem contar que o sonho de um universo "fora da realidade", onde se criam "novas leis" (e onde as "antigas" não valem), foi justamente o responsável pela derrocada da internet - pois impediu sua adaptabilidade ao "mundo real", sacramentando um eterno divórcio. Alguém precisa se lembrar das falácias da nova economia e acordar todo mundo, para que não se caia, mais uma vez, na mesma ilusão. [Comente esta Nota]
>>> Mundo de Pontas | World of Assholes
 



Literatura >>> Saponáceos e detergentes
Os semiólogos, em geral, são conhecidos por escreverem mal. Sua prosa quase sempre deriva para análises cansativas da linguagem, e o leitor, se não for um iniciado, desiste logo. Roland Barthes, no entanto, revelou-se uma exceção. A Difel relança no Brasil o seu "Mitologias" (1957) e a surpresa aflora dessa coletânea de ensaios: enfim, a semiologia legível e suportável. Barthes registra seu espanto diante das transformações do pós-guerra, na França, e tenta "ler", no comportamento dos franceses, os "signos" do futuro. Há, claro, momentos densos de um cerebralismo exasperante. É típica a sensação: "Já li isso? Já li, mas não parece...". Apesar de não conseguir fugir dos cacoetes de seus colegas de "significantes" e "significados", Barthes se permite ser frugal e, às vezes, até engraçado. Como quando se debruça sobre as perucas dos imperadores romanos, nos filmes de Hollywood. Ou quando persegue André Gide em suas férias de escritor, junto com os semanários de variedades como o "Paris Match". É, em realidade, surpreendente que ele dialogue com o jornalismo e chegue mesmo a emulá-lo. Afinal, acadêmicos costumam descambar para o abstracionismo de uma tal maneira que um parágrafo, deslocado de seu contexto original, não consegue significar absolutamente nada - é pura verborragia desperdiçada. O inconveniente de "Mitologias", embora seja um livro médio (pouco mais de 250 páginas), é o mesmo de todas as coleções que nascem pautadas pelas notícias de jornal: pecam pela repetição e, muitas vezes, pela dispersão de quem atira para todos os lados. Assim, Barthes passa da greve aos brinquedos de criança, do automóvel ao caso policial, dos intelectuais à propaganda de sabão em pó. E terminamos nos perguntando o que ele pretendia com tudo isso. Não pretendia nada (talvez seja a resposta), o importante é o percurso. Será? Para quem sente falta de semiologia (bruta), há uma segunda parte dedicada a desvendar os "mitos" modernos. Roland Barthes, evidentemente, não é leitura de cabeleireiro - mas nunca os semiólogos foram tão claros e conseguiram se comunicar como verdadeiros seres humanos. [Comente esta Nota]
>>> Mitologias - Roland Barthes - 256 págs. - Difel
 



Cinema >>> Homenagem do vício à virtude
Uma semana após a estréia, "Chicago" continua gerando opiniões controversas. Entre aqueles que "adoram", muitos apostam na ressurreição do gênero musical, na consagração de Catherine Zeta-Jones e no número retumbante de Oscars. Já entre os que não acham grande coisa, o musical está tão editado que parece um videoclipe, as músicas não valem à pena e as interpretações deixam muito a desejar. Quem tem razão? No bojo dos lançamentos pré-Oscar, é difícil estabelecer prioridades, quanto mais prestar atenção num filme só. O problema começa aí. Que tal então explorar o que é ponto pacífico? A produção, por exemplo. Em "Chicago", ela está deslumbrante. Tão presente e avassaladora, em cada detalhe, em cada luzinha, que chega a inebriar. É um banho de riqueza à americana. E por isso, talvez, seja excessiva e tenha provocado dores de barriga (quando não paixão) em alguns espectadores. Há sentido em acompanhar o desbunde hollywoodiano numa cidade, digamos, tomada por pedintes (como São Paulo)? Gere, Zeta-Jones e Zellweger - em que "mundo" vocês vivem? (Algumas questões que podem ter sido levantadas.) Quem sabe, no entanto, a atração de "Chicago" não esteja no seu luxo nababesco, no seu desperdício de dólares num planeta que não erradicou a fome e que se prepara para mais uma guerra. [Eu sei, esse discurso também é chavão.] Ao contrário do que a embalagem sugere, o mérito do longa reside provavelmente no seu cinismo. Uma característica presente não apenas no "underground", mas ultimamente até no "mainstream". Nos diretores que desconfiam do sistema, mesmo tendo sido moldados por ele. Nos atores que costumam se sabotar, conferindo maior humanidade à personagem. Assim, quando a vedete "loura" rouba a cena da "morena", inventando uma falsa gravidez, ela sabe que o truque é baixíssimo, e que a mentira não vai durar. Do mesmo modo, no momento em que a "morena" vem pedir ajuda à "loura", ambas sabem que nenhuma das duas vale nada, mas que - evidentemente - o show deve continuar. E assim caminha a humanidade. Os sentimentos não valem a pena, a imprensa só mente e a justiça não funciona. Eis as três lições de "Chicago". Gostando ou não, ainda é melhor aprendê-las entre risadas e canções. [Comente esta Nota]
>>> Chicago
 
>>> MAU HUMOR

"Quando eu sou boa, sou ótima. Mas, quando sou má, sou muito melhor." (Mae West)

* do livro Mau humor: uma antologia definitiva de frases venenosas, com tradução e organização de Ruy Castro (autorizado)
 
Julio Daio Borges
Editor
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
20/3/2003
17h57min
Não poderia ser de outro jeito. Barthes foi das receitas às colunas sociais para mostrar que a mitologia é o elemento comum, início e fim, dos produtos da indústria cultural. É justamente essa miscelânea que justifica a relação entre o mito e a comunicação de massa. E apesar de leves, os textos são embasados por uma teoria pesadíssima, a tal segunda parte do livro. E para essa teoria, os conceitos de significante e significado são fundamentais. O leigo até pode compreender e se divertir com os textos, mas nunca vai perceber o porquê do título sem compreender as relações descritas na segunda parte. E aí, é só para iniciados mesmo.
[Leia outros Comentários de Adriana]

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