De vez em quando alguém bom de lábia me convence a ir ao cinema. E quando eu me deixo ir, tenho a expectativa de que o filme me cause algum impacto. Que seja desses amaciados, suaves.
Na semana passada, peguei uma fila pequena e paguei meia-entrada (dei carteirada do clube de assinantes do meu provedor de Internet) para assistir a Perfume: a história de um assassino, filme baseado no best-seller do alemão Patrick Süskind. O livro chegou a ser escolhido como leitura do ano na Inglaterra em 2002. That's right, se não fosse a esquisitice absurda da coisa.
Um cara nasce com o olfato afiadíssimo e, depois de uma trajetória resistente como trabalhador braçal na França medieval, torna-se aprendiz de perfumista. Sua loucura pelos perfumes é tanta, que ele resolve estudar formas de apreender o cheiro das mulheres (das cheirosas, claro). Para fazer o melhor perfume do mundo, mata 13 delas (as notas dos acordes que formam os perfumes) e inebria uma multidão com um lencinho perfumado no dia da execução de sua sentença de morte (ficar pregado numa cruz).
Os primeiros 15 minutos de filme são interessantes. Chega a dar nojo a sugestão do fedor francês daquela época. Depois o filme vira uma viagem de nem sei que tipo de droga. Bem que o leitor do jornal do provedor tentou me avisar.
Como não sou especialista em cinema, pode ser que eu não tenha entendido nada. Pode ser que aquilo tudo seja arte puríssima. E pode ser que o filme seja mesmo ruim. Vai saber.
Vale a pena contar o final: de volta à terra natal, o assassino é comido (literalmente) pelos conterrâneos ávidos por uma carninha perfumada. Isso sem falar na cena da suruba (de causar inveja ao Calígula). Voltei para casa e continuei trabalhando.
Li esse livro há algumas semanas e achei maravilhoso! Um dos melhores que já li... a descrição dos cheiros, o enredo, enfim... talvez o filme não esteja à altura, aí entramos na discussão de que as adaptações para o cinema nem sempre conseguem transmitir a essência do livro.
Ha,ha,ha! A melhor crítica de um filme às vezes aparece de forma inesperada. Engraçadíssimo esse post que contém uma crítica perfeita. Eu li o livro, já tem tempo, e é realmente um negócio bizarro. O livro é bom, mas um filme daquilo só podia dar nisso mesmo. Muito legal, Ana!
Perfume, o livro, é interessante apenas como curiosidade literária. Não deixa nada que possa ser útil numa pessoa de mediano arcabolço cultural. Começa instigante, depois fica enfadonho e só terminamos a leitura pela simples vontade de saber o destino do curioso e bizarro personagem. Mas creio que um bom diretor possa prender a atenção dos espectadores pelo fato do autor fornecer um rico arsenal descritivo... Espero que o filme chegue no fim do mundo chamado Alagoas!