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Sexta-feira,
12/2/2010
Além do Mais e Outras Artes em 2000-2009
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 453 >>>
A década começaria, politicamente, com a eleição de Lula . Também com a Copa de 2002 e o Pentacampeonato . Já São Paulo comemoraria 450 anos e ganharia um "biografia" de Roberto Pompeu de Toledo . 1964, o ano que marcara o início da ditadura militar, faria 40 anos (1968, "o que não terminou", também ). E a Casa do Saber — lançando a moda dos "cursos livres" — principiaria suas atividades ... (O Espaço Cultural CPFL , em Campinas, não ficaria atrás.) E, mais uma vez, humanistas dariam lugar a cientistas, como Steven Pinker e Richard Dawkins — que de biólogo evolucionista seria alçado à categoria de "guia espiritual ". Em meados da década, estouraria o escândalo do Mensalão , por obra e graça de Roberto Jefferson — o que não impediria a reeleição de Lula em 2006 , mas que tiraria petistas históricos, momentaneamente, do jogo (como José Dirceu, José Genoino e Luiz Gushiken). Já no final da década, uma crise mundial se anunciaria , mas — literalmente na contramão da História — o Brasil confirmaria a profecia dos BRICs , recuperando-se mais rápido que os demais países (inclusive, que os Estados Unidos ), forjando uma "nova classe média" e ganhando o direito de sediar uma Copa e uma Olimpíada . Ainda na mesma década, a cidade de São Paulo ganharia espaços artísticos como o Pintar! e retrospectivas de artistas como Aldemir Martins , Ianelli (ambos faleceriam antes de 2010) e Henry Moore (na Pinacoteca). A editora 34 igualmente nos prestaria um belo serviço, com sua coleção A pintura — Textos essenciais (coordenada por Jacqueline Lichtenstein). Já no "underground ", Crumb produziria como ninguém (sendo editado, vigorosamente, por aqui); e, entre os brasileiros, surgiria uma nova geração de artistas do traço e/ou humoristas como Allan Sieber , André Dahmer , Wagner Martins e — last but not least — Rafael Sica . O teatro perderia Paulo Autran e Gianni Ratto . E quase perderia Mário Bortolotto , um dos maiores renovadores da cena teatral paulistana, num assalto. Celso Frateschi se dividiria entre o Ágora, a política e a televisão. Enquanto Jairo Matos , injustamente, não ascenderia como Dan Stulbach . (Possolo seguiria firme junto com os Parlapatões ...) A televisão faria 50 anos , no início da década, mas, lamentavelmente, acabaria se rendendo aos reality shows . O VMB faria 10 anos nos 2000, o Roda Viva, 18 , e a TV Cultura, 40 . O Manhattan Connection tentaria preencher a vaga de Paulo Francis inutilmente, com Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi ; e, no final da década, perderia Lúcia Guimarães (para o Saia Justa ). Bia Corrêa do Lago seguiria com as melhores entrevistas literárias da TV . A chamada "TV a cabo", porém, não cumpriria suas promessas e passaria por maus bocados . No reino da gastronomia, a ascensão inquestionável seria de Alex Atala, que passaria de um mero "potencial " a uma promessa reconhecida por ninguém menos que Ferran Adrià . Aliás, a década seria mais dos chefs que dos restaurateurs (provocando, às vezes, a ira destes últimos ). Em termos de business , um dos cases da década seria, certamente, o do Fogo de Chão e sua expansão internacional (que receberia o impulso do Grupo GP ). Para um começo de milênio, culturalmente — por mais que se diga o contrário — foi uma década movimentada. ;-)
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Julio Daio Borges
Editor
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
11/2/2010
09h24min
Lula era (e é) a esperança de parte dos brasileiros, pelo menos da camada mais necessitada do povo. No entanto, era também a esperança de um governo honesto e nesse quesito sucumbiu. Mas a camada não percebeu, o Bolsa Família mascarou. Salvou-se o penta, ainda bem. Comemorar a cidade-país que impulsiona o progresso. Os humanistas, e guias espirituais, tornaram-se mais atrativos para um povo à beira do desespero. O Roberto do PTB, quando tiraram o bolo da sua frente, dedurou quem comia com ele. Enquanto o povo, enganado, morre na fila dos hospitais, o Brasil ganha o direito de duas competições que chamam a atenção do mundo... Será que alguém pagou? Ganhamos na arte e perdemos alguns artistas, é natural, salve, salve. Mas regredimos com os BBBs da vida (alguém poderia apontar algo cultural e inteligente nisso?). Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi, eu desconfio de influência da Globo: Francis era mais diplomático. Tudo seria melhor, se não fosse a intromissão do governo e dos poderosos. A cultura saiu vencedora.
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