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Segunda-feira, 2/9/2013
Relações Perigosas, de Choderlos de Laclos
Julio Daio Borges
+ de 6100 Acessos




Digestivo nº 494 >>> Quem leu Maquiavel, sabe como ele foi revolucionário. Toda a tradição filosófica, desde Platão, partia de um "ideal". Ou de uma "ideia", por exemplo, de justiça, de homem justo, de governo justo. Platão, nos Diálogos, parte do "exemplo" para chegar na "essência". Em vez de definir o belo através de um exemplo de beleza, digamos assim, ele procura o "caráter" do belo: aquilo que todas as coisas belas têm em comum ― a essência do belo, o belo em si. Daí, o platonismo. E, daí, o idealismo ― que atravessa toda a tradição política até hoje. Maquiavel, ao contrário, não procurou "definir"; não partiu de "definições" ― como Platão e, outro exemplo, Aristóteles. Maquiavel, estudando História, tirou conclusões a partir da prática. Maquiavel não pensou no que seria "melhor" para a sociedade; Maquiavel se limitou a revelar suas conclusões sobre o que "funcionava" e o que "não funcionava". Entre um soberano ser amado ou temido, Maquiavel, n'O Príncipe, diz que é preferível ser temido. Não combina com a "ideia" que fazemos de um soberano; mas Maquiavel não está preocupado ― Maquiavel aponta o que funciona... E, se Maquiavel foi uma revolução no pensamento político, Choderlos de Laclos, n'As Relações Perigosas, foi uma revolução em matéria de conquista amorosa. Ao contrário d'O Banquete, de Platão, suas personagens não estão em busca de uma "definição" de amor, ou dos "tipos" de amor ― elas vão usar de todas as armas para vencer no jogo amoroso. Desconsiderando em absoluto o que seria moralmente "correto", as personagens de Relações Perigosas são os famosos libertinos do século XVIII. (Laclos foi contemporâneo do Marquês de Sade.) Quem assistiu à adaptação cinematográfica ― Ligações Perigosas (1988) ―, com Glenn Close e John Malkovich, há de se lembrar da história. Ocorre que, no livro, a "moral" ou "a falta dela" é muito mais nua e crua. E as conseqüências, para as personagens, são muito mais trágicas do que a versão em tela grande faz lembrar. As Relações Perigosas, o livro, tem um efeito "moralizante" ao contrário: chega a ser violento, no seu realismo; e chega a ser traumatizante, no seu final catastrófico. Romance epistolar, narra as aventuras amorosas, e inescrupulosas, do Visconde de Valmont (no cinema, John Malkovich), e da Marquesa de Merteuil (nas telas, Glenn Close). Incríveis manipuladores, Valmont, como o "poeta fingidor" em Pessoa ― "(...) chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente" ―, enquanto Merteuil, como uma das maiores vilãs da história da literatura, concentra-se em arruinar reputações em sociedade. Valmont é, no dizer de hoje, um hedonista: faz pelo prazer e, ainda, pelo prazer da competição. Em sua principal empreitada, seduz a Presidenta de Tourvel, uma esposa, aparentemente, virtuosa, e religiosa, para em seguida abandoná-la, deixando que caia em desgraça e que morra, literalmente, de desgosto. (Lembra a Luísa, d'O Primo Basílio de Eça de Queirós, sem a necessidade de uma empregada, como Juliana, para chantageá-la.) Já a Marquesa de Merteuil trabalha para corromper Cécile Volanges, uma donzela prometida em casamento, que não ama seu futuro marido, mas que ama um jovem de sua idade ― só que acaba deflorada, e pervertida, pelo mesmo Valmont (que o faz apenas pela diversão da coisa). Como se pode observar, embora trate do amor, ou do jogo amoroso, Relações Perigosas não é nada romântico. O romantismo, aliás, é retratado como uma espécie de ingenuidade juvenil ou mesmo pueril ― enquanto o discurso amoroso só vale como arma, no jogo da sedução. Em termos de movimento literário (e puxando mais uma vez por Eça de Queirós), poderíamos dizer que Choderlos de Laclos se aproxima do realismo do século XIX. Um realismo amoroso e avant la lèttre. Para os corações mais sensíveis, As Relações Perigosas talvez não seja recomendável. Mas, voltando a Maquiavel, trata de uma realidade que, mais dia menos dia, teremos de encarar, não? A Penguin Companhia incluiu uma nova edição em seus "clássicos", mas a melhor tradução ainda é a de Sérgio Milliet, que faz um uso exemplar da segunda pessoa do plural. Vale a busca nos sebos.
>>> As Relações Perigosas
 
Julio Daio Borges
Editor
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