DIGESTIVOS
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Terça-feira,
11/12/2001
A distância não mudou você
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 60 >>>
Samba Rock. É o título do CD do Trio Mocotó, reagrupado, em formação “clássica” (Luiz Carlos Fritz, Nereu Gargalo e João Parahyba), depois do estouro recente do ritmo inventado nos anos 60 por eles, por Jorge Ben e por mais um pessoal. “Rock” todo mundo sabe o que é, mas “samba” ninguém se lembra mais – e da mistura, então, nem se fala. Simplificando: eles aceleraram o pandeiro, a timba e a cuíca, colocando mais peso nas cordas (trocando o violão pela guitarra) e incrementando (dando um verniz de black & soul), pelo acréscimo de teclados e efeitos sonoros. A contracapa conta que o lançamento deste “Samba Rock” dista exatamente 30 anos do primeiro álbum do Trio Mocotó. Boa notícia: as composições continuam férteis. Não se trata de uma coleção de velhos hits remasterizados, portanto. Logo a primeira faixa soa dançante, extremamente anos 90, e surpreende o fato de que o núcleo tenha se mantido coeso dentro de uma roupagem mais, digamos, “moderna”. Pouca gente conseguiu isso. O próprio Ben Jor, talvez, com W/Brasil, mas, para, em seguida, degringolar em remixes e retomadas exaustivas de seus sucessos. De “Não Sei Por Que”, o disco passa a “Voltei Amor”, ainda com os truques de Minimoog (estilo DJ Memê), encerrando um ciclo com “Kriola”. Cada um do Trio tem a sua personalidade e Nereu, o deus negro, encarna o malandro, o elegante, o conquistador incansável. (É ele que dobra a moça em questão.) Fritz é, em contraposição, menos “instinto” e mais “apuro”, modelando a voz em latinismos e semi-baladas como “Alegria Contida” e “Pensando Nela”. Ele assume o violão na maioria das faixas. João, para completar, é principalmente “ritmista”, acumulando também a posição de porta-voz do conjunto. A alegria e a energia desses, agora, senhores, no entanto, dispensa descrições e interpretações. É preciso ouvi-los antes mesmo de entendê-los. São 15 faixas, mas poderiam ser 10 ou 12. É o único aspecto em que os Três pecam, podendo suprimir coisas como “Kibe Cru” e “Fui”. O Samba Rock, contudo, está vivo. E é deles o mérito da ressurreição milagrosa.
>>> Trio Mocotó
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Julio Daio Borges
Editor
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