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Sexta-feira,
11/3/2005
Spruce Goose
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 218 >>>
Por mais que Martin Scorsese tenha cometido pecados, ele ainda é um dos últimos grandes diretores de cinema. E por mais que O Aviador seja um blockbuster óbvio e evidente, pode-se dele recortar cenas e seqüências que valem a pena. No grande diretor, procura-se a assinatura. Em sua obra, procura-se um resquício de estilo. Não mais... A principal acusação contra a, atualmente em cartaz, biografia cinematográfica de Howard Hughes é simplificar demais o seu personagem. Bem, quando é que, em sétima arte, não se simplificou? E, considerando-se a extensão do drama em desconfortáveis (e desiguais) quase três horas, introduzir mais ambigüidades e mais complicações num protagonista já pouco palatável converteria o longa em apenas mais um Titanic na história de Hollywood. Traduzindo: a audiência, à qual a fita aparentemente se dirige, não iria agüentar. Tudo bem, a megalomania de produtores e afins já deveria ter desistido de figuras maiores do que a vida e de episódios que a civilização ainda, em milênios, não consegue explicar. Cinema é preferencialmente entretenimento e o ajuste, para o formato, obrigatoriamente vai deixar incontáveis aspectos de fora, que reduzirão a experiência humana, seja ela coletiva ou individual, a uma sessão de, na média, duas horas. Por questões físicas, ou até matemáticas, a satisfação plena nunca será alcançada. Tudo isso para salvar, da crítica inclemente e impiedosa, a excepcional Katharine Hepburn, caracterizada, no filme, por Cate Blanchett (ainda que, reconheçamos, a correspondente Ava Gardner seja insípida e insossa, como convém aos padrões de produção atuais). Blanchett traz alívio parecido com o que Daniel Day Lewis trouxe ao tão equivocado (e já esquecido) Gangues de Nova York (2003). Em compensação, de Leonardo Di Caprio, exige-se o máximo. E claro que, com menos de 30, ele jamais vai desempenhar algo de acordo com a demanda. Di Caprio ainda não consegue falar grosso, mas o acidente aéreo que acaba com a empáfia de Hughes é, nessa matéria, antológico. Resumo da ópera: ninguém aqui quer ficar tolerando a aposentadoria (e a decadência) pública(s) de vultos como Martin Scorsese, mas enquanto se puder pinçar extratos assim de suas realizações estrambóticas e cambaleantes, o ingresso justifica o seu preço (ainda que o investimento, total, talvez, não).
>>> The Aviator
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Julio Daio Borges
Editor
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