Digestivo nº 120 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
48532 visitas/dia
1,8 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Casa da Boia reúne artistas para discutir técnica de gravura em metal
>>> Jovens de Araraquara terão acesso a curso gratuito de Programação e Coding
>>> Espetáculo Teatral - RETALHOS - Ultima apresentação
>>> Exposição sobre direito das mulheres à cidade ocupa o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
>>> A Quatro Vozes canta o Clube da Esquina em Guararema pela Caravana Sotaques do Brasil
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
>>> Poesia sem oficina, O Guru, de André Luiz Pinto
>>> Ultratumba
>>> The Player at Paramount Pictures
>>> Do chão não passa
>>> Nasce uma grande pintora: Glória Nogueira
>>> A pintura admirável de Glória Nogueira
>>> Charges e bastidores do Roda Viva
Colunistas
Últimos Posts
>>> Graham Allison no All-In Summit (2023)
>>> Os mestres Alfredão e Sergião (2023)
>>> Como enriquecer, segundo @naval (2019)
>>> Walter Isaacson sobre Elon Musk (2023)
>>> Uma história da Salon, da Slate e da Wired (2014)
>>> Uma história do Stratechery (2022)
>>> Uma história da Nvidia (2023)
>>> Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil
>>> Paulo Guedes fala pela primeira vez (2023)
>>> Eric Santos sobre Lean Startup (2011)
Últimos Posts
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
>>> AMULETO
>>> Oppenheimer: política, dever e culpa
>>> Geraldo Boi
>>> Dê tempo ao tempo
>>> Olá, professor Lúcio Flávio Pinto
>>> Jazz: 10 músicas para começar II
>>> Não esqueci de nada
>>> Júlia
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O enigma de Lindonéia
>>> Bienal do Livro em Minas e o acesso à cultura
>>> O chimpanzé, esse nosso irmão
>>> O blogueiro: esse desconhecido
>>> PodSemFio, da Garota Sem Fio
>>> Essa o Homer não vai entender
>>> Capacidade de expressão X capacidade linguística
>>> Aleksander Dugin e a marcha da Tradição
>>> Público, massa e multidão
>>> Thereza Simões
Mais Recentes
>>> A Luz e a Sombra dos 12 Signos de Claudia Lisboa pela Principium (2018)
>>> Descobri que não faço falta quando parei de responder de Caciano Kuffel pela Astral Cultural (2022)
>>> Fundamentos Da Engenharia De Edificações Materiais e Metodos = 5ª Ed -2013 - Engenaharia de Edward Allen E Joseph Iano pela Book Man (2013)
>>> Espiritismo: Doutrina de Fé e Ciência de Eduardo Araia pela Ática (1996)
>>> O Evangelho da Meninada de Eliseu Rigonatti pela Pensamento (1965)
>>> Livro Infanto Juvenis A Floresta de Nivola, Claire A. pela Wmf Martins Fontes (2003)
>>> Do espírito das leis - Pocket Série Ouro de Montesquieu pela Martin Claret (2007)
>>> Semeando e Colhendo de Atanagildo pela Do Conhecimento (2002)
>>> Os Melhores Contos de Edgar Allan Poe de Edgar Allan Poe pela Círculo do Livro
>>> Curso básico de mecânica dos solos - com exercícios resolvidos de Carlos de Sousa Pinto pela Oficina de textos (2006)
>>> A Sutil arte de Ligar o Foda-se de Mark Manson pela Intrínseca (2017)
>>> A Memória Vegetal e Outros Escritos Sobre Bibliofilia de Umberto Eco pela Record (2010)
>>> Estatica E Mecanica Dos Materiais - Ano 2013 - Engenharia de Beer, Johnston. De Wolf , Mazurek pela Book Man (2013)
>>> Livro Infanto Juvenis Marta & William de Álvaro Cardoso Gomes pela Ftd (1998)
>>> Egito Secreto de Paul Brunton pela Pensamento (2006)
>>> O Futuro do Secretariado de Bete D'Elia e Walkiria Almeida pela Literare Books (2019)
>>> Quando ninguém está olhando de Alyssa Cole pela Intrínseca (2021)
>>> Anatomia orientada para a clínica de Keith L. Morre pela Guanabara (1994)
>>> O suicídio - Pocket Série Ouro de Émile Durkheim pela Martin Claret (2003)
>>> Biologia de Albino Fonseca pela Ática (1991)
>>> Esmeralda de Zibia Gasparetto pela Vida & Consciência (2011)
>>> First Quest: A Primeira Missão - Livro de Aventuras de Abril Jovem pela Abril Jovem (1995)
>>> O Físico de Noah Gordon pela Rocco (1988)
>>> A Vida Secreta das Plantas de Peter Tompkins; Christopher Bird pela Circulo do Livro (1976)
>>> A Outra Face História de Uma Garota Afegã de Deborah Ellis pela Ática (2009)
DIGESTIVOS

Quarta-feira, 12/2/2003
Digestivo nº 120
Julio Daio Borges
+ de 4100 Acessos
+ 3 Comentário(s)




Imprensa >>> Ninguém me chama de Baudelaire
O mercado editorial não sabe mais o que fazer para que as pessoas leiam. Livro só se for de pouco mais de 100 páginas. Ou então para comprar e guardar — não para ler. Crônicas? Com Luis Fernando Verissimo, tiveram o seu auge. Agora, é necessário que um novo paradigma seja inventado. Então pululam essas coletâneas ensaísticas centradas num tema único. 10 ou 15 páginas de cada autor, você só lê aquilo que te interessar. Parece bom. Nessa linha (ou talvez não), saiu "Jornalismo e literatura: a sedução da palavra", pela editora Escrituras, em que Gustavo de Castro e Alex Galeno, junto com mais 16 outros autores, discutem as relações entre um e outro. A idéia, para os iniciados, soa instigante — mas a empreitada falha sob alguns aspectos. Primeiro deles: a maioria dos ensaístas de "Jornalismo e literatura" perde seu tempo comparando os dois. As vantagens e desvantagens. As críticas de Balzac, Calvino e Borges à imprensa. As contradições de Hemingway. Os excessos do "new journalism". Não parece ser o caminho correto. Assumindo que um novo gênero (jornalismo-literário ou literatura-jornalística) existe, melhor partir dele — em vez de se apegar a visões estanques. É o que faz, por exemplo, Marcelo Coelho. Ele tenta provar que a crônica é a "antinotícia" e que, por isso, é tão necessária à sobrevivência do veículo jornal. Mas Marcelo Coelho comete o segundo erro, relativamente comum em "Jornalismo e literatura": subestimar as transformações ocorridas no jornalismo brasileiro dos últimos anos. Com a politização pós-1968, as redações se atribuíram poderes de polícia e os jornalistas partiram para a reivindicação. Ocupados com tanta "realidade", as literatices ficaram de lado (por "alienadas") — e a aridez (da objetividade do fato) se instalou fatal. Não se formam mais cronistas — nem pretensões literárias são alimentadas. Malgrado a tradição. Terceiro erro freqüente em "Jornalismo e literatura": praticamente ignorar o fenômeno internet; ou até considerá-lo, mas limitando seu alcance ao noticiário de hora em hora. Com a morte das personalidades (ou mesmo do "dandismo"), a hiperespecialização e o peso dos cadernos de economia e política — o ciberespaço vem dando vazão a essa geração "em busca do lirismo perdido". (Até quando?) Segue o jornalismo. Segue a literatura. Mas não de acordo com o palpite dos analistas de "Jornalismo e literatura", um tanto quanto desconectados da realidade atual. [Comente esta Nota]
>>> Jornalismo e literatura: a sedução da palavra — Gustavo de Castro e Alex Galeno (org.) — Escrituras
 



Internet >>> Seis anos esta noite
Ela conta que Ele, quando acordava de mau humor, punha-se a cantarolar marchinhas de Carnaval. Quanto mais baixo o astral, mas alta a voz e mais elaborada a encenação. Quando a depressão batia forte, o jeito era escrachar com referências de baixo calão e até jingles publicitários. Em geral, até a primeira metade do século XX. E sempre a plenos pulmões. Assim, num dia de maior animação, Ela podia surpreender-se com Ele cercando-a pelos corredores à base de "You're just too good to be true/ Can't take my eyes off of you". Ela ficou seis anos sem contar essas histórias. Rompeu o silêncio agora, por causa da saudade. E por causa de um site em sua homenagem. Em 1997, Ele se foi. Há ainda casos dos amigos lá. Um deles conta que quando Ele ia gravar suas participações na televisão recusava-se a usar teleprompter. Também não ia adiantar: Ele era míope e, diante das câmeras, fazia questão de não usar óculos - só cenográficos. Subia numa espécie de palco e tinha sua fala decorada. Como em teatro. (Em sua juventude, Ele foi ator.) Então começava aquela barulhada da redação - e Ele se desconcentrava. Possuído, descontava sua raiva no criticado daquele dia ou daquela semana. Ele era crítico e fazia inserções nos noticiários para a tevê. Depois de algumas tentativas, encerrava impecável sua participação. Pegava, então, seus livros - e saía, mundo afora, emendando trechos de ópera. "Quem canta seus males espanta", costumava comentar. Apesar de destinar impropérios aos insolentes que ousavam incomodá-lo, Ele era generoso - e maternal. O último adjetivo fica por conta de um outro amigo. O mesmo que, uma vez em Nova York, foi abrigado por Ele em seu escritório. (Há o testemunho de gente que recebeu até dinheiro dele, quando estava precisando. Ele pedia sigilo absoluto. E ninguém nunca soube. Até agora.) No tal site, ainda há fotos dele em suas viagens. Em algumas, Ela também está. Em outras, mais amigos. Em outro setor do site, Ele aprece bebê e, depois, jovem. Já carrancudo. Com o cabelo preto e aquele olhar desafiador. Ela anuncia que outros amigos vão escrever sobre Ele lá - e que, inclusive, jovens vão falar da influência que Ele exerceu. Ela sempre fica triste nesta época do ano. Com o frio e a proximidade do dia 4. Em 2003, porém, Ela resolveu falar. [Comente esta Nota]
>>> PauloFrancis.com
 



Cinema >>> Os bons companheiros
Martin Scorsese é hoje um diretor cooptado pelo sistema. Ainda mais com o anunciado "Gangues de Nova York". A começar pelo elenco (mais famoso do que talentoso), encabeçado por Leonardo Di Caprio e Cameron Diaz. A tibieza da interpretação de ambos é reforçada pelos "coadjuvantes" Daniel Day Lewis e Liam Neeson. São esses e não aqueles que fazem o filme. Mas o cartaz é dos primeiros e os comentários também devem ser. Mais adiante, no que se refere ao argumento, é de se suspeitar que Scorsese tenha escolhido justamente esse tema (Nova York) depois do 11 de setembro. Tudo iria bem - poderíamos aceitar suas mentiras e negativas - não fossem os minutos finais de "Gangues". Embalados pelo refrão lacrimoso do U2 ("These are the hands/ That built America"), deixamos Di Caprio e Diaz lá no século XIX e acompanhamos a evolução do Manhattan Skyline até o século XXI - até as Torres Gêmeas. Sim, elas reaparecem. Num misto de patriotada e pieguice, mas reaparecem. De repente, todo entretenimento converge para essa mensagem subliminar. E o resto fica menor. O resto? Que "resto"? A história das gangues rivais, numa Nova York bárbara, acossada pela imigração irlandesa e ameaçada pela Guerra Civil. O clima é o da terceira classe do "Titanic" (1997), e por isso Leonardo Di Caprio está tão à vontade. Cameron Diaz, também. Ele é o órfão, filho do líder da gangue derrotada ("The Dead Rabbits"), que, crescido, vem vingar a morte do pai (Liam Neeson). Ela é uma beldade abandonada pela sorte, cometendo pequenos furtos para sobreviver. Ambos, cada um à sua maneira, se associam ao chefe da gangue dominante: obviamente, Daniel Day Lewis. Depois disso, não há muitas novidades. A ascensão e queda do garoto prodígio, até a derrubada da "ordem estabelecida". E Scorsese nisso tudo? Dá para sentir que ele se aperfeiçoou nas cenas de carnificina (já há alguns anos, suas preferidas). Basta dizer que o personagem de Lewis é apelidado de "The Butcher" ("O Açougueiro"). A lei é a do Velho Oeste ("Eu sou a lei aqui"), então é de se imaginar o que os "caubóis da máfia" reservam ao espectador. "Gangues de Nova York" começa e acaba com uma luta de todos contra todos - a ponto de, no fim do fim, ser impossível contabilizar sobreviventes, quanto mais vencedores. Nova York, afinal, ficou entregue aos arrivistas irlandeses? Ou impuseram-se os nativistas? Ninguém parece saber. Diante de um desfecho de violência apoteótica, e caótica, Scorsese preferiu concluir com um resplandecente World Trade Center, mais de cem anos depois. Uma imagem para desviar a atenção e calar a fome de sentido. Pena que tenha calado também suas ambições - e produzido apenas mais um filme grandiloqüente. [Comente esta Nota]
>>> Gangs of New York
 
>>> AVISO AOS NAVEGANTES

* este é o primeiro Digestivo que implementa as mudanças anunciadas no último Editorial ("Digestivo Essencial", de 3/2/2003)
 
Julio Daio Borges
Editor
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
12/2/2003
11h52min
impecável a crônica Paulo Francis. Crônica informativa, sobre o modo de ser do personagem, e muito deliciosa de ler. Meu tipo predileto de Crônica. GOSTEI!!!!!!! luiz guimarães (KOAN)
[Leia outros Comentários de Luiz Guimarães]
14/2/2003
22h19min
Olá Júlio, Como informação, Gangues de NY estava já em pós-produção na época dos atentados. O lançamento do filme foi adiado justamente para não causar polêmica com o posterior estado de comoção nacional e patriotismo que tomou conta dos States após a tragédia. Vejo Scorsese com muita coragem em tocar numa ferida ainda aberta e demonstrar uma NY caótica e construída sobre a barbárie. Mostrar que a cidade foi construída em lutas internas e que os próprio americanos demonstravam atitudes xenófobas e belicistas já há mais de 150 anos. Quanto à resolução da estória, Julio, pelo menos pra mim ficou claro que toda aquela violência não traz resultados: não existem vencedores. Na luta entre as gangues, a força civilizatória do Estado esmaga ambas. No final, concordo que o landscape de Manhattan resvalou na pieguice. Mas acho que Scorsese conseguiu passar sua mensagem: a luta bárbara por ideais duvidosos não resiste ao tempo. E vale muito pouco o sofrimento. Mas parece que vimos filmes diferentes. Ou é só questão de gosto mesmo. Aí então, não vale a pena discutir... Ou vale?
[Leia outros Comentários de Drex]
18/2/2003
16h31min
Primeiro: o filme foi feito antes do 11 de setembro. Segundo: praticamente todos os filmes do Scorsese são sobre NY. Terceiro: as "cenas de carnificina" parecem ser suas preferidas desde que ele começou a fazer cinema.
[Leia outros Comentários de Roberto Paiva]

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Bhagavad Gita a Ciência Suprema
Swami B. A. Paramadvaiti/ Srila Atulananda Acharya
Seva
(2007)



Os conflitos do oriente médio século XX 409
François Massoulié
Ática
(1996)



Anais Museu Histórico Nacional Volume 35
Usp
Usp
(2003)



/Filhos - Novas Ideias Sobre Educação
Ashley Merryman
Lua de Papel
(2010)



Pessach - A Travessia
Carlos Heitor Cony
Cia das Letas
(1997)



O Trabalho nos Engenhos
Etelvina Trindade
Atual
(1996)



Churchill, Hitler e a "Guerra Desnecessária"
Patrick J. Buchanan
Nova Fronteira
(2009)



Marketing conceitos e estrategias
William m pride - o c ferrell
Ltc



Hannah Montana e Eu
Miley Cyrus
Panda Books
(2010)



Projeto Educativo Para Uma Educação Libertadora
Luiz. A.A Pierre
Loyola
(1987)





busca | avançada
48532 visitas/dia
1,8 milhão/mês