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Quinta-feira, 13/9/2007
Blog
Redação
 
Os manos Racionais

Uma aula sobre o rap em um curso de Música Popular Brasileira parece estranho, não é? Mas não, faz muito sentido. A desigualdade social que o Brasil vive é cada vez maior e não encontra em nenhum outro estilo musical uma representação mais fiel dessa realidade cruel. Alguns podem considerar que o rap não é canção, sequer música, por ser tão falado. Mas não há como negar a poesia presente nas letras e o poder que elas exercem por serem tão verdadeiras, diretas e reveladoras. Se é MPB, isso eu já não posso afirmar, mas o rap tem uma importância fundamental na história da música brasileira.

A psicanalista Maria Rita Kehl falou sobre o esforço civilizatório dos Racionais MC's na última terça-feira no curso de MPB do Espaço da Revista Cult. O que chama atenção de início é como surgiu o interesse pelo rap. Ela contou que o primeiro contato com o grupo foi em um comício do PT no Vale do Anhangabaú. "O público era muito diferente da militância petista tradicional. Era uma moçada de boné, bermuda larga, cabelo raspado, que não via nenhum problema em subir em bancas e postes para ver melhor o show", lembra. Mas não viu ali nenhuma agressividade, como aconteceu neste ano na apresentação do grupo na Virada Cultural na Praça da Sé.

"Me atentei ao fato de eles se chamarem de mano e me interessei por conta da questão do fraterno, que na psicanálise está muito ligada à idéia de que somos todos filhos de Deus", explica. De fato, essa fraternidade existe entre os jovens da periferia, pois se sentem representados pelos rappers. "Cada um deles se sente capaz de contar sua vida nesse ritmo, eles se consideram um rapper em potencial, não um tiéte", avalia.

Segundo ela, isso acontece porque os Racionais não posam de pop stars, não se distanciam do público. Eles usam o rap como alternativa para sair da exclusão social, mas não usam o trabalho para se oferecerem como objeto de adoração e de consolo para a grande massa de fãs. "Os rappers se dirigem ao contrário, a partir do local do semelhante. É muito horizontal e é por isso que eles não se relacionam com a mídia."

Além de se recusarem a falar com a imprensa, os Racionais também não fazem questão de ter o reconhecimento da classe média, mesmo tendo fãs nesse grupo social. São os jovens da periferia, negros e pobres que constituem seu público-alvo. "Eu não me preocupo com a classe média, porque se você se preocupar com a classe média, você vai começar a xingar muito para ofender. O rap não apavora ninguém, a classe média já é apavorada por natureza. O rap é só a trilha sonora do mundo que a gente vive. Esse mundo é que é apavorante", declarou Mano Brown para a revista RAÇA, em uma das poucas entrevistas que cedeu.

O esforço civilizatório dos Racionais a que a psicanalista se refere é a grande missão do grupo. "Eles têm uma idéia da revolução que eles querem fazer, a começar pela arma que eles se utilizam, que é a palavra." Com a palavra, eles querem promover consciência e atitude nos jovens negros. "Orgulho da raça negra e atitude de lealdade com os manos que são negros e pobres como eles", resume. Quanto a negação do público da classe média, Maria Rita acredita que isso representa um limite a esse esforço civilizatório, mas está de acordo com a filosofia que pregam.

Uma outra polêmica que envolve os Racionais MC's vem geralmente de quem não conhece a fundo as músicas, que é o pré-julgamento das letras como violentas ou apologéticas ao crime. De acordo com a psicanalista, a estética da violência é utilizada para impressionar o ouvinte e mostrar a ele como a realidade é horrível e violenta para que ele tente seguir outro caminho. O próprio Mano Brown, líder do grupo, já explicou uma vez: "Se você vender aquilo ali que é miséria ninguém compra, você vai ter que transformar. Por que o cara gosta do rap? Tem rima, tem balanço, fala umas palavras que no dia-a-dia o cara nunca ia imaginar que ia virar um rap. É tudo magia".

Para ir além
Espaço da Revista Cult

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Postado por Débora Costa e Silva
13/9/2007 às 15h13

 
Pizzaria Brasil


Acaba de chegar às livrarias mais uma coletânea de charges. Porém, Pizzaria Brasil: Da abertura política à reeleição de Lula — do chargista Cláudio, do jornal Agora São Paulo — não é "apenas" um livro de charges. Trata-se, na verdade, de um livro de história, porém contado de maneira muito mais divertida. Em seus quase trinta anos de profissão, o autor deixa evidente a evolução de seu trabalho ao longo dos tempos. Nota-se claramente em seus primórdios uma forte influência do traço do Henfil, o que mostra um ótimo gosto ao escolher seus mestres. Quem tiver mais sensibilidade poderá encontrar também alguns fragmentos de J. Carlos e até de seu contemporâneo Amorim em seus desenhos, mostrando que Cláudio experimentou bastante seu traço, sem medo de arriscar novas abordagens e linguagens, mas sempre com sua marca e personalidade própria.

O autor também foi fundo em suas pesquisas e esmiuçou o Brasil desde o governo militar. Cada situação política que o país viveu nesses últimos 40 anos vem acompanhada de charges que funcionam como vinhetas para os pequenos textos que situam o leitor de maneira bem didática dentro de cada cenário. A área econômica não foi esquecida e as estatísticas e dados do IBGE indicam ao longo do livro as taxas de juros, inflação, salário mínimo correspondente a cada época. Nesses tempos estranhos em que só se compara o governo atual com os anteriores, Pizzaria Brasil é (com trocadilho) um prato cheio.

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Postado por Diogo Salles
13/9/2007 às 12h43

 
Klaatu barada nikto!

Durante a semana passada, repeti muitas vezes a frase misteriosa: "Klaatu-barada-nikto". Estava assistindo o filme O dia em que a Terra parou (Day the Earth Stood Still, EUA, 1951), uma ficção científica nos moldes dos anos cinqüenta, em preto e branco, na qual o personagem Klaatu, um sujeito que veio do espaço (o ator Michael Rennie, com aquela cara de balconista de loja de senhoras), paralisa todas as máquinas terrestres para protestar contra a irresponsabilidade humana, que ameaça, nada mais, nada menos, que a galáxia inteira (!).

Em determinado ponto do filme, ele comanda seu robô gigante com essas palavras malucas, "Klaatu-barada-nikto", palavras indecifráveis até hoje, e que podem significar qualquer coisa, desde "destrua esses terráqueos" a "como é mesmo o telefone daquela loura?".

Eu assisti a esse filme pelo menos uma vez por dia, durante toda a semana passada. E descobri que a frase misteriosa poderia ser apenas uma imprecação, tipo: "esses terráqueos são uns melecas!"; algo assim (para não cair nos baixos calões, vocês me entendem). Vendo esse filme, todos os dias, vi que isso fazia o maior sentido.

[4 Comentário(s)]

Postado por Guga Schultze
10/9/2007 às 14h54

 
A obra de Chico Buarque

"Vida, minha vida. Olha o que é que eu fiz". Como na música "Vida", o jornalista Fernando Barros fez os alunos do curso de MPB do Espaço da Revista Cult olharem para o que Chico Buarque fez durante sua vida. Na última terça-feira, o autor do livro Chico Buarque - Folha Explica analisou a obra do cantor e compositor carioca, intercalando músicas, histórias, análises e curiosidades. O artista, quase unanimidade entre público e crítica, tem cerca de 40 álbuns, três romances e quatro peças de teatro. Um prato cheio para discussões, pena que num espaço tão curto de tempo. Afinal, são mais de 40 anos de carreira para serem relembrados em duas horas de aula.

Mesmo assim, o panorama traçado por Barros englobou várias questões. Uma delas foi a própria análise que a mídia e os estudiosos acadêmicos fazem da obra do cantor. O jornalista comentou sobre uma das principais tendências que o mercado e a academia seguem: dividir a obra, seja em épocas, fases ou temas. É muito comum ver CDs com coletâneas de canções que falam de uma só temática ou estudos que abordam determinada fase do artista.

Mesmo reconhecendo o quão difícil é lidar com toda a obra de Chico, que além de complexa é extensa, Barros critica algumas dessas clivagens. Uma das tendências desaprovada por ele é privilegiar o período de confronto do regime militar. Para o jornalista, isso ocorre porque o compositor ficou mais famoso nesta época. "Ainda hoje sua imagem é refém da caricatura que se construiu no auge da ditadura. O combate à ditadura não é a tônica da obra dele e a interpretação da obra ainda está muito viciada nesse viés", afirma.

No entanto, uma das principais teorias defendidas durante a aula foi justamente o contraste existente entre a produção musical feita até os anos 80 e o que foi feito depois. De acordo com o jornalista, nos anos 70 há um predomínio de expressões artísticas (peças e músicas) que tratam de temas coletivos, que solicitam o engajamento e a participação das pessoas em alguma causa, talvez por conta da situação política em que vivia o Brasil.

"A partir dos anos 80 o Chico é mais recluso, tanto na música quanto na literatura. A obra fica menos óbvia. O antigo inimigo, a ditadura, não está mais lá", explica. Segundo Barros, as canções e os romances são mais introspectivos. Mas por quê? "A obra dele é muito reveladora. Ele percebeu muito antes como seria frustrante nossa redemocratização, pois ela não cumpre o que prometeu", avalia.

Um dos temas mais freqüentes dessa nova fase é o papel do artista na sociedade, a sua função, propósitos, frustrações e a relação com a mídia. "Na carreira" e "Mambembe" foram as canções que Barros utilizou para exemplificar essa temática freqüente na obra de Chico. Na literatura, isso pode ser observado no livro Budapeste, que fala, entre outras coisas, sobre a relação do escritor com a indústria cultural.

Se tem algo que explica o porquê de toda a genialidade de Chico Buarque é o fato de que em suas canções ele fala de temas universais por meio do retrato do cotidiano dos brasileiros. O jornalista até cita uma frase, tirada de um ensaio de José Miguel Wisnik e Guilherme Wisnik, que resume essa idéia: "Chico Buarque faz como se virasse uma canção a página da história". Para Barros, Chico é o segundo maior poeta modernista do Brasil, sendo o primeiro Carlos Drummond de Andrade.

"Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz"


Chico realmente tocou na ferida, nos nervos, nos fios e nos olhos de muitos homens e mulheres com sua música. Por isso tem se dedicado a escrever canções inspiradas no ofício do artista, tentando talvez entender a própria obra.

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Espaço Revista Cult

[3 Comentário(s)]

Postado por Débora Costa e Silva
7/9/2007 às 20h19

 
Bill Murray vs. Steve Martin



"Bill Murray versus Steve Martin", que eu descobri graças ao Mahalo...

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Postado por Julio Daio Borges
5/9/2007 às 12h47

 
A moça do vidro

Não consigo compreender o mundo que me cerca. Ele está velado para mim. Não consigo me relacionar com ninguém. Sou tida como esquiva, com pensamentos ingênuos e altruístas. Não gosto de comprar nada, de consumir nada. Vivo em paz com meus livros, e não em paz comigo mesma. Mesmo as palavras companheiras não podem ser tomadas ao pé da letra, pois nesse caso o mundo se transformaria no verdadeiro hospício. Busco a minha redenção e não consigo encontrá-la, em livro ou em meu semelhante. Sinto-me despedaçada. Formada de milhares de pedaços que não conheço, e que procuro ao longo desses meus poucos dias tirar para fora, através da palavra. Consigo compreender que, por não gostar de mim, procuro gostar do meu interlocutor, fazendo tudo, absolutamente tudo, que o agrade. Cada um deles tem uma parte de mim. Cada um deles tem um dos meus defeitos. E é essa a minha devassidão. Ou melhor: a minha divisão. Devassa dividida buscando, no pouco tempo de uma vida, encontrar uma alma gêmea, como um irmão siamês, aquela outra parte do meu ser que foi um dia indistinta e que hoje está inexoravelmente separada.

A Ana, no blog do Djabal, que está cada vez melhor.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
4/9/2007 à 00h27

 
iPhones, Apple, Macbooks, Dell

Com previsão de chegar a 800 mil unidades vendidas no quadrimestre, superando as expectativas da própria Apple, o iPhone trouxe um efeito colateral: aumentou a venda de Macbooks.

Do total de vendas de notebooks a Apple passou de 12% em Junho para 17% no final de Agosto. Já a Dell caiu de 37% para 30% no mesmo período.

Melhor ainda: dos que compraram Apple, 89% se dizem "muito satisfeitos" (a melhor classificação, disparada, entre todas as marcas).

É um momento crítico para a Dell. Faz tempo que seus equipamentos não trazem nenhuma grande novidade, nem são arrojados em termos de design.

Sem uma linha de smartphones ou PDAs para tentar atrelar aos computadores, a Dell perde mais atrativos ainda...

Carlos Cardoso, no Meio Bit (que eu visitei graças ao Tech Letters, que linca pra nós...)

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Postado por Julio Daio Borges
3/9/2007 à 00h58

 
A canção, por Wisnik

A poesia presente nas letras dos grandes clássicos da música popular brasileira, principalmente nas obras da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes e dos compositores Caetano Veloso e Chico Buarque, foi analisada e exaltada pelo também compositor José Miguel Wisnik na última terça-feira (28/08), numa das aulas do curso de MPB do Espaço da Revista Cult. A discussão sobre se canção pode ser considerada poesia já havia sido abordada nas outras aulas por Luiz Tatit e Carlos Rennó, mas o também professor de literatura brasileira da USP acrescentou ao repertório dos alunos uma análise mais aprofundada do ponto de vista literário de algumas músicas.

"A canção não é só um gênero de entretenimento, é também poesia. E poesia é antes cantada do que escrita, o nome lírico está relacionado a isso mesmo", define. Antes de falar sobre música, Wisnik explicou que as origens da canção estão na poesia provençal, onde se fazia música com uma poesia extremamente complexa. Com a invenção da imprensa e o crescimento de conjuntos musicais instrumentais surgiu a diferenciação do músico e do poeta, por conta da escrita.

No Brasil, mesmo reconhecendo a importância de grandes compositores de samba como Noel Rosa, o professor destacou a relevância da bossa nova para a música brasileira, mais especificamente a parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes como precursora da canção. Afinal, Vinicius já era um poeta quando buscou em Jobim um parceiro musical para realizar o musical Orfeu da Conceição.

"A bossa nova é a grande virada. Essa parceria simboliza literalmente a combinação de uma letra poética com a música", explica Wisnik. Ele também discorreu sobre o Brasil da década 50 e 60, que se modernizava e buscava uma identidade cultural com a bossa nova. "Ela anunciou a possibilidade de um país moderno que pela primeira vez tinha uma produção cultural, não apenas o país exportador de bananas, que estava sintetizado pela imagem de Carmem Miranda. A arquitetura de Brasília, o futebol, tudo isso mostrou a capacidade de criação e a eficácia dentro do território nacional."

Num momento mais prático da aula, Wisnik levou duas músicas para serem estudadas junto com a classe: "A terceira margem do rio", do Caetano Veloso, e "Bolero Blues", do Chico Buarque. Em ambas as canções, há presença de metáforas que fazem referências a uma outra canção (no caso da do Chico, "Garota de Ipanema") ou a uma obra literária (Grande sertão veredas, de Guimarães Rosa, no caso da do Caetano). De uma forma divertida, Wisnik analisou as letras, dançando e entoando versos, interpretando de fato a poesia inserida na canção.

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Espaço Revista Cult

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Postado por Débora Costa e Silva
31/8/2007 às 13h55

 
Bate-papo com Gilberto Franco

1. Por que o leitor brasileiro deve ler Nelson Mandela: Uma lição de vida, de Jack Lang?

Para conhecer um pouco mais sobre esse grande personagem que é Nelson Mandela. Embora já se tenha publicado muito sobre ele, sempre haverá alguma coisa a ser tornada pública... - e é essa soma de informações que nos leva a compreender e a entender sua luta obstinada contra a discriminação racial na África do Sul.

2. Como é publicar, no Brasil, um Ministro da Cultura da Franca (Jack Lang), sobre um Nobel da Paz (Mandela), prefaciado por Nadine Gordimer, que é, por sua vez, Prêmio Nobel de Literatura? Foi difícil? (Como você fez para se antecipar em relação ao resto do mercado editorial?)

Havia uma responsabilidade muito grande e uma preocupação, maior ainda - em fazer uma edição à altura dos personagens envolvidos, desde a tradução até a concepção gráfica da obra. Para isso nos cercamos de profissionais experientes e capacitados, como Rúbia Prates Goldoni, que traduziu, e Sérgio Molina, que fez a coordenação editorial. E agora, com o livro saindo do forno, me sinto recompensado pelo bom trabalho que todos fizemos juntos...

Na compra dos direitos, acredito que tive um pouco de sorte, sim. O livro havia sido lançado na França, e logo em seguida em Portugal, e foi a edição portuguesa que chegou às minhas mãos. Após a leitura, fiquei maravilhado e me perguntei: "Será que este tesouro está livre para o Brasil?". Para a sorte da Mundo Editorial, estava. Quer dizer, havia uma outra editora interessada, mas o meu lance foi o melhor, e acabamos ficando com os direitos. Então, não acredito que me adiantei assim tanto ao mercado... Acho que, com tantos títulos hoje à disposição, sobram bons livros e bons autores para serem publicados por pequenas editoras como a nossa.

3. Aliás, o que você acha que diferencia a Mundo Editorial das outras editoras?

Sinceramente não saberia precisar o que nos diferencia... Talvez por sermos de pequeno porte, sobre mais agilidade em todos as etapas que envolvem a publicação de um livro...

4. Pelo seu catálogo, a gente percebe uma grande afinidade com autores hispânicos e até com histórias da Espanha (como da Guerra Civil Espanhola, em Ana-Não) - de onde veio essa ligação? Qual a sua relação, como editor, com esse mundo?

Sou descendente de espanhóis, e isso, decididamente, me influenciou na escolha dos títulos a serem publicados. Mas, veja: quando decidi abrir a editora eu já tinha em mente reeditar Ana-Não. Eu havia lido esse livro em 1983, e havia me apaixonado pela personagem, Ana Paúcha. Agustín Gómez-Arcos, embora fosse espanhol, escreveu todas as suas obras em francês, e foi publicado pela Stock (editora francesa). Posso afirmar que temos bons relacionamentos com editoras francesas, bem como com as espanholas - que sempre nos trataram muitíssimo bem, não levando em conta, por exemplo, o fato de a Mundo Editorial ter um catálogo ainda pequeno: o que conta é fazer uma boa tradução dos livros. E estamos, também, negociando com autores de outros países...

5. A propósito, conte um pouco como você veio parar no tal negócio do livro...

Tudo começou com o livro de Gómez-Arcos, Ana-Não, e a paixão pela leitura. Um sonho antigo que, aos poucos, foi tomando forma - até que, em 2005, eu o realizei, para em 2006 publicar nossos primeiros livros: Ana-Não e O lado frio do travesseiro, de Belén Gopegui (considerada uma das mais brilhantes escritoras espanholas da nova geração).

6. Na sua opinião, quais as maiores dificuldades e as maiores recompensas de ser editor no Brasil?

A distribuição e a exposição nas livrarias são, no meu ponto de vista, os grandes obstáculos, principalmente para editoras novas e pequenas. Não quero com isso dizer que as livrarias são as hoje as "vilãs" da história... O que acontece é que há um numero muito grande de títulos hoje no mercado, e, ao mesmo tempo, há que se obter lucro para sobreviver... Como conseqüência, os melhores espaços são destinados àqueles títulos que têm retorno quase certo ou garantido. Faz parte do jogo: e nós temos de ir nos adaptando, encontrando, talvez, novos caminhos...

7. Por enquanto, vocês têm se concentrado em traduções, mas quais são os novos projetos (anunciados em seu site, envolvendo autores brasileiros)?

Uma das formas de uma nova editora entrar no mercado, e ganhar alguma visibilidade, é justamente lançando autores estrangeiros, que já foram editados (e testados) em outros paises.

Bancar um autor nacional, inédito, é louvável e necessário, mas há que se investir muito para divulgá-lo e torná-lo conhecido na mídia literária brasileira...

Para o inicio de 2008, temos programados já dois lançamentos de autores brasileiros, inéditos...

8. Como você vê o atual momento da literatura, do mercado editorial e da própria leitura no Brasil? A gente ouve opiniões desencontradas, otimistas e pessimistas - mas eu queria saber a sua (afinal já atua no setor desde 2005...).

Eu sinto que o mercado editorial tende a crescer ainda muito. Grandes editoras estrangeiras têm se instalado aqui, então não há porque também não acreditar que o futuro é bastante promissor para todos.

Há, no entanto, uma coisa que eu acho que em nada contribui para o crescimento do número de leitores no Brasil: a critica apenas depreciativa a autores e leitores de livros ditos de "baixa literatura", ou simplesmente comerciais.

Não acredito, por exemplo, que um adolescente adquira o hábito da leitura lendo Machado de Assis, José de Alencar ou qualquer outro grande mestre da literatura brasileira. Assim como em tantas outras coisas, há um longo aprendizado "para se pegar o gosto".

O importante é ler e não importa o quê: histórias em quadrinhos, livros de bolso, de bangue-bangue, edições baratas que se vende em bancas... Fatalmente esse leitor sentirá, mais dia menos dia, necessidade de uma literatura mais rebuscada, digamos, mais aprofundada, até para encontrar respostas às suas dúvidas, questionamentos etc. - então, aí, vai atingir a dita "alta literatura".

9. E a internet, ajuda ou atrapalha você no seu negócio? Quais as suas expectativas em relação a ela (como participante ativo na cadeia do livro)?

Ajuda, e como ajuda... Graças à internet, nossos livros podem ser vistos em todos os cantos do Brasil. Antes, só o que existia era a crítica "especializada" e o famoso boca-a-boca.

Acredito piamente que a internet pode revolucionar a cultura neste país de tanta carência cultural, e sob todos os aspectos. Basta fazer uma única busca para encontrar, só na nossa área, dezenas de sites especializados em literatura...

10. Para finalizar, como você vê a Mundo Editorial daqui a alguns anos? Quais são os seus projetos/sonhos como editor?

Se tudo correr bem, a Mundo Editorial pretende, a partir de 2008, lançar seis títulos por ano. Para isso estamos nos organizando, e nos adaptando para acompanhar o que acontece no mundo editorial...

Eu tenho um sonho, também para 2008 que é criar um prêmio literário. Falta muito pouco para que isso, efetivamente, se concretize. Já estamos conversando com alguns prováveis parceiros, a fim de oferecer um valor bastante significativo e atrair autores de todas as regiões do Brasil...

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Mundo Editorial

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Postado por Julio Daio Borges
31/8/2007 às 12h27

 
A Ilha de Nahuatl

Inúmeras histórias já foram contadas sobre a colonização da América.

Se você gosta de uma boa história, não perca a que contarei aqui sobre...

A cada semana, um novo capítulo.

Não perca o primeiro!

P.P. Ramada, inaugurando seu blog, e lincando pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
31/8/2007 à 00h52

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