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Terça-feira, 15/7/2008
Blog
Redação
 
Machado em exposição

Depois da Flip, agora é a vez do Museu da Língua Portuguesa prestar sua homenagem ao escritor Machado de Assis, que, recentemente, foi tema, também, de um especial neste Digestivo, ocasião em que o colunista Daniel Lopes, entre outros, afirmou não ter lá tanto apreço pelo celebrado Bruxo do Cosme Velho. Pois na exposição Machado de Assis, mas este capítulo não é sério ele teria mais motivos para não gostar do autor e de sua obra. Muito embora a intenção seja, como o próprio nome sugere, mostrar um Machado de Assis menos sisudo e mais íntimo, o resultado acaba por desqualificar essa proposta.

A razão para tanto é (aparentemente) simples: a mostra comete o equívoco de confundir aspectos visuais com elementos verdadeiramente consistentes no que se refere ao universo Machadiano. Nesse sentido, existe, de um lado, a preocupação na disposição dos objetos que, de uma forma ou de outra, pertencem ao ideal de um escritor, tais como livros, manuscritos, estantes. Por outro, nota-se a tentativa de recriar um ambiente mais próximo de Machado de Assis, e daí entram em cena os documentos pessoais e as imagens, com caricaturas e fotos.

Situada em apenas um andar (pavimento) do Museu da Língua, tanta parafernália não dá, em primeiro lugar, espaço para o público se movimentar adequadamente. Em segundo, falta conteúdo efetivamente explicativo sobre Machado de Assis. As poucas palavras dispostas na parede não dão conta do escritor, assim como os guias educativos, que, ainda nesta terça-feira, dia em que a exposição abre para o público, eram instruídos sobre o que falar acerca do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Em terceiro e último lugar (até porque a exposição é breve), ao mesmo tempo em que falta substância, sobra espaço para as leituras de Machado de Assis feitas por personalidades.

Como é de costume na sociedade do espetáculo, não basta ser, tem de parecer-ser. Nesse caso, não basta ter leitura dos textos machadianos, mas tem de apresentar personalidades nessa função. Assim, há espaço para nomes como Xico Sá, Zé Celso e até Malu Mader. E o visitante fica sem saber muito bem por que esses nomes foram escolhidos. Ao fim e ao cabo, todo esse desleixo pode ser deixado lado se se lembrar que a mostra é um capítulo que não é sério.

Nota do Editor
Leia também "No Museu da Língua falta o livro" e "Guimarães Rosa no Museu da Língua Portuguesa".

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
15/7/2008 às 12h41

 
David Lynch em BH

No dia 06 de agosto de 2008, às 10h45, o cineasta norte-americano David Lynch estará presente no auditório da reitoria da UFMG, em Belo Horizonte, participando de um ciclo de conferências.

O diretor de O homem elefante, O veludo azul e Coração selvagem, dentre outros, fará parte de um debate sobre "consciência e processo criativo" com os professores Heitor Capuzzo e Maria Esther Maciel.

Chega a ser engraçado, senão bizarro, que a UFMG ofereça uma oportunidade dessas ao público mineiro, já que até hoje o seu curso de cinema não saiu do papel. Mas numa capital em que o único curso superior de cinema ― de uma faculdade particular, diga-se ― ainda não formou a primeira turma e nem foi capaz de trazer um cineasta desse quilate para a interlocução com interessados e profissionais, toda ação nesse sentido, mesmo que pela metade, é muito bem vinda.

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Postado por Pilar Fazito
15/7/2008 às 09h06

 
Loucos sistemas de blogs

O WordPress possui o melhor editor de texto, com opção de post privado e de edição de data, e tem a coleção de templates grátis não customizável mais horrorosa da Web. Para modificar tem que pagar. O Blogspot, dizem, "é o melhor sistema de blogs gratuitos da Web", mas tem um painel de edição que, putz, não dá. O Zip.net é customizável, o caramba a quatro, mas caiu em "desgosto popular meu". Cansei. Sem contar que, no Zip.net, ou se faz realmente um template decente ou se conta com alguns modelos também grátis, piores que os do WordPress. E ando com uma preguiça pra fazer layouts... Preguiça e um PC tartaruga. O que acaba tirando mais onda com a preguiça, ainda. Quero um iMac. Pronto, me rendi. Não trava, não tem assistência técnica, e ainda cabe tudo numa tela. Quer coisa mais pontual?

Ana Peluso, no seu novo blog.

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Postado por Julio Daio Borges
15/7/2008 à 00h47

 
Mãos ao alto, leitor!

A Web tupiniquim está em polvorosa. Na semana passada a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o Substitutivo aos projetos de lei 137/2000 e 76/2000, do Senado, e 89/2003, da Câmara, que trata da tipificação penal de condutas praticadas através da internet.

Nada de novo. Há tempos o Congresso Nacional vem debatendo o tema com certa cautela, mas sem a participação do maior interessado: você, leitor. Imagine que os líderes dos partidos consentiram com a resolução que proibiu a campanha política através da internet e você terá um esboço da qualidade da lei que está em gestação. Os pontos mais controvertidos são a tentativa envergonhada de criminalizar a transmissão de arquivos protegidos por direitos autorais e a atribuição de poderes policiais aos provedores de acesso.

A primeira idéia já é antiga e vem tomando corpo desde o começo da enxurrada no mercado nacional de produtos piratas chineses. A ineficácia das medidas policiais e dos "rapas" nos locais de venda de produtos pirateados acabou mudando o foco da repressão para o lado mais fraco da questão: o usuário da internet. O rigor da lei com o internauta que mantém material protegido por direito autoral sem autorização é tamanho que a pena cominada impede a concessão dos benefícios da transação penal e da suspensão do processo. O perigosíssimo internauta vai ter que prestar serviços comunitários! Já em relação aos poderes policiais dos provedores, estes deverão manter os históricos de navegação dos últimos três anos de todos os seus usuários, além de terem a obrigação de informar a polícia sobre eventuais práticas de crimes pela rede. A última obrigação não é nova no direito penal nacional, já existia na obrigação do médico notificar determinadas doenças a determinados órgãos públicos. A desproporção na utilização do instituto é patente: equipara-se download de músicas com o risco de uma epidemia. Enfatize-se: nada de novo para o país que prende o autor de um furto num supermercado e liberta os investidores do dinheiro público.

As medidas mais eficazes no combate aos crimes praticados pela internet passam pela agilização do inquérito policial, através de procedimentos que facilitem o recebimento de informações pela polícia, e pelo endurecimento com o mercado clandestino de bancos de dados. Legislar além destes temas, no atual estado de desenvolvimento da internet, é intimidar o usuário.

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Postado por Vicente Escudero
14/7/2008 às 02h13

 
Jabá é sempre jabá

Gente já vendeu sua alma, sua irmã, seu irmão, fantasmas em jarros, seu nome, o filho da vizinha. Estou apenas vendendo o espaço aqui deste blog. Sim, este mísero espaço, onde não tenho o menor compromisso com a verdade, com a ética nem com os bons costumes. Claro! Sem dizer que também não tenho compromisso com a gramática nem com a língua portuguesa, então se forem me citar, por favor não percam tempo enchendo o texto de "sic". Nego nem sabe o que é sic.

Sim, sou um Blogueiro de Aluguel, minha opinião tem preço? Claro que tem! Tudo na vida tem um preço, afinal o fim do mês está ai e todos nós precisamos pagar a conta do Carrefour. Sim, eu adoro receber presentes, como eu disse, só reclama do Jabá quem tá de fora. Mochila, casaco, refrigerante, cesta de natal, iPod, relógio. Jabá é sempre jabá.

Pois então, o jabazeiro clássico é oportunista. Uns vão para Cannes, outros vão para área VIP de shows, outros ganham bloquinhos, outros vão em pré-estreia, outros aceitam patrocínio da lei de incentivo à cultura. Tudo isso é Jabá, menos ou mais institucionalizado. (Me senti o lendário Lobão escrevendo este parágrafo).

Minha alma eu já vendi, uns 20 anos atrás, em troca de um Atari. Mas agora ando precisando de uma TV LCD, um Nintento Wii, um GM Prisma, ingressos para a pré-estreia de Cavaleiro das Trevas, alguns filmes em DVD, ingressos para shows bacanas e uma geladeira USB.

Canetas, bottoms, mousepads, notebooks tambem são aceitos.

Blogueiro de Aluguel, no Blog de Aluguel, que acaba de inaugurar.

Nota do Editor
Leia também "Sobre o Jabá"

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Postado por Julio Daio Borges
11/7/2008 à 00h48

 
nosso futuro comum

Somos dependentes da natureza. Nossos corações batem porque um ser vivo na Terra aprisona a luz do sol. O oxigênio de nossos pulmões vem de microsseres dos oceanos. Sem as abelhas, não teríamos comida.

Por que então tanta falta de amor pela natureza, tanta destruição, tanta arrogância?

Este site busca ajudar as pessoas a encontrar respostas para uma série de dúvidas sobre o que está acontecendo no mundo hoje. Através de trabalhos que colaboram para encontrarmos nosso destino de harmonia e paz entre todas as outras formas de vida, entre nós e o planeta.

Algo que nunca fizemos, mas que agora é urgente fazermos.

Hugo Penteado, inaugurando seu blog e me avisando por e-mail.

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Postado por Julio Daio Borges
10/7/2008 à 00h00

 
Sexpedia

Não sou sexóloga, nem tenho qualquer tipo de especialização acadêmica no assunto, mas como temas relacionados a sexo estão presentes na maioria das minhas sugestões de pauta e matérias (não sou nenhuma maníaca, juro, é curiosidade jornalística-científica pura), o pessoal da redação me incentivou a criar um blog para trocar idéias sobre meu assunto predileto e ajudar a buscar as respostas para dúvidas de todos os interessados em melhorar a vida sexual. Adorei! Um espaço só para falar sobre sexo, em horário de trabalho e com o aval do chefe? Irrecusável.

Fernanda Colavitti, no seu blog, uma indicação do Alexandre Maron.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
9/7/2008 à 00h23

 
Uma criatura

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.

Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.

Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.

Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto areal um vasto paquiderme.

Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.

Pois esta criatura está em toda a obra;
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
E é nesse destruir que as forças dobra.

Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.

Machado de Assis, em Toda Poesia.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
8/7/2008 à 00h27

 
Flip 2008 — IV (parte 2)

(Continuação do post anterior).

Machado de Assis voltou ao palco quando do encontro entre a historiadora Lilia Schwarcz (mediadora), o diplomata Sérgio Paulo Rouanet, a escritora Ana Maria Machado e o cineasta Luiz Fernando Carvalho. De todas as mesas da Flip, essa, certamente, era uma das mais conceituadas, tendo em vista o gabarito dos convidados.

Talvez isso tenha causado certo temor em Lilia Schwarcz, visivelmente nervosa ao apresentar os convidados. Isso não a impediu, contudo, de realizar uma introdução que norteou o diálogo entre os autores. Ela falou a respeito da dualidade em Machado de Assis, especialmente tendo em perspectiva os livros Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Na seqüência, Sérgio Paulo Rouanet esbanjou erudição e clareza ao analisar a obra do autor não tanto a partir de outras referências, como a psicanálise, quanto a partir da leitura atenta dos textos machadianos. Aqui, fez alusão a seu mais recente trabalho, o ensaio Riso e Melancolia, comentando de que maneira a obra machadiana diz aos leitores de que forma eles podem interpretar suas referências intelectuais, como Laurence Sterne, Xavier de Maistre, Diderot.

Ana Maria Machado levou o debate para uma seara menos densa, mas não menos importante. A autora questionou o ponto de vista adotado por Machado de Assis a propósito de mostrar Capitu como culpada da história. Ela obteve, ainda, aplausos mais efusivos quando disse que a obra de Machado de Assis deve ser lida no original, posto que é um clássico, além de ter dito que "o professor deve ler os livros indicados também".

Esse posicionamento de Ana Maria Machado reafirmou o ponto de vista do cineasta Luiz Fernando Carvalho. Em determinado momento, o diretor de TV responsável pela série Hoje é dia de Maria foi categórico ao afirmar que "não acredita na idéia de adaptação de uma obra". Para o cineasta, isso é um tipo de assassinato. A respeito de Machado de Assis, Carvalho contou alguns detalhes de seu projeto para apresentar Capitu, atração de TV que se baseia no romance Dom Casmurro e também assinalou a relação entre a obsessão machadiana e a idéia do doente imaginário, personagem de Molière. Além disso, Carvalho ressaltou que não assiste muito à televisão. Segundo ele, uma coisa é ser pago para fazer; outra coisa é assistir. Mesmo no fim da Flip, depois da capitulação dos autores em duas mesas, foi interessante que alguém ligado ao audiovisual tenha dito isso.

Encerramento
Mais de quinze mesas depois, a Flip 2008 chega ao final, assim como esta cobertura feita diretamente de Paraty. A todos, até a próxima!

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
7/7/2008 às 10h04

 
Flip 2008 ― IV

"Os livros que não lemos" era o tema da mesa de abertura do último dia da Festa Literária de Paraty. Eduardo Carvalho, direto do seu BlackBerry, já estava a caminho da estrada de volta para São Paulo, mas a discussão entre o psicanalista Pierre Bayard e o jornalista da Folha de S.Paulo Marcelo Coelho foi pertinente. Bayard atraiu a atenção do público principalmente graças à sua postura, algo irônica e certamente contestadora, a respeito da experiência da leitura. A partir do debate, a impressão é de que muita gente saiu do local com a sensação de que a proposta do autor francês era a de estabelecer uma nova forma de contato com a cultura, com os livros e com a literatura.

Pode-se afirmar, no entanto, que, em se tratando de impacto, nada se compara com a mesa "Folha Seca", que contou com a presença do crítico literário José Miguel Wisnik, do sociólogo Roberto DaMatta sob a mediação do jornalista Matthew Shirts. O tema? Futebol. Então, de repente, havia um auditório praticamente lotado para a discussão intelectual de um tema das multidões. Coincidentemente, há poucos dias, o Fluminense perdeu o título da Libertadores da América em uma partida, no mínimo, épica, com contornos que remetiam aos textos de Nelson Rodrigues.

Entretanto, o debate não era sobre os principais lances desta ou daquela partida. Mais do que tergiversar sobre o futebol de hoje e de ontem, os dois intelectuais, cada qual com sua formação, souberam dar um toque de classe ao apresentarem análises a propósito do significado do futebol para o Brasil e para os brasileiros. Assim, Wisnik mostrou de que forma seu livro Veneno Remédio ensaia um estudo sobre o esporte à luz das principais interpretações do Brasil no século XX. Nesse ponto, observa, Gilberto Freyre é o autor que mais se aproxima de uma interpretação mais bem acabada acerca do significado do futebol para a nação, ao apontar o esporte como democrático. E completou com sacadas do tipo: "o Futebol de Ronaldinho Gaúcho é pós-moderno, porque seus gols são verdadeiras citações literárias a outros mestres do jogo"; ou "O Brasil é um primor na tecnologia do ócio".

Roberto DaMatta, por sua vez, não apenas concordou com a tese de Wisnik, como também aproveitou para arrancar da platéia algumas risadas amiúde suas considerações. DaMatta soube, porém, dialogar à altura, sobretudo ao afirmar que "o Brasil não se realiza apenas no Futebol; do contrário, não estaríamos aqui [numa Festa de Literatura]". Na opinião do sociólogo, o esporte rearranja a questão da desigualdade de formas diversas, sem mencionar a questão da justiça do jogo (um dado que contrasta com a política, por exemplo), bem como o aspecto do mérito que valoriza o desempenho (e não a proteção deste ou daquele). Além disso, para DaMatta, o fato de o Estado não ter tentado (no passado, ao menos) organizar o jogo fez com que o futebol vingasse. Em uma platéia repleta de VIPs, esse discurso não poderia ter sido mais apropriado ― mas Orlando Senna, ministro do Esporte, apareceu lá para saudar os convidados depois.

(Continua no próximo post.)

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
7/7/2008 às 10h02

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