Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
67472 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Lecadô vai celebrar o Dia Nacional da Coxinha com campanha solidária dia 18 de maio
>>> Documentário “Live in casa Ribeirão,só a música sabe o que sentimos” será lançado em Ribeirão Preto
>>> Sucesso na Broadway, 'O Som que Vem de Dentro' ganha primeira montagem no Brasil
>>> “Cala a Boca e Me Beija” estreia no Teatro Vannucci, no RJ
>>> Mona Vilardo celebra a Rainha do Rádio Dalva de Oliveira no Teatro Nova Iguaçu Petrobras
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
Colunistas
Últimos Posts
>>> Drauzio em busca do tempo perdido
>>> David Soria Parra, co-criador do MCP
>>> Pondé mostra sua biblioteca
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Substitutos de caçada
>>> A cultura me deprime
>>> Os Saltimbancos
>>> Além do mais
>>> Histórias de gatos
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> A crise da mulé
>>> Um caso de manipulação
>>> Página de rosto
>>> Florbela Espanca, poeta
Mais Recentes
>>> Como Usar A Midia A Seu Favor: As Melhores Praticas Para Ser Noticia de Piratininga pela Cla Cultural (2008)
>>> Livro A Queda de Gondolin de J. R. R. Tolkien, editado por Christopher Tolkien, ilustrado por Alan Lee, traduzido por Reinaldo José Lopes pela Harpercollins (2018)
>>> Livro Catálogo de Selos Do Brasil Volume 2 1967 A 1990 de Varios Autores pela R. H. Meyer (1990)
>>> Holly The Eco Warrior de Martyn Hobbs pela Cambridge University Press (2007)
>>> Bamboleio Bambo, O Primeiro Passo de Jen Storer pela Haperkids (2022)
>>> Livro Machado De Assis Para Principiantes de Marcos Bagno pela Ática (1998)
>>> Box Árabes Os Melhores Contos e Lendas de Vários autores, organizado e traduzido por Juliana Garcia pela Pandorga (2021)
>>> Como Evitar Problemas Na Compra Do Seu Carro de Mauro Antonio Panni pela Rideel (2003)
>>> Livro Mil Dias Em Veneza de Marlena De Blasi; Abreu pela Sextante (2010)
>>> Direito Do Trabalho - Volume 27. Coleção Sinopses Jurídicas de Cesar Reinaldo Offa Basile pela Saraiva (2014)
>>> Ser E Fazer teologia moral de por Leo Pessini (Autor) pela Santuário (2012)
>>> Ponta Do Iceberg de José Carlos Gutiérrez pela Cia Dos Livros (2011)
>>> Livro Helena de Machado De Assis pela Paulus (2008)
>>> Contos Modernos Em Tempo De Paz de Pinheiro pela Eme (2012)
>>> Livro The Turn Of The Screw de Henry James pela Hub (2011)
>>> Guia Do Mercado De Capitais. Para O Pequeno Investidor E O Pequeno E Médio Empresário de Humberto Casagrande pela Lazuli (2006)
>>> Elas Por Ele: O Universo Feminino Na Visao De Homem de Fabio Brunelli pela Novo Seculo (2009)
>>> Made in England de Elton John pela Polygran (2012)
>>> Isto É O Meu Corpo. À Luz De Dois Hinos Eucarísticos de Raniero Cantalamessa pela Loyola (2009)
>>> Os elementos eu sou uno com toda vida de Feeu pela Feeu
>>> Do ABC ao infinito espiritismo experimental Volume 2 de José Náufel pela Feb (1999)
>>> Do ABC ao infinito espiritismo experimental Volume 3 de José Náufel pela 1998 (1998)
>>> Vida A Venda de Yukio Mishima pela Estação Liberdade (2020)
>>> Entre O Cristal E A Fumaça de Henri Atlan pela Jorge Zahar (1992)
>>> Do ABC ao infinito espiritismo experimental Volume 4 de José Náufel pela Feb (1998)
BLOG

Quinta-feira, 12/12/2002
Blog
Redação
 
Gerundismo

legenda

Obra da Dani, do Mundo Perfeito

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
12/12/2002 às 16h06

 
Valsinha

Rio, 2 de fevereiro.

Caro Poeta,

Recebi as suas duas cartas e fiquei meio embananado. É que eu já estava cantando aquela letra, com hiato e tudo, gostando e me acostumando a ela. Também porque, como você já sabe, o público tem recebido a valsinha com o maior entusiasmo, pedindo bis e tudo. Sem exagero, ela é o ponto alto do "show", junto com o "Apesar de Você". Então dá um certo medo de mudar demais. Enfim, a música é sua e a discussão continua aberta. Vou tentar defender, por pontos, a minha opinião. Estude o meu caso, exponha-o a Toquinho e a Gessy, e se não gostar foda-se, ou fodo-me eu.

- Valsa hippie é um título forte. É bonito, mas pode parecer forçação de barra, com tudo o que há de hippie à venda por aí. Valsa Hippie, ligado à filosofia hippie como você a ligou, é um título perfeito. Mas hippie, para o grande público, já deixou de ser a filosofia para ser a moda pra frente de usar roupa e cabelo. Aí já não tem nada a ver. Pela mesma razão eu prefiro que o nosso personagem xingue ou, mais delicado, maldiga a vida, em vez de falar mal da poesia. A sua solução é mais bonita e completa, mas eu acho que ela diminui o efeito do que segue. Esse homem da primeira estrofe é o anti-hippie. Acho mesmo que ele nunca soube o que é poesia. É bancário e está com o saco cheio e está sempre mandando sua mulher à merda. Quer dizer, neste dia ele chegou diferente, não maldisse (ou "xingou" mesmo) a vida tanto e convidou-a para rodar. Convidou-a pra rodar eu gosto muito, poeta, deixa ficar. Rodar que é dar um passeio e é dançar. Depois eu acho que, se ele já for convidando a coitada para amar, perde-se o suspense do vestido no armário e o tesão da trepada final. "Pra seu grande espanto", você tem razão, é melhor que "para seu espanto". Só que eu esqueci que ia por ítens. Vamos lá:

- Apesar do Orestes (vestido dourado é lindo), eu gosto muito do som do vestido decotado. É gostoso de cantar vestidodecotado. E para ficar dourado o vestido fica com o acento tendendo para a primeira sílaba. Não chega a ser um acento, mas é quase. Esse verso é, alias, o que mais agrada, em geral. E eu também gosto do decotado ligado ao "ousar" que ela não queria por causa do marido chato e quadrado. Escuta, ô poeta, não leve a mal a minha impertinência, mas você precisava estar aqui para sentir como a turma gosta, e o jeito dela gostar desta valsa, assim à primeira vista. É por isso que estou puxando a sardinha mais para o lado da minha letra, que é mais simplória, do que pelas modificações que enriquecendo os versos, talvez dificultem um pouco a compreensão imediata. E essa valsinha tem um apelo popular que nós não suspeitávamos.

- Ainda baseado no argumento acima, prefiro abraçar ao bailar. Em suma, eu não mexeria na segunda estrofe.

- A terceira é a que mais me preocupa. Você está certo quanto ao "o mundo" em vez de "a gente". Ah, voltando à estrofe anterior, gostei do último verso onde você diz "e cheios de ternura e graça" em vez de "e foram-se cheios de graça". Agora estou pensando em retomar uma idéia anterior, quando eu pensava em colocá-los em estado de graça. Aproveitando a sua ternura, poderíamos fazer "Em estado de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar". Só tem o probleminha da junção "em-estado", o em-e numa sílaba só. Que é o mesmo problema do começaram-a. Mas você mesmo disse que o probleminha desaparece, dependendo da maneira de se cantar. E eu tenho cantado "começaram a se abraçar" sem maiores danos.

Enfim, veja aí o que você acha de tudo isso, desculpe a encheção de saco e responda urgente. Há um outro problema: o pessoal do MPB-4 está querendo gravar essa valsa na marra. Eu disse que depende de sua autorização e eles estão aqui esperando. Eu também gostaria de gravar, se o senhor me permitisse, porque deu bolo com o "Apesar de Você", tenho sido perturbado e o disco deixou de ser prensado. Mas deu para tirar um sarro. É claro que não vendeu tanto quanto a Tonga, mas a Banda vendeu mais que o disco do Toquinho tocando Primavera. Dê um abraço na Gesse, um beijo no Toquinho e peça à Silvina para mandar notícias sobre shows etc. Vou escrever a letra como me parece melhor. Veja aí e, se for o caso, enfie-a no ralo da banheira ou noutro buraco que você tiver à mão.

Valsinha

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado, cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Carta de Chico Buarque a Vinicius de Moraes, em "Achados"

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
12/12/2002 às 12h04

 
Assim falou os mano

Direto do Dicionário dos Mano (e de outras tribos também...):

* tretar: brigar
* ir pra balada: ir a uma festa
* chapar o coco: beber
* capotar: cair
* furar: fazer amor
* se ligar: entender
* dar uns pega: fumar
* dar um rolê: passear
* rangar: comer
* cair pra dentro: entrar
* deschavar: destruir, matar
* trocar idéia: falar
* vazar: ir embora
* apagar: dormir
* (es)tar afim: estar apaixonado
* dar uns cato: namorar
* dar um migué: mentir
* curtir um som: ouvir música
* cair a casa ou ficar na água: dar-se mal em alguma coisa
* irado ou bem lôco: interessante
* uns truta ou uns camarada: uns amigos
* na área ou nas quebrada: no bairro
* cair pro litoral: ir ao Guarujá
* parada firmeza: alguma coisa legal

Por e-mail, através do meu cunhado, Felipe Albuquerque

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
11/12/2002 às 16h11

 
Mise en abime

Miguel de Cervantes levou dez anos para escrever a segunda parte de Don Quixote de La Mancha. Nestes dez anos, a primeira parte ficou famosa. De sorte que, quando o cavaleiro e seu fiel Sancho Panza retomam suas aventuras pelo mundo, é o mesmo mundo do primeiro volume mas com uma diferença importante: neste mundo existe um livro publicado e muito comentado sobre as aventuras de um certo fidalgo chamado Don Quixote de la Mancha e seu escudeiro, do qual o próprio Don Quixote, tornado famoso pelo livro, ouve falar, embora não chegue a ler. As alucinações do Don no primeiro volume tomam forma e o assolam de verdade no segundo, em grande parte porque, depois da publicação do primeiro volume, suas humilhações são esperadas, e provocadas, pelo público. E assim, como observou o escritor Martin Amis num comentário sobre a obra, o aristocrata enlouquecido pela literatura que se transforma no seu próprio personagem andante num mundo irreal, do primeiro volume, enfrenta uma realidade enlouquecida pela literatura, no segundo.

Como o próprio Cervantes, que quando escreveu o segundo volume já não era o mesmo escritor, era o mesmo escritor tocado pelo sucesso da primeira parte, portanto com outra relação com seu personagem - e com a realidade.

Acho que o Borges tem um conto sobre a impossibilidade de desenhar um mapa cem por cento fiel do mundo e dos seus habitantes, pois o último homem desenhado teria que fatalmente ser o desenhista fazendo o desenhista fazendo o desenhista fazendo o desenhista fazendo o desenhista...

Ainda o Pai das Cobras, no Estadão

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
11/12/2002 às 10h05

 
As Cobras

Durante as duas décadas em que foram desenhadas por Verissimo, as Cobras divagaram sobre a imensidão do universo, conversaram com Deus, participaram de eleições, montaram times de futebol, mas uma coisa nunca tinham feito: mover-se. Pois agora elas se movem, como provam as tiras animadas acessíveis nesta página (clique sobre cada uma das imagens e confira):

legenda

legenda

legenda

[Também no Portal Literal]

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
10/12/2002 às 17h16

 
Portal Literal

Cada qual vai para um quarto. Renê sabe que eu não gosto de promiscuidade. Eu vou para o quarto com o paulista. Sento num sofá. Ele também senta. Depois deita a cabeça no meu colo, diz que não está com vontade de fazer nada, "esses caras cismaram que eu hoje tinha que ir com uma garota pra cama, mas vamos só conversar, está OK?". Eu digo que está OK. Ele diz que não quer estragar as coisas. Eu digo que está bem. (Quero ir para o Zum Zum.) Passo a mão nos cabelos dele. "Eu não quero fazer isso", diz ele, tirando a roupa. Eu também tiro a roupa e nos deitamos, ele sempre dizendo que não quer, mas me papando assim mesmo.

Adivinha quem é, acabei de descobrir neste site

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
10/12/2002 às 16h58

 
Método

A preguiça resolve problemas. Quanto estou cheio de coisas pra fazer, deito no chão com um livro e fico assim durante dois ou três dias. De vez em quando paro pra ouvir Gilbert e Sullivan. Não falha: algumas coisas se resolveram sozinhas, outras chegaram a uma crise que já não precisa da minha intervenção, e quase sempre algum amigo meu, que havia pedido um favor, deixou de se considerar amigo meu, e portanto o favor não precisa mais ser feito. Tente, old boy.

Alexandre Soares Silva, no seu recém-inaugurado blog

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
9/12/2002 às 13h41

 
Espectador idiota

Simpsons no Rio

A Fox exibe o episódio dos Simpsons sobre o Brasil e, no intervalo, coloca no ar uma nota institucional, explicando que o programa "diverte através do exagero". Fosse o brasileiro um povo bem humorado e isso seria completamente inútil. Explicar ou justificar uma piada, como precisou fazer a Fox, é tratar o espectador como idiota - ou assumir que ele realmente é um.

[Comente este Post]

Postado por Eduardo Carvalho
8/12/2002 às 20h58

 
Máfia do Dendê

Ditadura invertida

Paulo Francis chamava de Máfia do Dendê "os baianos que gostam de cantar na televisão". É a turma encabeçada por Caetano, disfarçada de liberal e intelectual, que controla a produção de música brasileira e apóia Antonio Carlos Magalhães. Ninguém ousa desafiá-los: não tem espaço, se for músico; e perde o emprego, se for jornalista. É um esquema canalha e corrupto, mas nunca discutido. Um método grotesco de promoção da mediocridade, que afoga a criatividade e cala a resistência. Isso é, em bom português, ditadura. Imposta exatamente pelos metidos a bacanas que, há poucas décadas, brincavam de oposição. E, hoje, lucram com isso, colecionando elogios de celebridades, de Sontag a Almodóvar, e dinheiro fácil, incorporando estilos e reciclando fórmulas. Uma moleza.

Mas não é, na verdade, só de moleza que eles gostam. Caetano, por exemplo. Em 1993, quando um jornalista foi procurá-lo em Londres para uma entrevista, quando comemorava 25 anos de exílio, foi curto e grosso: só concederia em troca de uma coisa. E vocês sabem qual é. O homem saiu correndo. E quase perdeu o emprego por causa disso. É assim que funciona: a Máfia do Dendê também tem os seus métodos próprios de tortura. Que são indiscutivelmente piores do que muitos aplicados pela Ditadura Militar. Uma aplicação de Caetano Veloso é talvez o pior massacre a que um homem pode se submeter. Esta é - reparem no trocadilho - uma ditadura invertida.

Quem conta essa história, com todas as letras, é o premiado jornalista investigativo Cláudio Tognolli, em imperdível conversa com, entre outros, Roberto Freire e Sérgio Martins. E aponta, ainda, os membros da Máfia, que todo mundo sabe qual é: além de Caetano, Gilberto Gil, Maria Betânia, e Gal Costa. Não precisava nem dizer: exatamente os mesmos que, ontem, no Ibirapuera, reuniram mais de cem mil pessoas, embaixo de chuva. E por quê? Porque ninguém resiste à persistente propaganda, há semanas em cadernos culturais, da volta dos Doces Bárbaros. Muito mais bárbaros do que doces, ao que parece.

Essa patrulha nojenta encontra, na imprensa brasileira, um único opositor, segundo Tognolli: Luís Antônio Giron, "o homem que mais entende de música". Mas seu empenho solitário dificilmente será suficiente. A Máfia do Dendê abafa com facilidade ruídos dissonantes. E, com insistente promoção, cativa novas gerações, que mereceriam, em 2002, coisa melhor ou, no mínimo, diferente do que seus pais, há três décadas, tiveram. A doutrinação, que começa na escola - com Caetano elevado a poeta erudito - e passa pela imprensa - como se fossem eles expoentes do bom gosto -, está na hora de acabar. Esta ditadura está longa demais. Cansou.

[Comente este Post]

Postado por Eduardo Carvalho
8/12/2002 às 17h03

 
Furo

"Hoje é pecado não falar português errado. O mau português virou língua oficial. Ai de quem se meter a besta e conjugar os verbos corretamente; ai de quem, mesmo que por acaso, acertar todos os plurais; ai de quem, na maior cara de pau, conseguir se entender com todas as concordâncias - e ai daquele que, num acesso de loucura, cometer um texto ou uma fala em português impecável."

Eu escrevi isso no dia 8 de novembro de 2002 e, na ocasião, muitos vieram dizer que eu pegava no pé do pobre do Lula. Pois é, até eu ler isso aqui:

"Por que não me ufano - Lula, seus companheiros de PT e grande parte da população maltratam o idioma cortando o 's' final das palavras e todas as concordâncias que a lógica sintática pede. Que não seja a morte do plural, em nenhum dos sentidos."

Quem assina é o Daniel Piza. Foi publicado no dia 24 de novembro de 2002, no Estadão. E, para meu maior espanto, isso aqui também:

"Mas o PT mudou, Lula mudou, os empresários mudaram, o país mudou, certo? Por que [o professor] Pasquale não mudaria também? No domingo, em entrevista ao repórter Jorge Bastos Moreno publicada no jornal O Globo, o homem que ensina português decretou que, depois da vitória da Lula, as regras deixaram de valer para a linguagem oral. Está certo, agora, falar errado. O leitor de Pasquale deve aproveitar as lições só quando estiver escrevendo. Falando, liberou geral."

Com data de 7 de dezembro de 2002, assinado por Augusto Nunes, no no mínimo. Quem sabe, agora, concordem com o que eu disse lá no começo.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
7/12/2002 às 15h58

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




A voz do dono: cinco mil anos de machismo e misoginia
Tama Starr
Ática
(1993)



Procedimentos e Protocolos Volume 2
Elizabeth Archer
Lab
(2005)



Livro Turma Da Monica Jovem O Mundo Do Contra Volume 29 Parte 1
Mauricio De Sousa
Panini Comics
(2010)



Mulher saúde
Dr. José bento
Alaúde
(2004)



Desperdiçando Tempo Com Deus
Klaus Issler
Naos
(2006)



The Dali Museum Collection Oil Paintings Objects and Works on Paper
Norwood Lubar; Knopf; Ayala; Tush; Jeffett; Hin
The Dali Museum Collection
(2012)



Livro A Filosofia Da Verdade Que Gera Milagres
Masaharu Taniguchi
Seicho-no-ie
(1994)



Erotic Art - 41 Color Plates - 400 Black and White Plates
Phyllis and Eberhard Kronhausen
Grove Press
(1968)



As linguas do mundo
Charles Berlitz
Nova Fronteira
(1988)



No Limiar do Tempo
Helaine Coutinho Sabbadini (ditado por Nathanael)
Itapuã
(2016)





busca | avançada
67472 visitas/dia
2,5 milhões/mês