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Quarta-feira, 16/9/2015
Breve análise sobre Umberto Eco
Guilherme Carvalhal
+ de 2900 Acessos



A produção literária de Umberto Eco pode ser definida através de duas características. Uma delas é o excesso de conteúdo apropriado pelo autor ao longo de sua vida, o que torna seus livros de ficção uma aula de história, filosofia, religião e demais ciências. A outra é a densidade de informações que ele apresenta em seu trabalho, que muitas vezes pode tornar a leitura enfadonha.

O nome desse escritor italiano ficou famoso pelo notável O Nome da Rosa, um livro que mistura histórias de detetive com um drama religioso se passando na Idade Média. Essa sua estreia no campo da ficção (ele é autor de diversos livros técnicos na área de humanas) deu a tônica de como seria toda sua produção, a mistura de conteúdo de estudos filosóficos, históricos, etc, junto a elementos da cultura de massa.

No caso de O Nome da Rosa, o elemento da cultura de massa é o enfoque detetivesco. Aqui, o frade William de Baskerville (ou Guilherme de Baskerville) segue para uma abadia onde os monges se dedicam a preservar pergaminhos antigos e a copiá-los. Lá dentro ele tenta solucionar uma série de crimes que vem ocorrendo, todos eles ligados ao misterioso livro Finis Africae, de autoria de Aristóteles.

William de Baskerville é um superdetetive ao estilo Sherlock Holmes ou Hercule Poirot. É um profundo conhecedor de ciências e crítico árduo de tudo ao seu redor, levando-o a se recusar a ouvir confissões para não precisar guardar segredo de suas investigações. Ele é acompanhado pelo jovem Adso de Melk, que está ao seu lado em todos os momentos. O sobrenome Baskerville é uma referência ao livro O Cão dos Baskervilles, do ciclo de Sherlock Holmes, e Adso aparenta ser uma referência ao fiel Watson, que acompanhava o detetive inglês. Uma outra de suas referências é a Jorge Luís Borges. Jorge de Burgos, o frei cego que se embrenha dentro da biblioteca, é referência direta ao escritor argentino.

O Nome da Rosa é um enorme referencial à Idade Média e ao espírito desse tempo. O clima de isolamento da abadia e a dedicação dos monges ao trabalho edificante é uma mostra dessa época, em que a humanidade cresceu pouquíssimo e o desenvolvimento estagnou. Da mesma maneira o termo Idade das Trevas se mostra evidente, seja pelo clima de terror imposto pelas relações religiosas, seja pelas noites em que muita coisa acontece no interior do mosteiro.

O frade William de Baskerville é uma representação do espírito iluminista, crítico, racional e questionador. Em meio aos muitos dogmas das fé ele busca uma explicação razoável para o que acontece, não temendo o contato com o livro Finis Africae, que todos consideram amaldiçoado.

De igual viés é o livro O Pêndulo de Foucault, a mais densa obra do escritor. Esse livro é de difícil leitura porque nele Eco coloca boa carga do seu conhecimento, criando uma obra repleta de informações e discussões.

Dividido em 10 capítulos, cada um denominado por uma das sefiras da árvore sefirótica da cabala judaica, esse livro retrata diversas teorias da conspiração envolvendo sociedades secretas como os Templários. Um capítulo se passa no Brasil e aborda a umbanda.

O Pêndulo de Foucault tem uma característica interessante que é a grande quantidade de informação que ele carrega. O livro é uma enorme aula sobre todos os tipos de estudos humanistas, como semiologia, história, religião, filosofia e muitas outras coisas. Ele é um claro percursor das obras de Dan Brown.

A Ilha do Dia Anterior é um livro mais fantasioso. Nele temos o personagem Roberto que naufraga no oceano Pacífico, nas proximidades da Oceania. O local onde ele se vê perdido, um navio encalhado próxima a uma das última ilha do mundo a leste, de onde se considera possível ver o dia anterior por causa da rotação da terra, é palco para uma solitária aventura ao estilo Robinson Crusoé.

Nesse livro novamente vemos ideologias do passado revisitadas, dessa vez em um período mais recente, na era das grandes navegações. Um dos pontos curiosos do livro é a maneira como Umberto Eco coloca a visão de mundo da época, coisas que hoje em dia soam estranhas, como utilizar um sino para caminhar embaixo d'água pela crença de que a água não entrará pela parte debaixo, ou então a própria ideia de que se pode enxergar um tempo passado além do horizonte.

Baudolino é outra obra fantasiosa na Idade Média, mas aqui o enfoque está nas relações senhoriais e em uma cultura mais próxima ao popular, não aquela encerrada nos portões da abadia de O Nome da Rosa. Nessa história, o personagem principal que dá nome à obra é filho adotado do imperador Frederico I. Baudolino, um grande contador de histórias por natureza que com sua habilidade de enganar os outros parte em uma viagem atrás do mítico reino do preste João no oriente.

Esse livro tem como aspecto interessante a recriação da Europa e do Oriente Médio com muitos mitos e ideologias da época. São as cabeças de João Batista que o herói encontra, sua ideia de encher um boi com cereais quando se encontram cercados, a geleia alucinógena, sem contar o exército de criaturas fantásticas em combate.

Baudolino é menos pretensioso do que O Nome da Rosa e justamente por isso não é um livro tão apaixonante quando o primeiro. Se em O Nome da Rosa tudo o que se passa gira em torno dos crimes cometidos na abadia, aqui a história é mais solta. Há muitas referências variadas, como ao misticismo, às cruzadas e a muitas outras coisas, mas não equipara ao estilo acadêmico de O Pêndulo de Foucault.

O lado ficcionista de Eco é muito valioso. Ele consegue aliar seu conhecimento acadêmico com histórias de ficção, todas elas embasadas em teorias e apresentadas como alegorias. O lado negativo é que o excesso de academicismo muitas vezes torna a leitura maçante e difícil, apesar de que levar um livro de Eco até o final seja sempre de grande valia. Ele pode não ser dos mais palatáveis, mas proporciona momentos de muito conhecimento para o leitor.


Postado por Guilherme Carvalhal
Em 16/9/2015 às 19h26

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