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Terça-feira,
27/10/2015
Leitura vertical
Cassionei Niches Petry
+ de 2200 Acessos
Um navio, que de tão monumental é batizado com um nome que lembra seres gigantes da mitologia grega. Um casal na proa, de braços abertos e os cabelos ao vento, tendo como fundo musical o som pegajoso de uma cantora com voz estridente. Na superfície do mar, um pedaço de gelo inofensivo. Mal sabem eles o que os aguarda sob as águas.
Se o leitor sabe do que estou falando, é porque fez uma leitura nas chamadas entrelinhas, ou seja, procurou dados para interpretar o texto nos elementos disponibilizados pelo autor e no conhecimento que já possui. Aprofundou-se um pouco mais na leitura, não lendo só o que está na superfície. Já o capitão do navio, justamente por ver apenas o que estava sobre as águas, talvez por estar despreparado para uma situação como aquela, acabou se dando mal, levando com ele dezenas de pessoas. Se tivesse mais conhecimentos ou tivesse mergulhado no mar para ver o tamanho real do perigo, a tragédia não teria acontecido.
Ernest Hemingway, autor de Adeus às armas, entre outras obras-primas da literatura, afirmou em uma entrevista que escreve a partir de um princípio que ficou conhecido mais tarde como a "Teoria do Iceberg": "Sempre existem sete oitavos dele sob a água, para cada parte que aparece. O que quer que se saiba, pode ser eliminado (...). É a parte que não aparece." Assim como ele, vários escritores deixam subtendidos os significados dos seus textos. O leitor, portanto, não deve realizar uma leitura superficial, mas sim uma leitura profunda, mergulhar realmente no texto. Em outras palavras, o olhar de quem aprecia uma obra literária dever ser vertical e não horizontal.
Outros mestres da literatura também abordaram o tema em entrevistas ou trabalhos teóricos. O escritor peruano Mario Vargas Llosa, por exemplo, ao comentar os procedimentos de Hemingway, chama aos silêncios significativos de um escritor de "dado escondido". São as informações que o autor suprime para despertar a imaginação do leitor, a fim de que ele "preencha aqueles brancos da história" com suas interpretações. De onde se conclui que há necessidade de um leitor mais participativo, mais ativo, sabedor de que não vai receber nada pronto, mastigado.
Claro que estou me referindo à literatura e não aos textos jornalísticos. As notícias têm como premissa informar, muitas vezes de forma rápida, pois o leitor sai de casa apressado para seu dia a dia, não sem antes dar uma lida também apressada no jornal preferido. Mesmo nesses textos, porém, podem aparecer dados escondidos, afinal quem os escreve, mesmo sem intenção, acaba deixando transparecer seus pontos de vista. Se um jornalista ao noticiar um conflito entrevista só um dos lados envolvidos, acabará revelando sua ideologia para um leitor mais atento.
As palavras também não devem ser desprezadas. Elas escondem em si vários significados, que devem ser considerados em uma leitura mais profunda. Se o escritor descreve uma casa onde há uma cruz na parede, ela pode não estar ali apenas como elemento decorativo. Há no simbolismo dessa palavra uma infinidade de interpretações que podem nos remeter à possível religiosidade da família, ao sofrimento de uma personagem, quem sabe um sentimento de culpa de outra ou pode até representar os caminhos cruzados. O leitor experimentado não deixa passar nada em branco e o escritor, esperto, sabe disso.
Os bons textos, portanto, não nos deixam passivos. Eles fazem com que nos debrucemos sobre as palavras, sugando o veneno ou o mel que elas podem oferecer, nos tirando da calmaria das ideias prontas e nos jogando nas águas turbulentas da reflexão. Pensando bem, é bom dar de cara com um iceberg de vez em quando.
Postado por Cassionei Niches Petry
Em
27/10/2015 às 13h46
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