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Quarta-feira,
25/11/2015
Dois dedos e um clic no mouse
Raul Almeida
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O tempo passou e muito do que pensamos e esperamos da vida, ainda está longe, muito longe de ser realidade ou, pior, nunca será atendido.
Num repente a gente se dá conta de que a maioria dos amigos morreu e o baile mudou de endereço e de horário. Que tudo que se imaginou que podia ser ou fazer, na verdade era mais ou menos a cada vez que foi pensado.
Mais interessante, mais difícil, mais perigoso, mais caro, mais distante. Menos engraçado menos feliz, menos saboroso, menos amável, menos alegre, menos possível.
De uma hora para outra a realidade oca da vida se faz presente. Emoções, paixões, realizações, vitórias e derrotas parecem nada representar. Nada tem mais importância. A impressão é que tudo foi ou será, por algum tempo ou tempo nenhum, acaso e fatalidade.
A certeza de que os nossos trilhões de partículas vão se desagregar definitivamente, as lembranças vão se esfumar, se apagar, se esgarçar e fenecer, é apenas uma constatação que nos faz diferentes dos outros animais. E nem todos tem capacidade de perceber a certeza do nada que seremos no verdadeiro futuro que nos espera, sem escapatória.
Muitos se apegam a idéias de renascimento, de "outros planos", outras dimensões e realidades onde se pode encontrar desde leite e mel, além de dezenas de mulheres intocadas, até monstros cruéis, perversos, sicários, algozes. Ou criaturas aladas, lindas, suaves, leves e carinhosas. Apegam-se a possibilidade de encontros com os que "já se foram" e que os ajudarão "na nova vida".
Talvez com medo das culpas e remorsos que carregam ou que aceitam por imposição de credos e crendices, recitam versos e fazem reuniões e louvações durante toda a vida.
Acreditam que um dia, serão reunidos num grande, monumental, enorme, soberbo congresso de mortos em todos os tempos, para que um magistral juiz diga quem é que vai para a sala ou para a cozinha, sem deixar de mencionar os que vão para os currais e as pocilgas...
E agora? Como será que acordarei amanhã? Ninguém pensa assim.
Muito poucos, pouquíssimos têm a claridade mental de perceber que em qualquer tempo, a qualquer hora, daqui a pouco ou em tantos e quantos anos o maravilhoso momento da vida se apaga
Assim como começa, termina.
Num clic do mouse do Arquiteto do Universo, do dono do Tempo... Não dá pra pensar muito. É melhor e muito mais cômodo deixar a vida rolar. Quanto tempo mais? Sei lá.
Sobram "dois dedos" no copo curto, duas pedras, duas chacoalhadas, boa companhia ou maravilhosa solidão, com saúde e paz no coração.
Postado por Raul Almeida
Em
25/11/2015 às 10h03
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