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Sexta-feira, 13/5/2016
Paris é o meu improviso.
Heberti Rodrigo
+ de 1200 Acessos




"As coisas, por exemplo, começavam todas pelo princípio e acabavam no final. Por isso, nesse tempo, para ele tinha sido uma grande surpresa, e nunca mais as esquecera, umas declarações do cineasta Godard onde dizia que gostava de entrar nas salas de cinema sem saber quando é que o filme tinha começado, entrar ao acaso em qualquer sequência, e ir-se embora antes do filme ter terminado. Seguramente, Godard não acreditava nos argumentos. E possivelmente tinha razão. Não era nada claro que qualquer fragmento da nossa vida fosse precisamente uma história fechada, com um argumento, com princípio e com fim."

Enrique Vila-Matas, Doutor Pasavento (Teorema, 2007)



Às vezes, vocês me verão desabafar e improvisar. Esta mensagem é um desabafo; Paris, o meu improviso. É isso mesmo, Paris é o meu improviso. Não há argumentos que justifiquem uma temporada na cidade ao invés de dar uma entrada numa casa própria, sobretudo em se tratando de alguém como eu que está longe de ter uma renda, ou família rica, e vive num país em crise. Para alguns é uma insensatez, mas é simplesmente algo que quero viver, que preciso viver. Poderia inventar argumentos, justificativas, mas a verdade é que sinto necessidade de ir e irei. Sobre o que trarei na bagagem, o que essa viagem com ares de mudança me trará em troca de cada centavo gasto, poderia especular a manhã inteira, mas seria inútil. A justificativa para ir não a encontrarei em minhas especulações. Ela virá com o tempo, depois de a viagem ter sido feita, como normalmente acontece na vida de todo ser humano por mais que isso o contrarie. É difícil dar saltos no escuro, mas a vida nos impele a eles de tempos em tempos. É incômodo todo impulso que nos pressione em direção ao desconhecido, que nos desvie de caminhos tão repisados e aparentemente previsíveis e seguros. Entretanto, o que podemos fazer quando aquilo que buscamos na vida, ou dizemos buscar - ou seja, viver nossas próprias vidas - nos leva a esses desvios? Paris é um desvio, um improviso. Não sei aonde me levará, mas sei que se quiser continuar me sentindo vivo tenho de seguir em frente. Algo semelhante aconteceu anos atrás quando resolvi largar a faculdade, decidido que estava a me tornar escritor. Escrever também foi um desvio, um improviso. Eu parecia estar destinado a me tornar engenheiro militar. Era o caminho que seguia, embora não me fizesse feliz. Se não fazia era porque estava me levando para cada vez mais longe de mim mesmo. Ouvi inúmeras vezes que seria uma insensatez não me formar, mas até hoje não me arrependi. Eu não tinha escolha: estava sufocando. Ter abandonado a idéia de obter um diploma para me dedicar à escrita foi um desvio em direção à vida, um retorno a mim mesmo. Sinto que essa viagem à Paris tem o mesmo significado. Ambas as coisas estavam fora do script. Foram improvisações, minhas improvisações. Antes minha fala deveria ser diplomar-me. Agora querem que seja dar uma entrada em um imóvel e sair do aluguel, ou comprar um carro e deixar de andar a pé com o dinheiro que será investido em uma estadia na cidade luz. Esse seria, ou melhor, é o caminho repisado para alguém da classe média brasileira, é seguir o script, mas não é dessas coisas que preciso neste momento de minha vida. Preciso respirar. Preciso ouvir minha própria voz pois é disso que vive um escritor como eu. Farei esse desvio, improvisarei uma vez mais, e não tenho outra justificativa para assim agir senão a íntima e apaixonada necessidade de me sentir vivo. Desde ontem à noite não preciso mais buscar argumentos para ir pois compreendi que essa viagem havia se tornado em si mesma o seu próprio argumento.

Sobre a insensatez ou não dessa decisão, assim como a de não ter me diplomado, só o futuro dirá. Até este momento qualquer coisa que se diga é mera especulação. Tudo o que, hoje, se pode afirmar é que estou saindo do script, improvisando, e isso, para mim, significa estar vivo.

Contato: [email protected]


Postado por Heberti Rodrigo
Em 13/5/2016 às 08h27

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