Bob Dylan ganhando o Nobel de Literatura | Julio Daio Bløg

busca | avançada
83554 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Vera Holtz abre programação de julho do Teatro Nova Iguaçu Petrobras com a premiada peça “Ficções”
>>> “As Artimanhas de Molière” volta aos palcos na Cidade das Artes (RJ)
>>> Com Patricya Travassos e Eduardo Moscovis, “DUETOS” volta ao RJ
>>> “Sonho Encantado de Cordel, O Musical” chega ao Teatro Claro Mais SP
>>> Jade Baraldo e Josiel Konrad agitam o Dolores Club, na Lapa (RJ)
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Isso sim era guerra...
>>> Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> David Lynch em BH
>>> O Código Da Vinci em tela plana
>>> Olhos de raio x
>>> Wilhelm Reich, éter, deus e o diabo (parte I)
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> 1964-2004: Da televisão à internet – um balanço
>>> A autobiografia de Gabriel Garcia Márquez
>>> No banheiro com Danuza
Mais Recentes
>>> Turma Da Mônica Jovem Vol.3 - de Maurício De Sousa pela Panini
>>> Turma da Mônica Jovem Número 83 Herdeiros da Terra de Mauricio De Sousa pela Panini (2015)
>>> Economia Compartilhada de Arun Sundararajan pela Senac /São Paulo (2018)
>>> 4 Livros: Primeira Gramática Latina e Antologia Latina segunda terceira e quarta série ginasial de Augusto Magne pela Anchieta (1949)
>>> Manipulados de Brittany Kaiser pela Harpercollins (2020)
>>> Comunicação Não-violenta de Mashall B. Rosenberg pela Ágora (2006)
>>> Dominando As Tecnologias Disruptivas de Paul Armstrong pela Autêntica (2025)
>>> Poliarquia: Participacao E Oposicao - Colecao Classicos de Robert A Dahl pela Edusp (2012)
>>> Network Propaganda de Yochai Benkler/ Robert Faris/ Hal Roberts pela Oxford University Press (2018)
>>> Das plataformas online aos monopólios digitais: tecnologia, informação e poder de Jonas Chagas Lúcio Valente pela Dialética (2021)
>>> Inteligencia Artificial A Nosso Favor - Como Manter O Controle Sobre A Tecnologia de Stuart Russell pela Companhia das Letras (2021)
>>> A Sociedade Em Rede Volume 1 de Manuel Castells pela Paz And Terra (2018)
>>> The Future Of The Internet--and How To Stop It de Jonathan Zittrain pela Yale University Press (2009)
>>> Psicologia Oculta Das Redes Sociais de Joe Federer pela M Books (2022)
>>> Desmistificando A Inteligencia Artificial de Dora Kaufman pela Autêntica (2022)
>>> Cypherpunks: Liberdade E O Futuro Da Internet de Julian assange pela Boitempo (2013)
>>> Matemática Curso Moderno 4 Vol. Para os Ginásios de Osvaldo Sangiorgi pela Companhia Nacional (1966)
>>> Turma da Mônica Jovem Número 40 O Jogo dos Reis de Mauricio De Sousa pela Panini (2011)
>>> Matemática Segundo Ano Colegial de Ary Quintella pela Companhia Nacional (1959)
>>> Turma da Mônica Jovem Número 39 Histórias de Arrepiar de Mauricio De Sousa pela Panini (2011)
>>> The Poetics Of Gender (gender & Culture) de Editor Nancy K Miller pela Columbia Univ Pr (1986)
>>> Curso Básico de Desenho - 3 livros + 3DVDs de Mozart Couto pela Escala (2006)
>>> Men In Feminism de Alice Jardine, Paul Smith pela Routledge (1987)
>>> Woman's Hour a selection from the BBC programme de Various [Edited by Mollie Lee] pela London BBC Publications (1967)
>>> Way Of All Women de M. Esther Harding pela Random House Uk (1986)
BLOGS >>> Posts

Quinta-feira, 13/10/2016
Bob Dylan ganhando o Nobel de Literatura
Julio Daio Borges
+ de 1700 Acessos

Não é nova a incursão da poesia na música popular. O principal exemplo, no Brasil, é o de Vinicius de Moraes, que foi poeta de verdade antes de ser compositor popular. João Cabral de Melo Neto, que foi um dos maiores poetas do século passado, disse que Vinicius poderia ter sido o maior, se quisesse. E Carlos Drummond de Andrade, outro dos grandes do século XX, disse que Vinicius foi o único poeta que teve a coragem de viver como poeta.

Já a partir dos anos 60, podemos considerar que os "poetas" - ou "os que poderiam ter sido" - optaram, diretamente, por fazer letras de música. E o principal exemplo, no Brasil, é o de Chico Buarque de Hollanda, o letrista que está mais próximo da poesia desde Vinicius (apesar de seus romances tardios).

Ninguém nega a importância cultural - e até social, nos anos 60 - de Bob Dylan. Havia duas pessoas que os Beatles queriam conhecer quando se tornaram famosos. A primeira era Elvis Presley e a segunda era Bob Dylan. Zimmerman, seu sobrenome original, foi a grande influência de George Harrison, a ponto de John Lennon reclamar da idolatria em entrevistas.

No filme "Não estou lá", em que vários atores encarnam o multifacetado Dylan, fica registrada a sua aproximação com Allen Ginsberg, o poeta beat. Considerando que os beatniks foram os pais intelectuais dos hippies - e, por conseguinte, de todos os anos 60 como nós os conhecemos -, é significativo o respeito que Ginsberg dedicava a Zimmerman.

Bob Dylan compôs verdadeiros hinos - que embalaram a juventude sessentista. E sua passagem do "folk", do violão, para o rock, da guitarra, é considerada, culturalmente, revolucionária. Repercutindo, também, no Brasil: quando Caetano Veloso chamou Os Mutantes para "eletrificar" Alegria, Alegria, originalmente uma marcha-rancho.

Se tivesse morrido nos anos 60, 70, ou até 80, Dylan teria se transformado num mito da cultura popular, como John Lennon, James Dean e Marylin Monroe. Mas preferiu sobreviver - e é óbvio que a mesma intensidade não teria como se manter: Bob Dylan se diluiu.

Caetano Veloso, contudo, nos mostrou que Zimmerman continuava fértil, quando fez a sua versão para Jokerman, de 1983, ainda uma grande letra.

Até Steve Jobs - um hippie tardio, que misturou contracultura com business, e que namorou Joan Baez, a grande intérprete de Dylan - se gabava de conhecê-lo e de poder convidá-lo para jantar. (Tentou imiscuí-lo nos eventos da Apple, sem muito sucesso.)

Tudo isso para dizer que Bob Dylan é uma grande figura, no melhor sentido do termo, e que tem uma importância, para a música popular, e para a *cultura* popular, inquestionável.

Agora: Prêmio Nobel de Literatura, não acho que seja o caso...

Sei que a academia sueca tem lá as suas idiossincrasias - e já premiou figuras muitos menos significativas, inclusive escritores, com o Prêmio Nobel.

Mesmo assim, considero premiar Dylan, com o Nobel de Literatura, um erro e uma injustiça.

Primeiro porque Bob Dylan não precisa. É suficientemente conhecido. E, ainda mais, rico. Como enumerei, foi reverenciado desde Harrison até Jobs. E é difícil uma pessoa na Terra que, mesmo indiretamente, não tenha sofrido influência sua. Já teve fama e gloria. Sem falar em poder e dinheiro.

Já os escritores, como bem sabemos, precisam. E a literatura, de verdade, também precisa. Um exemplo é Philip Roth, outro dos cotados para o Prêmio. Roth, também judeu, foi muito lido nos Estados Unidos, OK (é o maior escritor norte-americano vivo) - mas não dá para comparar onde a música de Dylan chegou com onde a literatura de Roth chegou. Se alguém precisa de reconhecimento, é a alta literatura. E se alguém precisa de dinheiro, *não é* a música pop.

No Brasil, é lembrado, nessas horas, Ferreira Gullar. É difícil comparar sua literatura - ele escreveu poesia de verdade - com a "literatura" de Bob Dylan. Mas podemos comparar com a "poesia" de Chico Buarque: como "poeta", Chico pode ser mais popular, mas Gullar - poeta de verdade - é maior. E se você tentar comparar as letras breves de Chico com o "Poema sujo", de Gullar, não vai conseguir - porque não há comparação.

Por fim: se essa moda pegar, e se forem premiar todos os grandes letristas dos anos 60 pra cá - com o Nobel de Literatura -, os escritores nunca mais vão ganhar.

E olha que eu gosto de música de música popular... Mas literatura - alta literatura - é outra coisa. (Quem leu, sabe.)

Para ir além
Compartilhar


Postado por Julio Daio Borges
Em 13/10/2016 às 11h33

Mais Julio Daio Bløg
Mais Digestivo Blogs
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!

* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Decisão Ideal 413
José Paulo
Fontenele
(2019)



Geografia da Urss
Pierre George
Difusão Europeia
(1970)



Ensaios Comparativos Sobre a História Americana
C. Vann Woodward (org.)
Cultrix
(1972)



Marx Taylor Ford ( as Forças Produtivas Em Discussão )
Benedito R. de Moraes Neto
Brasiliense
(1989)



La Fiat Dal 1899 Al 1945
Giovanni Agnelli
Einaudi
(1940)



Emergência - Tratamento, Reabilitaçao, Prevençao
Lauro Barros de Abreu
Imesp
(1993)



Tempo de Fiar
Myrtes Campello
Myrtes Campello
(1965)



As Armas Da Persuasão 2.0 - Edição Atualizada E Expandida
Robert Cialdini
Harpercollins
(2024)



Você intraempreendedor
Dorie Clark
Alta Books
(2018)



Enem volume 3 - ensino medio pre vestibular
Poliedro
Poliedro





busca | avançada
83554 visitas/dia
1,7 milhão/mês