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Segunda-feira, 5/12/2016
Ferreira Gullar (1930-2016)
Julio Daio Borges
+ de 4700 Acessos

Morreu o nosso último poeta digno de nome. Também o nosso último candidato a Prêmio Nobel. Podemos desistir de ganhar. Em literatura, pelo menos

Gullar, cuja família era Goulart, foi reconhecido por todos. No seu aniversário de 18 anos, sozinho no Rio de Janeiro, um único livro publicado, amigos bateram na porta do seu apartamento para comemorar com ele. O último a entrar, teve de se apresentar: "Oi, eu sou o Oswald de Andrade"

Quando estava no exílio - como Paulo Francis, foi de esquerda quando ninguém era, e deixou de sê-lo quando todo mundo virou -, viveu situações precárias e achava que poderia não sobreviver. Resolveu deixar um poema-testamento. Sobre tudo. Foi de Vinicius de Moraes a ideia de gravar Gullar recitando o poema. Quem ouvia a fita, no Brasil da época, chorava. Era o Poema Sujo

Numa das últimas Flips a que eu fui, Gullar leu o "Sujo" para a plateia. E numa das últimas edições, pela José Olympio, era encartado um CD com ele recitando o "Poema"

Além de poeta, Gullar tinha uma grande sensibilidade artística, participou do movimento neo-concretista, e foi crítico de arte. Era um ferrenho crítico da arte contemporânea e achava que a arte conceitual havia ido longe demais. "É como se a literatura ficasse presa no James Joyce, ou no Guimarães Rosa", afirmava

Também rompeu com os concretistas (os poetas concretos) - que morreram, quase todos, brigados com ele. Gullar justificava o rompimento dizendo que poesia não era matemática - e quando usavam fórmulas matemáticas para criar poemas, não havia mais sentido

Por conta do seu engajamento de esquerda, se aproximou da turma do Teatro Opinião, e se meteu a fazer poesia de cordel. Igualmente, se desiludiu. Não acreditava que seu papel, como poeta, era "sensibilizar as massas" politicamente - muito menos, produzindo poesia de baixa extração...

Ultimamente, arranjou muitas brigas, pois se tornou um grande crítico do PT, da esquerda e dos intelectuais (muitos, colegas seus). Sua coluna semanal na Ilustrada, dada a sua grande obra poética, tornara-se incômoda - para tanta gente que abraçara a utopia e não sabia mais viver sem se apoiar no governo e na Lei Rouanet...

E Ferreira Gullar - para quem não gosta da Globo - trabalhou na TV Globo. E podemos dizer que a poesia brasileira deve alguma coisa à Globo. Porque esta permitiu que Gullar vivesse dignamente enquanto se dedicava àquela...

Era um prazer ouvir Gullar falar. Era um mestre. Como tinha muita vivência, e uma obra digna desse nome, nunca lhe faltava assunto, e suas opiniões eram, no mínimo, interessantes

Ninguém poderia imaginar que um gênio desses poderia sair do Maranhão (nada contra os maranhenses), e ainda por cima se chamar José Ribamar (o mesmo nome daquele homem). Talvez Gullar tenha vindo, justamente, para redimir o Maranhão

E Gullar sofreu como pai. Tinha esquizofrenia na família, mas se colocava à disposição para falar do assunto sem rodeios - ajudando, inclusive, outros pais, e familiares, na mesma situação

A poesia brasileira fica à deriva agora. Perdeu um farol. Um norte. Como não se faz mais obras, como se fazia antigamente, ficamos órfãos - poeticamente

Claro, Gullar não viveria para sempre. E tivemos sorte por tê-lo, entre nós, durante tanto tempo. Mas olhando o horizonte da poesia brasileira hoje, não é dos mais animadores

Sobra uma poesia liliputiana, como diria Francis, pós-Leminski. E permanece a controvérsia se MPB é poesia, se "letra de música" equivale a poema e se Bob Dylan merecia o Nobel etc.

Eu acho que Dylan não merecia. Já Gullar merecia. Dá uma ideia da grandeza dele - para o Brasil e para a nossa língua

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Postado por Julio Daio Borges
Em 5/12/2016 às 11h06

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