Paes Loureiro, patrono da Feira literária do Pará | Relivaldo Pinho

busca | avançada
63330 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> CAIXA CULTURAL SÃO PAULO APRESENTA SHOW DE MART’NÁLIA
>>> SLAM SP - 10 anos Campeonato Paulista de Poesia Falada
>>> Cantos de Aiyê - Histórias da Natureza Com Coletivo Quizumba
>>> Dois Baús
>>> Kizombinha
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
Colunistas
Últimos Posts
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
>>> O jovem Tallis Gomes (2014)
>>> A história do G4 Educação
>>> Mesa do Meio sobre o Primeiro Turno de 2024
>>> MBL sobre Pablo Marçal
>>> Stuhlberger no NomadCast
Últimos Posts
>>> E-book: Inteligência Artificial nas Artes Cênicas
>>> Publicação aborda como driblar a ansiedade
>>> E-book apresenta ferramentas de IA a professores
>>> E-book: Estágios da Solidão: Um Guia Prático
>>> O jardim da maldade
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Literatura de entretenimento e leitura no Brasil
>>> A ilha do Dr Moreau, de H. G. Wells
>>> O Oratório de Natal, de J. S. Bach
>>> A trilogia Qatsi
>>> O rigor do experimentalismo
>>> Haddad merece no máximo nota 4
>>> No Brasil, de braços abertos?
>>> Entrevista: o músico-compositor Livio Tragtenberg
>>> A crise dos 28
>>> Quincas Borba: um dia de cão (Fuvest)
Mais Recentes
>>> Amar e Ser Amado: A comunicação no amor 2ª edição. de Pierre Weil pela Vozes (1973)
>>> Praticas Restaurativas - Um Novo Olhar Para o Conflito e a Convivência de Aimée Grecco pela Sativa (2019)
>>> Escolha o Seu Sonho 3ª edição. Crônicas de Cecília Meireles pela Record (1968)
>>> O Capital No Século XXI de Thomas Piketty pela Intrínseca (2014)
>>> Cronicas Subversivas De Um Cientista de Luiz Hildebrando pela Vieira & Lent (2012)
>>> O Corpo Fala - A Linguagem Silenciosa da Comunicação Não-Verbal de Pierre Weli - Roland Tompakow pela Editora Vozes (2024)
>>> Zelota - A Vida E A Época De Jesus De Nazaré de Reza Aslan pela Zahar (2013)
>>> Catador De Papel de Fernando Carraro pela Ftd (2018)
>>> O Espião Que Morreu de Tédio de George Mikes pela Nórdica (1980)
>>> O Misterio De Edwin Drood / Trad: Herminio C. Miranda de Charles Dickens pela Lachatre (2001)
>>> Le Capital 8 Volumes + Lettres Sur le Capital de Karl Marx pela Sociales (1971)
>>> Divinas Mulheres (capa dura) de Ann Shen pela Darkside (2020)
>>> Dicionário de Provérbios e Curiosidades 2ª edição revista e consideravelmente aumentada de R Magalhães Júnior pela Cultrix (1964)
>>> Lendas Do Universo Dc: Mulher Maravilha - Volume 1 de George Pérez pela Panini (2017)
>>> Lendas Do Universo Dc: Mulher Maravilha - Volume 2 de George Pérez pela Panini (2017)
>>> Lendas Do Universo Dc - Mulher Maravilha - Vol. 3 de George Perez pela Panini (2017)
>>> Longman Dicionario Escolar, Ingles-portugues, Portugues-ingles: Para Estudantes Brasileiros de Organizadores pela Longman (2004)
>>> Lendas Do Universo Dc. Mulher-maravilha - Volume 4 de George Pérez pela Panini (2017)
>>> O Viuvo: Romance de Oswaldo França Júnior pela Nova Fronteira (1990)
>>> Orvil Tentativas De Tomada Do Poder de Licio Maciel / José Conegundes do Nascimento pela Schoba (2012)
>>> Batman: Arkham Knight Volume 2 de Peter J. Tomasi pela Panini Comics (2017)
>>> Divina Comédia de Dante Alighieri pela Martin Claret (2002)
>>> Os Sertões de Euclides da Cunha pela L&pm Pocket (2019)
>>> Batman: Arkham Knight de Peter J. Tomasi pela Panini Comics (2015)
>>> Estado Islâmico de Michael Weiss pela Seoman (2015)
BLOGS >>> Posts

Quarta-feira, 24/10/2018
Paes Loureiro, patrono da Feira literária do Pará
Relivaldo Pinho
+ de 2300 Acessos


Imagem: divulgação


João de Jesus Paes Loureiro é o patrono da Feira Literária do Pará deste ano, que começa no sábado, 20 de outubro. É uma homenagem muito merecida para um dos maiores expoentes da literatura da Amazônia e do país.

Influenciado pela leitura em casa, na cidade de Abaetetuba, cedo o escritor se encantaria com o gênero literário pelo qual seria mais reconhecido, a poesia. Encantado com as palavras e com os livros, ele manteria uma relação inseparável entre o ato de ler e escrever que o seguiria durante toda sua maturidade.

Maturidade que começaria a se revelar em sua escrita na década de 1960 com “Tarefa”, seu primeiro livro, fortemente influenciado pelas condições históricas daquele período. Mas a história nunca deixaria de ser uma temática recorrente que marcaria sua extensa produção.

É a história a figurar em sua Trilogia Amazônica em conjunto com o imaginário regional. Nessa obra, está representado não apenas o mito como modo edificante da cultura da região, mas ele está em permanente conflito com a modernização que se anunciava e se fez presente no campo e na cidade.

“Altar em chamas” (1983) é a representação urbana desse entrecruzamento ameaçador que recoloca a aurática Belém do Pará de seus tempos imemoriais, míticos, diante de um presente que não a reconhece, pelo seu abandono e esquecimento.

A incursão mais “metafísica” de Loureiro com “Pentacantos” (1984) e com “O ser aberto” (1990), é composta pelos elementos que fundamentam essa poesia. O ser e o não ser, a aparência que se torna essência, o reencantamento do mundo desencantado.

Eis o fundamento de sua poética que se reflete de modo inseparável em seu trabalho teatral, como em “Ilha da ira” (1976) e teórico, como em “Cultura amazônica: uma poética do imaginário” (1991).

A metáfora recorrente do Ser, mimetizado em seus conceitos de mundamazôniavivência e nas encantarias, são as sínteses conceituais de seu proceder. Desde a infância esse sentimento poético se instauraria, indelevelmente, como uma representação que dialoga com a realidade, não sendo nem “apenas” realidade, nem “totalmente” poesia, mas que a conjuga na mimetização poética como formas de significação de uma, como ele mesmo diz, forma de compressão do mundo pelas palavras, mas também de abertura para o mundo pela leitura.

Suas lembranças, em “Memórias de um leitor amoroso” (1999), já indiciavam prematuramente essa escritura. Sua visão de um objeto tão “simples” como uma folha, ganhara o elemento do “espanto” sublime da realidade e da palavra, que se revelam para a poesia, revelando sempre mais do que eles são.

Escreve o poeta: “Rabiscando a esmo letras, sílabas, com surpresa, eu percebi que na palavra folha, cortando-se o ‘f’, ela se convertia em ‘olha’. Percebi que as palavras escondem palavras, como os frutos escondem os sabores e as sementes. Descascá-las é como saborear novas camadas de significados. Pensei: as folhas são olhos das árvores”.

Nesse pequeno fragmento, que relembra seu encontro na infância com o poético, já se prenunciava o modo pelo qual sua escrita sempre vislumbraria nas coisas, das mais comuns às mais insondáveis, esse jogo de “sfumato”, no qual real e imaginário não possuem distinções rígidas, não são versos inseparáveis.

Esse gradiente de cores culturais e temáticas, de interpretações e leituras, que não define plenamente os aspectos imaginativos e a realidade, mas que os pensa de modo poético-crítico, é a força de sua escrita, de sua interpretação.

É essa concepção poética que atravessará também seu trabalho teórico, buscando identificar nas manifestações culturais a “dominante” que os fundamenta. O imaginário é a dominante, mas também é, fundamentalmente, seu motivo, seu tema.

Por isso, a lenda e a cidade são também deslenda, mito caído, decrepitude e ruínas, redenção e crítica. É nas profundezas dos rios, da cidade, dos céus, do amor, da perda, da dança da bailarina, do ser, que se pode perscrutar seus significados.


Foto: Relivaldo Pinho

Há 15 anos, quando escrevi meu primeiro livro, “Mito e modernidade na Trilogia Amazônica, de João de Jesus Paes Loureiro”, que venceria o Prêmio de melhor Dissertação do Núcleo de altos Estudos amazônicos (NAEA), Paes Loureiro já era um poeta reconhecido e já havia publicado sua tese, seu principal trabalho teórico. Mas ainda carecia de um livro que o analisasse. Fiquei e fico lisonjeado em poder tê-lo feito.

Hoje, essa honra é ainda maior. Especialmente por ver que sua obra é, cada vez mais, merecidamente, reconhecida em vários âmbitos e pelo poeta ainda continuar em plena atividade teórica e literária, sempre com o rigor que cabe aos altivos escritores.


Texto publicado em O liberal, 19 de outubro de 2018 e em Relivaldo Pinho

Relivaldo Pinho é professor e pesquisador.


Postado por Relivaldo Pinho
Em 24/10/2018 às 02h25

Mais Relivaldo Pinho
Mais Digestivo Blogs
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!

* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Grande bazar ferroviário
Paul Theroux
Objetiva
(2004)



Millor no pasquim
Millor Fernandes
Circulo do Livro
(1977)



O Vinho e suas Circunstâncias
Sergio de Paula Santos
Senac
(2003)



fausto / werther / hermann y dorotea / las afinidades electivas (espanhol)
Goethe
El Ateneo
(1953)



A guerra de trinmcheiras França e Flandres 1914 1918
Charles Messeger
Renes
(1978)



Livro Infantil The Class Trip From The Black Lagoon
Mike Thaler
Scholastic
(2002)



Finanças Corporativas 305
José Carlos de Abreu Filho
FGv
(2010)



Princípios de Administração de Pessoal 2
Edwin B. Flippo
Atlas
(1976)



The Little Black Book Of Neurology: Mobile Medicine Series
Osama O. Zaidat; J. Douglas Miles; Alan J. Lerner
Elsevier
(2020)



Teoria e prática do teste Rorschach 600
Isabel Adrados
Vozes
(1980)





busca | avançada
63330 visitas/dia
1,7 milhão/mês