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Segunda-feira,
27/11/2023
Culpa não tem rima
Raul Almeida
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O sentimento de culpa não suporta poesia, verso, prosa, rima.
A culpa não dói. Culpa não machuca, não fere, não deixa marca ou cicatriz.
Culpa tem o seu modo próprio de se fazer presente. Culpa faz chorar, faz sofrer.
O arrependimento, o reconhecimento da falha de caráter, ou compaixão, ou respeito, ou solidariedade, ou amor, ou sinceridade não apaga a culpa.
Se alguém que percebeu uma culpa guardada lá atrás, no fundo das lembranças, pensa que ao arrepender-se apagou o lapso, a falta, enganou-se. Está usando a sua capacidade de ser indiferente, cínico(a), ignorante da realidade da vida. Um dia a culpa volta vestida de passado resolvido, mas volta. Mas nem tudo que volta a memória com ruídos de pequenas culpas, o são.
Travessuras pouco gentis, aventuras com sentimentos recíprocos foram exageros em hormônios e simpatias, brincadeiras sem a força da grande causa, o Amor. Tudo bem quando não deixam guardadas lembranças de promessas entendidas ao pé da letra, por alguém que nem percebeu o acaso ou a fatalidade fazendo blague com a ideia de amor…
A fraude, a inteligência confrontando a ingenuidade da pureza de alguém, aproveitando o acaso para destruir a confiança, a crença de um acreditar verdadeiro e transformar tudo numa mentira fugaz, irresponsável, ou mesmo tenebrosa, a verdadeira culpa, ah, essa nunca morre.
Culpa não produz poesia.
Culpa é a moeda com a qual o remorso paga ao culpado.
Culpa é para sempre. Pode ser guardada em alguma gaveta da memória, e depois destruída com alguma moléstia grave,daquelas que produzem mortos-vivos em fim de ciclo biológico. Os males do cérebro, as degenerações e seus diversos nomes.
Mas a culpa não morre. Nem rima.
Postado por Raul Almeida
Em
27/11/2023 às 21h11
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